Como todos os anos, vimos pedir aos nossos
fiéis orações especiais pelos seus Bispos, pois é interesse de todos que os
seus pastores os guiem bem. Porque está acontecendo em Aparecida a 57ª
Assembleia Geral Ordinária da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
na qual estou presente com os outros irmãos no episcopado, demonstrando a nossa
comunhão eclesial efetiva e afetiva, tratando de assuntos importantes para a
Igreja no Brasil.
Durante a Assembleia, os Bispos celebram a
Santa Missa, rezam em comum o Ofício Divino, fazem retiro espiritual e tratam
de assuntos importantes e necessários à vida da Igreja.
A Assembleia desse ano, entre muitos outros
assuntos, tem como tema central as “Diretrizes Gerais da Ação Evangelizadora da
Igreja no Brasil 2019-2023”. Na linha de continuidade com as Diretrizes passadas,
as DGAE 2019-2023 têm como objetivo geral ANUNCIAR A ALEGRIA DO EVANGELHO, no
Brasil cada vez mais urbano, e formar discípulos, em comunidades de fé, saindo
em missão rumo às periferias existenciais, em solidariedade com os pobres,
sofridos e abandonados, no cuidado da casa comum, testemunhando o reino de
Deus.
Cinco urgências foram definidas: estado
permanente de missão; iniciação à vida cristã; animação bíblica da vida e da
pastoral; comunidade de comunidades; serviço à vida plena para todos. Diante da
cultura urbana, cada vez mais abrangente, as DGAE 2019-2023 estão estruturadas
a partir da imagem da comunidade cristã como “casa”, “construção de Deus” (1Cor
3,9). No centro, como eixo, está a Comunidade Eclesial Missionária, sustentada
por “quatro pilares”: Palavra, Pão, Caridade e Missão.
Além dos temas religiosos, a Assembleia trata
de outros assuntos de interesse geral: “A Igreja não pode nem deve tomar nas
suas próprias mãos a batalha política... não pode nem deve se colocar no lugar
do Estado. Mas também não pode nem deve ficar à margem na luta pela justiça.
Deve inserir-se nela pela via da argumentação racional e deve despertar as
forças espirituais, sem as quais a justiça não poderá firmar-se nem prosperar”
(Deus caritas est, n. 28).
Como toda família, a Igreja, divino-humana,
tem seus problemas, devidos à sua parte humana. Jesus disse que o “Reino de
Deus” aqui na terra, a Igreja, é semelhante a uma rede, com peixes bons e maus,
e a um campo com trigo e joio. A depuração será só no fim do mundo.
Essa noção de família é muito importante na
eclesiologia. A Igreja é algo objetivo, fundada por Nosso Senhor sobre os
Bispos, segundo a sucessão apostólica. A Igreja não é um grupo de amigos. “Na Igreja, eu não procuro meus amigos, eu
encontro meus irmãos e minhas irmãs; e os irmãos e as irmãs não se procuram, se
encontram. Esta situação de não arbitrariedade da Igreja na qual eu me
encontro, que não é uma igreja da minha escolha, mas a Igreja que se me
apresenta, é um princípio muito importante. Isto não é minha escolha, como se
eu fosse com tal grupo de amigos ou com outro; eu estou na Igreja comum, com os
pobres, com os ricos, com as pessoas simpáticas e não simpáticas, com os
intelectuais e os analfabetos; eu estou na Igreja que me precede” (Ratzinger,
Autour de la Question Liturgique, Fontgombault, 24/7/2001).
Dom Fernando Rifan
Bispo administrador apostólico da Administração Apostólica Pessoal São
João Maria Vianney.
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