quarta-feira, 9 de outubro de 2019

Dom Erwin Kräutler pede ordenar homens casados e diaconisas na Amazônia


O Bispo Emérito do Xingu (Brasil), Dom Erwin Kräutler, se expressou a favor da ordenação de diaconisas e de homens casados de provada virtude, os chamados viri probati.

Ao ser perguntado sobre a ordenação dos viri probati, o prelado austríaco de 80 anos disse que, no caso da Amazônia, “não há outra possibilidade”.

Segundo Kräutler, “os povos indígenas não entendem o celibato” e, para isso, contou uma historieta:

“A primeira vez que fui, perguntaram se eu tinha mulher e, quando disse que não, eles ficaram com pena de mim”.

 Na segunda vez, continuou o Prelado, ele explicou aos indígenas que sim tinha uma mulher, mas se referia à sua mãe que vivia na Europa a 8000 km dali. “Para o povo indígena, talvez o branco possa ser celibatário, mas para eles é como diz São Paulo na Carta a Timóteo: o homem deve ser casado, esposo de uma só mulher e cuidar primeiramente de sua casa, assim, poderá cuidar da casa maior que é a comunidade”, disse em seguida.

Depois de indicar que não é contra o celibato, o Bispo disse que na situação atual “só pode haver Eucaristia quando há um homem celibatário, do contrário, não. Então, o celibato se sobressai à Eucaristia”.

Falando depois sobre as diaconisas, Dom Kräutler disse que “dois terços das comunidades indígenas (na Amazônia) são coordenadas por mulheres. Então, o que fazemos? Temos que fazer coisas concretas e sonham com o diaconato feminino. Por que não?”.

Dom Erwin Kräutler recordou ainda que ele propôs o tema da ordenação de homens casados ao Papa Francisco em 5 de abril de 2014 e que, naquela oportunidade, também falaram sobre a degradação da Amazônia.

O Bispo Emérito do Xingu é um dos prelados escolhidos pelo Sínodo da Amazônia para fazer parte da comissão de informação.

O Prelado está vinculado à Rede Eclesiástica Pan-Amazônica (REPAM) e defende há anos a ordenação sacerdotal de homens casados.

Em setembro deste ano, o Cardeal Walter Brandmüller fez uma série de críticas ao documento de trabalho do Sínodo e expressou sua preocupação sobre a participação do Cardeal brasileiro Claudio Hummes, que preside a REPAM, instituição que, segundo o Bispo Emérito do Marajó (Brasil), Mons. José Luis Azcona, teve um papel protagonista na redação do texto.

“O fato mesmo de que o Cardeal Hummes seja o presidente e que assim exercerá uma grave influência em sentido negativo, é suficiente para que nossa preocupação seja fundada e realista, ao igual a no caso dos bispos (Erwin) Kräutler, (Franz-Josef) Overbeck, etc.”, escreveu o Cardeal alemão naquela oportunidade.
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ACI Digital

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