sexta-feira, 3 de maio de 2019

A cruz escondida


Há mais de 620 mil religiosas em todo o mundo. Decidiram entregar a sua vida a Deus e ao próximo. Vivem para servir e rezar. Ninguém imagina como seria a Igreja sem elas. Ninguém imagina como seria a vida em tantos países sem o trabalho, sem a presença destas mulheres enamoradas de Deus. Tudo o que fizermos por elas será sempre pouco. Nada paga o amor gratuito.

Nas cidades ou nos campos. No meio da floresta ou em pleno deserto. Fechadas num convento ou no cimo de uma montanha. Há em todo o mundo mais de 620 mil mulheres consagradas a Deus e ao próximo. São extraordinárias. O que fazem não tem preço. O amor não tem preço. Às vezes, o trabalho das irmãs parece quase insignificante. Ir de casa em casa, de aldeia em aldeia, conversar com as pessoas, conhecer os seus problemas, as suas dificuldades e anseios… Parece simples. Mas não é fácil. Os outros estão sempre em primeiro lugar. Os outros são sempre a razão de ser da vida destas mulheres extraordinárias. São normalmente tão pobres quanto as comunidades em que estão inseridas. No entanto, oferecem verdadeiros tesouros. Um gesto de carinho, um sorriso, um abraço. O silêncio de quem escuta de verdade e conforta. Uma gargalhada inspiradora. Às vezes, um simples olhar. As irmãs oferecem verdadeiros tesouros mesmo quando têm as mãos vazias. Em tantos lugares do mundo, há famílias inteiras que caíram há gerações na pobreza extrema como se fosse uma armadilha. Em tantos lugares do mundo, a sociedade ignora-as, maltrata-as até pela indiferença. A dor dessas pessoas, dos mais pobres, dos indigentes, dos doentes, dos rejeitados pela sociedade é como se não existisse. Mas para as irmãs, para as religiosas, para as mulheres consagradas a Deus, a dor deles dói. E dói de verdade. Os rejeitados da sociedade são os primeiros a abraçar. Como se fosse um dever. Como se fosse uma missão. Até ao fim…



Uma missão que, por vezes, tem levado ao sacrifício das próprias vidas. Dia 4 de Março de 2016: Quatro Missionárias da Caridade foram mortas a tiro no Iêmen por terroristas do Daesh. Tratavam de pessoas com deficiência e idosos. Eram as Irmãs Anselm, Judith, Margarida e Reginette. Dois dias depois, após a oração do Angelus, o Papa Francisco referiu-se a elas como “ mártires”. E acrescentou: “Estas religiosas deram o seu sangue pela Igreja. Foram mortas pela indiferença, por esta globalização da indiferença a quem nada importa.” Dia 16 Maio de 2016: A Irmã Teresa Rackova, da Congregação das Servas do Espírito Santo foi atingida a tiro por elementos do Exército de Libertação do Povo do Sudão. Não resistiu aos ferimentos e morreu dias depois. Dia 7 de Fevereiro de 2017: A Irmã colombiana Cecília Narvaez Argoti foi raptada por um comando jihadista no Mali. Desconhece-se ainda o seu paradeiro. Dia 26 de Outubro de 2018: Cinco irmãs das Missionárias de Marta e Maria são raptadas depois de o carro em que viajavam ter sido atacado. Conseguem ser libertadas dias depois. Agosto de 2014: A Irmã Chantal Pascalina, das Missionárias da Imaculada Conceição, morre infectada pelo vírus do Ébola em consequência do trabalho com as populações da República Democrática do Congo… A lista é quase interminável. Apoiar as mulheres consagradas a Deus faz parte também da missão da Fundação AIS. Nesta Quaresma, todos os secretariados internacionais da Ajuda à Igreja que Sofre iniciaram uma campanha especial de apoio às irmãs. Elas são mulheres extraordinárias que dão o melhor de si em favor dos outros. Tudo o que fizermos por elas será sempre pouco. De facto, nada paga o amor gratuito. Uma em cada 60 irmãs no mundo é apoiada directamente pela Fundação AIS. Elas podem contar consigo?


Paulo Aido
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Agência Ecclesia

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