O Papa Francisco assumiu que o caminho de
prevenção e combate aos abusos sexuais na Igreja Católica tem de ser
irreversível, num novo documento dirigido aos jovens de todo o mundo.
“É impossível voltar atrás”, escreve Francisco,
na exortação apostólica ‘Cristo Vive’, que dá sequência à assembleia do Sínodo
dos Bispos dedicada às novas gerações (outubro de 2018).
O texto sublinha o impacto dos “diversos tipos
de abuso levados a cabo por alguns bispos, sacerdotes, religiosos e leigos” e
pede atenção ao “grito das vítimas”.
Francisco cita o documento conclusivo do
Sínodo 2018 para renovar o “firme compromisso” dos responsáveis católicos
relativamente à “adoção de medidas rigorosas de prevenção” que impeçam que
abusos de “poder, económico, de consciência, sexual”.
“É evidente a necessidade de desenraizar as
formas de exercício da autoridade em que os mesmos se inserem e de contrariar a
falta de responsabilidade e de transparência com que se gerem muitos dos
casos”, realça.
O Papa adverte para a tentação do
“clericalismo”, que leva as pessoas consagradas a “perder o respeito pelo valor
sagrado e inalienável de cada pessoa e da sua liberdade”.
A exortação ‘Cristo Vive’ agradece aos que
“tiveram a coragem” de denunciar o mal que sofreram, antes de assinalar o
trabalho de “inúmeros leigos, sacerdotes, consagrados e bispos que se entregam
diariamente, com honestidade e dedicação, ao serviço dos jovens”.
“Graças a Deus, os sacerdotes que caíram
nesses horríveis crimes não são a maioria, que desempenha um ministério fiel e
generoso. Peço aos jovens que se deixem incentivar por esta maioria”, apela o
pontífice.
Francisco desafia os jovens a intervir quando
identificarem um sacerdote em “risco” de desviar-se do seu rumo.
“Esta nuvem negra converte-se também num
desafio para os jovens que amam Jesus Cristo e a sua Igreja, porque podem
contribuir muito para essa ferida se puserem em risco a sua capacidade de
renovar, de reclamar, de exigir coerência e testemunho, de voltar a sonhar e de
reinventar”, pode ler-se.
O Papa admite que este “não é o único pecado
dos membros da Igreja”, sublinhando que não há que esconder estas falhas
“perante a luz ardente da Palavra do Evangelho, que limpa e purifica”.
“Este momento obscuro, com a valiosa ajuda dos
jovens, pode ser realmente uma oportunidade para uma reforma de carácter
histórico, para a Igreja se abrir a um novo Pentecostes e iniciar uma etapa de
purificação e de mudança que lhe outorgue uma juventude renovada”, acrescenta.
A Exortação apostólica pós-sinodal ‘Cristo
Vive’, dedicada aos jovens, foi assinada a 25 de março, no santuário mariano do
Loreto (Itália), na sequência do Sínodo dos Bispos dedicado às novas gerações,
que decorreu em outubro de 2018, desejando que a Igreja ouça os jovens e os
ajude a encontrar o seu caminho de vida.
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Agência
Ecclesia
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