A tragédia com Ricardo Boechat revelou o pior do ser humano:
hienas tentando rir da morte de quem discordam e abutres procurando lucrar numa
hora de luto
|
A morte trágica e
precoce do jornalista Ricardo Boechat revelou um dos aspectos mais nefastos do Brasil
contemporâneo: pessoas de esquerda e direita que se aproveitaram do acidente
para ganhar dividendos políticos.
Surgiram as hienas, tripudiando sobre
a morte do jornalista, enquanto os abutres
usavam a tragédia para fazer proselitismo ideológico.
É sabido que
basta morrer alguém ou acontecer uma tragédia pra que logo os abutres rodeiem e
façam um escarcéu, para então usar as carcaças em proveito próprio. Desde a
múmia de Lênin é assim. A própria idéia de ‘revolução’ nada mais é do que um
convite à morte.
Porém os abutres
conquistaram a hegemonia no meio cultural, academia, em parte da Igreja etc,
conquistando corações, não mentes. Além de comerem restos mortais, eles constroem uma auto-imagem do bem. Usam palavras como ‘social’, ‘direitos’,
‘igualdade’, ‘ecologia’, ‘justiça’ etc para fomentar na impressão dos demais
uma aura positiva. E isto funciona.
Enquanto as
hienas apenas riem quando encontram comida, a impressão que causam no
espectador é de egoísmo e maldade. As palavras-chave das hienas são ‘individualismo’,
‘liberalismo’, ‘conservadorismo’ etc. As hienas causam repulsa, pois é muito
mais difícil explicar para os abutres que ‘individualismo’, filosoficamente
falando, é diferente de ‘egoísmo’, e fica fácil para os abutres acusar as
hienas de serem ‘malditas conservadoras racistas-fascistas-homofóbicas’.
Não é de hoje que
vivemos numa savana ideológica no Brasil. Muito antes das últimas eleições já
se evidenciava um sectarismo latente entre a sociedade. As eleições foram
apenas um símbolo de uma época, um marco. É certo também que esse sectarismo, a
divisão da sociedade entre ‘nós e eles’, gays contra héteros, negros contra
brancos, mulheres contra homens etc, foi causado pelos abutres, que pensam
deter o monopólio das boas intenções.
É natural que existam
abutres e hienas, por mais repulsivos que sejam, por mais que se odeiem, por
mais que não sejam animais que as pessoas tatuam na pele e tomam como símbolos.
Sua simbologia remete à podridão, à repulsa. Apesar disso, goste-se ou não, as
espécies existem e cumprem alguma função, nem que seja a de inspirar reflexões.
Não entenda errado: não
digo que hienas representam a direita e abutres, a esquerda. Apenas afirmo que
há abutres e hienas no mundo. Muita gente de esquerda não é abutre e muitos de
direita não são hienas.
Precisamos
categorizar nossos inimigos. Há os grandes demônios: Mao, Stalin, Hitler,
Mussolini, etc. Esses podem e devem ser humilhados e expostos. Porém há aqueles
que, devido a qualquer razão ou emoção, podem discordar natural e civilizadamente
entre si. Como afirma Edward Griffin:
“A única coisa que
coletivistas e individualistas têm em comum é que a grande maioria deles é bem-intencionada.
Querem a melhor vida possível para suas famílias, seus compatriotas, e para a
humanidade. Querem prosperidade e justiça para o homem comum. O desacordo está
em como conseguir essas coisas.”
Ou seja, coletivistas
(socialistas, nazistas, fascistas etc) pensam que o estado irá proporcionar as
melhorias almejadas enquanto os individualistas (liberais, conservadores, etc)
preferem pensar que dar poder ao estado é que causa as mazelas. Isto é
aceitável e natural. Aqueles que divergem intelectualmente de nós não merecem o
nosso ódio. Isto é o princípio básico do cristianismo: “Perdoai-os, pois não
sabem o que fazem”.
O fato é que ninguém
quer ser hiena ou abutre. Nós gostamos de cães, gatos, leões, águias, dragões;
até mesmo cobras, aranhas e outros bichos escrotos detêm posição mais
privilegiada no nosso conceito.
Sejamos leões,
dignos, que comem apenas o conquistado através da justa caça. Ou águias, para
voar como os abutres, porém na condição de caçadores com visão aguçada.
Escolher ser abutre ou hiena é feio, indigno e fará você comer carniça por toda
a vida.
Perdão pelo spoiler: na
guerra entre as hienas e os abutres, os últimos vencem, porque as hienas um dia
morrem.
________________________________
Senso
Incomum
Nenhum comentário:
Postar um comentário