O Ministério
Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) está solicitando, mediante ação
pública, que um oratório dedicado a Nossa Senhora Aparecida seja
retirado da Praça Milton Campos, no bairro do Leblon, onde foi construído em
2017 por ocasião dos 300 anos do encontro da imagem original de Aparecida no
Rio Paraíba do Sul em 12 de outubro de 1717. A ação também quer impedir, em
caráter permanente, a construção de novos oratórios nas praças públicas de toda
a cidade do Rio.
Segundo o
MPRJ, a construção é irregular: teria surgido como estrutura temporária, mas a
prefeitura a manteve na praça e, em decorrência, o local passou a receber
cultos públicos.
O que
dizem os defensores do oratório
A paróquia
Santos Anjos, do mesmo Leblon, informa em sua conta no Instagram que “há mais
de 12 anos existe uma tradição religiosa: toda quarta-feira pela manhã o terço
é rezado nesta praça”. De fato, na inauguração do oratório, o pe. Thiago
Azevedo, pároco, tinha declarado ao site da arquidiocese carioca que os
participantes no terço eram, “na maioria, idosos, muitos com dificuldades
para se locomoverem, ou até mesmo enfermos“, razão pela qual surgiu entre
os próprios moradores a iniciativa de erguer ali “um pequeno oratório em
honra a Nossa Senhora Aparecida“.
A
postagem da paróquia prossegue:
“Desde
outubro de 2017, na comemoração dos 300 anos de Aparecida, por meio de um
abaixo-assinado com mais de 1000 assinaturas, conseguimos legalmente
autorização para a instalação do oratório com a imagem, publicado no Diário
Oficial do Município”.
No
entanto, “a denúncia de uma pessoa mobilizou o Ministério Público”: “tal
fato parece-nos um caso típico de intolerância religiosa”.
Padre se
dirige a promotor
O pe.
Augusto Bezerra, da mesma arquidiocese do Rio de Janeiro e bastante
conhecido pelo ativo apostolado nas redes sociais, compartilhou no Facebook a
mensagem que enviou ao promotor Dr. Pedro Rubim Borges Fortes ressaltando que a
ação movida pelo Ministério Público “está sendo interpretada como um
atentado à liberdade religiosa”.
O
sacerdote afirma:
“Os
símbolos religiosos não são mera manifestação de fé. Tais símbolos fazem parte
da história de um povo, de valores de seus cidadãos, são bens materiais e
imateriais para uma gente que sofre, que chora, que reza, principalmente quando
as mãos assassinas de políticos corruptos esmagam suas vidas contra o chão
dessa Terra de Santa Cruz. E, às vezes, é uma prece diante de um símbolo
religioso ou uma mera contemplação de seu significado que lhe dá a força para
não desesperar e para lutar por mais um dia. Entende que aí é muito mais do que
a fé? A sociedade sobrevive diariamente dessa esperança que um pequeno ato de
fé gera! Quantos bens para uma sociedade vêm dessa gente que crê! Já não bastam
seus sofrimentos extenuantes numa nação depredada e quer lhes tirar até o que
lhes consola, conforta, reanima e encoraja?”
“Imagine
se quando o Cristo Redentor estivesse sendo instalado aparecesse um promotor
como o sr. para proibir de ser instalada aquela que um dia se tornaria uma das
7 Maravilhas do Mundo e que aporta ao nosso município não só o símbolo da
esperança e da fé do povo brasileiro, mas riquezas que vêm pelo turismo e gente
de toda parte do mundo para admirar”.
O pe.
Augusto Bezerra acrescenta, por fim, que todos se unirão “para contestar
publicamente a falsa tese de estado antirreligioso que se esconde por detrás do
jargão ‘estado laico’, provando assim a nossa tolerância e convívio pacífico
que estão na base de nossa unidade nacional como estado de direito, garantidor
da liberdade religiosa”.
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Aleteia
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