Alguns
jornalistas (sempre tem um jornalista pra zoar o coreto) riram de uma
declaração de Bolsonaro, dizendo que vai lutar contra o socialismo no Brasil.
Entre risadinhas em tom de superioridade ao resto de nós, comuns mortais,
afirmaram que é fácil lutar contra o que nunca existiu.
A despeito da declaração
de Bolsonaro (se tivesse dito que lutaria contra o fascismo, jornalistas
estariam fazendo fila para lhe massagear com órgãos impróprios), e apesar de
sua gramática ser óbvia (você não precisa lutar apenas contra o que já está
consolidado, e é vergonhoso ter de explicar isso a… jornalistas), a questão é
realmente interessante: existiu socialismo no Brasil? E podemos chamar o PT de
socialista?
A pergunta exige uma
resposta menos apressada do que aquelas dadas entre risadinhas engraçadinhas de
quem nada entende do assunto – ou, o que às vezes é ainda pior, acha que
socialismo é só o que aconteceu na União Soviética, e nunca leu um autor
socialista contemporâneo, embora tratem-nos como semi-deuses da
intelectualidade acadêmica em seus jornais.
O socialismo mudou muito
desde antes mesmo da Revolução Russa – e o movimento comunista
internacional já pregou coisas díspares, já teve inúmeros rachas, já inverteu
seu norte moral durante a história. Como definir de fato, filosoficamente, o
que é um socialismo? E, além do mais, a esquerda brasileira, consubstanciada no
poder sobretudo com o PT, faz parte do movimento comunista internacional, ainda
que saibamos que o PT não tem Gulag, não tem Holodomor, não criou o Partido
único… embora, na prática, até este último tenha realizado?
Para quem não sabe nada
sobre o socialismo fabiano, Tito, Beatrice e Sidney Webb, a Escola
de Frankfurt, Antonio Gramsci, Ernesto Laclau, o Foro de São Paulo, a
Organização Socialista Internacionalista (hoje chamada de “O Trabalho”) dentro
do PT, o 3.º Congresso do Partido dos Trabalhadores pregando o “Socialismo
Petista”… bem, se não conhece tudo isso, talvez a resposta a essa pergunta, na
vida real, longe de dicotomias fáceis de acadêmicos repetitivos, possa acabar
te surpreendendo.
A produção é de Filipe
Trielli e David Mazzuca Neto no estúdio Panela
Produtora, com produção visual de Gustavo Finger, da Agência Pier. Guten
Morgen, Brasilien!
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Senso Incomum
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