O STF suspendeu a
investigação sobre Fabrício Queiroz, o assessor de deputado mais comentado do
país, ex-motorista de Flávio Bolsonaro e que teve movimentação suspeita de R$
1,2 milhões enquanto trabalhava na Alerj.
Mas o fato que permanece
é: os eleitores, digamos, “da família Bolsonaro” não se comportam como a manada
política de pensamento e marcha única do PT. Petistas pensam no partido acima
de algo como o verdadeiro e o bom (e o belo…). Jair Bolsonaro foi chamado de
“mito” enquanto nem pensava em disputar a presidência, além de ter o
slogan “ninguém me chama de corrupto”, justamente porque se colocou fora
dos esquemas, das tramóias e do toma-lá-dá-cá que é a marca do patrimonialismo
brasileiro há séculos.
O imbróglio Queiroz
recebeu uma boa resposta do presidente: Jair Bolsonaro disse que esperava pelas
explicações, e que cortou relações com o antigo amigo da família enquanto elas
não apareciam.
Flávio Bolsonaro, talvez
pela proximidade, não fez o mesmo. Claro que há exageros (Queiroz é usado agora
como “prova de corrupção” até mesmo do próprio Flávio Bolsonaro, justamente
pela esquerda que não enxerga as razões para o impeachment e a prisão de Lula…
e de tudo quanto é petista preso), e talvez uma prévia de explicação que não
foge a algumas esquisitices.
Como negociante de
carros, seria “normal” comprar e vender um carro, digamos, de valor próximo a
R$ 80 mil por mês, e chegar a uma movimentação próxima de R$ 1,2 milhões (600
de entrada, 600 de saída) com pouco mais do que uma venda por mês, sem tanto
lucro retido. Entretanto, quem é do ramo diz que, na prática, apenas as
concessionárias conseguem tal número de vendas – e o mais estranho permanece:
por que as movimentações se davam sempre próximas da data de pagamento da
Alerj, e por que outros funcionários do gabinete de Flávio Bolsonaro faziam
depósitos quase religiosamente cronometrados para Fabrício Queiroz?
Além de tudo, a filha de Fabrício Queiroz, Nathalia
Queiroz, a personal trainer que tirava fotos com personalidades
em horário de expediente e que, descobriu-se, não teve nenhuma falta computada
na Alerj no período, continua sendo uma granada sem o pino. Ainda mais do que a
conta bancária de Queiroz, sua relação com a Alerj (fora sua própria
contratação, junto a outros membros da família de Queiroz) recai na esfera de
responsabilidade do próprio Flávio Bolsonaro.
A mídia, obviamente, faz
de um limão um Oceano Pacífico de Ciroc Lemon Martini. Basta lembrar das
infantis threads que a Folha de S. Paulo está fazendo, agora que descobriu que
a função do jornalismo é criticar o governo, e não succioná-lo e perguntar se
também quer uma massagem. Enquanto os assessores de petistas (assessores ainda no cargo) com somas
que chegam a ser quase 30 vezes maiores são ignorados, de repente todo o
jornalismo trata um assessor como o maior escândalo desde Cabral (com o
petrolão, sempre relativizado pela mídia, fresquinho na memória).
E, de antemão, não é
possível culpar Flávio Bolsonaro (fora sua estranhíssima demora em tomar as
rédeas do caso e exigir explicações ele próprio), em campanha pela presidência
do Senado – menos ainda ignorar ou tratar como contrapeso a todas as
excelentes conquistas do novo governo, sobretudo aquelas que
tanto irritam jornalistas. Foi exatamente para isso que ele foi eleito.
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Senso Incomum
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