O jornal italiano
‘Corriere della Sera’ publicou parte do conteúdo da carta que o Papa Francisco
enviou a Nicolás Maduro, depois que o presidente lhe pediu sua mediação na
crise na Venezuela.
Em um artigo publicado
neste dia 13 de fevereiro pelo jornalista Massimo Franco, indica-se que a carta
de duas páginas e meia foi dirigida ao "Excelentíssimo Senhor Nicolás
Maduro". A imprensa internacional destacou este detalhe ao assinalar que o
Papa não se dirigiu a Maduro como "presidente".
Na carta, datada de 7 de
fevereiro, o Santo Padre afirma que outros " tentaram encontrar uma saída
para a crise venezuelana". "No entanto, tudo foi interrompido porque
o que foi acordado nas reuniões não foi seguido por ações concretas para fazer
acordos" e "as palavras pareciam deslegitimar os bons propósitos que
foram postos por escrito".
As palavras do Papa se
referem à participação do Vaticano em 2016 como facilitador do diálogo
–promovido pela UNASUL- entre o governo e a oposição.
A Santa Sé enviou Dom
Paul Tscherrig e, depois, Dom Claudio Maria Celli. No entanto, este último
decidiu, em janeiro de 2017, não voltar para a Venezuela, devido ao fracasso
dos acordos de outubro de 2016.
No dia 11 de fevereiro,
o vice-presidente e secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina,
Guzmán Carriquiry lembrou que esses acordos contemplavam "a abertura de
canais humanitários para sair ao encontro das necessidades da população e
aliviar seus sofrimentos, a convocação dentro de um prazo próximo e realista de
eleições livres e transparentes, o reconhecimento da Assembleia Nacional
(controlada pela oposição), a libertação dos presos políticos e o fim da
violência e repressão".
Na carta divulgada por
‘Corriere della Sera’, Francisco reitera que é a favor da mediação, "não
de qualquer diálogo, mas daquele em uma mesa quando as diferentes partes
envolvidas no conflito colocam o bem comum acima de todos os outros interesses
e trabalham pela unidade e paz".
Os acordos de outubro de
2016 também foram recordados na carta enviada em dezembro daquele ano pelo
Secretário de Estado do Vaticano e ex-núncio na Venezuela, Cardeal Pietro
Parolin.
Na carta do Cardeal
Parolin, diz o Papa, "a Santa Sé assinalou claramente quais eram as condições
para que o diálogo fosse possível" e avançou "uma série de condições
que considerava essencial para o diálogo se desenvolver de uma forma frutífera
e eficaz".
Estas condições,
continuou o Papa, "juntamente com outras que já foram acrescentadas como
resultado da evolução da situação" são mais necessárias do que nunca,
especialmente para "que se evite qualquer derramamento de sangue."
Francisco, indica
‘Corrierre dela Sera’, explica a Maduro que "a situação o preocupa
profundamente" e lhe diz que está preocupado com "o sofrimento do
nobre povo venezuelano, que parece não ter fim".
Sobre a carta vazada
pela imprensa, o Diretor interino da Sala de Imprensa do Vaticano, Alessandro
Gissoti, disse que "a Santa Sé não comenta artigos sobre cartas do Santo
Padre que, obviamente, tem um caráter privado".
A carta do Papa a Maduro
foi divulgada um dia depois de novas manifestações lideradas por Juan Guaidó,
reconhecido como presidente da Venezuela pelos Estados Unidos, União Europeia,
Grupo de Lima, entre outros.
Nicolás Maduro também
organizou uma manifestação para mostrar que conta com apoio dentro do povo
venezuelano.
Em seu discurso diante
de milhares de pessoas, Guaidó anunciou que no dia 23 de fevereiro, a ajuda
humanitária enviada pelos Estados Unidos passará da cidade colombiana de Cúcuta
ao estado de Táchira.
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ACI Digital
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