«Guarda, pelo Espírito Santo que habita em
nós,
o precioso bem que te foi confiado» (2 Tm 1, 14).
O apóstolo Paulo escreve a Timóteo, seu “filho
na fé” (1)e seu companheiro na ação de evangelização, a quem confiou a
comunidade de Éfeso.
Sentindo que o momento da morte estava prestes
a chegar, Paulo encoraja-o nesta difícil tarefa de guia. É que, na verdade,
Timóteo recebeu um “bem precioso”, isto é, o conteúdo da fé cristã, como os
apóstolos o tinham transmitido, e tem agora, por seu lado, a responsabilidade
de o comunicar fielmente às futuras gerações.
Ora, para Paulo, isso significa proteger e
fazer resplandecer o tesouro recebido, na disposição de dar até a própria vida,
para difundir a alegre notícia que é o Evangelho.
«Guarda, pelo Espírito Santo que habita em
nós,
o precioso bem que te foi confiado» (2 Tm 1, 14).
Paulo e Timóteo receberam o Espírito Santo,
qual luz e garantia para a sua insubstituível função de pastores e
evangelizadores. Através do seu testemunho, e do testemunho dos seus
sucessores, o anúncio do Evangelho chegou até nós.
Da mesma maneira, cada cristão tem uma
“missão” na sua comunidade social e religiosa: construir uma família unida,
educar os jovens, dedicar-se seriamente na política e na profissão, cuidar de
pessoas frágeis, iluminar a cultura e a arte com a sabedoria do Evangelho
vivido, consagrar a vida a Deus para o serviço dos irmãos.
Aliás, e de acordo com as palavras do Papa
Francisco aos jovens, «[…] cada homem e cada mulher é uma missão […]» (2). O
mês de outubro de 2019 foi proclamado pela Igreja Católica “Mês missionário
extraordinário”. Isso pode ser para nós uma ocasião de renovar conscientemente
o compromisso de testemunhar a nossa fé, com o coração aberto e dilatado pelo
amor evangélico que gera acolhimento, encontro e diálogo (3).
«Guarda, pelo Espírito Santo que habita em
nós,
o precioso bem que te foi confiado» (2 Tm 1, 14).
Cada cristão é “templo” do Espírito Santo, que
nos ajuda a descobrir e a guardar os “bens preciosos” que o Senhor nos confia,
para que os façamos crescer e os ponhamos ao serviço de todos. O primeiro
destes “tesouros” é a fé no Senhor Jesus. É preciso que nós cristãos a
despertemos e alimentemos com a oração, para depois a comunicarmos através do
testemunho da caridade.
J. J., um sacerdote recém-ordenado, conta-nos:
«Foi-me confiado o serviço dos fiéis numa grande igreja católica, numa
metrópole brasileira. O ambiente social é muito difícil e é frequente encontrar
pessoas que não têm qualquer identidade religiosa definida, e que, por isso,
tanto vão à missa como a antigas cerimónias tradicionais. Tenho consciência de
que sou o responsável pela transmissão da fé cristã na fidelidade ao Evangelho,
mas anseio também que todos se sintam bem recebidos na paróquia. Pensei que,
para valorizar as raízes culturais destas pessoas, a celebração da missa
deveria ser mais festiva, animada por instrumentos musicais típicos das respetivas
culturas. Trata-se de um grande desafio, que faz com que todos se sintam mais
felizes, porque, em vez de dividir a comunidade, nos une a todos naquilo que
temos em comum, isto é, a fé no mesmo Deus que nos dá a alegria».
«Guarda, pelo Espírito Santo que habita em
nós,
o precioso bem que te foi confiado» (2 Tm 1, 14).
Um outro tesouro inestimável, que recebemos do
próprio Jesus, é a sua palavra, a Palavra de Deus. Este bem «[…] acarreta para
nós uma grande responsabilidade […]. Deus deu-nos a sua Palavra para que a
fizéssemos frutificar. Ele quer ver concretizada, na nossa vida e na nossa ação
no meio do mundo, aquela transformação profunda que a Palavra produz. […] Como
poderemos viver a Palavra de Vida deste mês? Amando a Palavra de Deus,
procurando conhecê-la cada vez melhor e, sobretudo, pondo-a em prática com a
máxima generosidade, de tal maneira que ela se torne realmente o alimento
principal da nossa vida espiritual, o nosso mestre interior, o guia da nossa
consciência, o ponto de referência inabalável de todas as nossas escolhas e de
todas as nossas ações. […] Existe uma grande desorientação e confusão nas
consciências. Tudo tende a relativizar-se e a ofuscar-se. Vivendo a Palavra de
Deus não só estaremos protegidos contra este grave perigo, mas − segundo a significativa expressão de Jesus (cf. Mt 5, 15-16) – seremos
como lâmpadas acesas que, com a sua luz, ajudarão também os outros a
orientarem-se e a reencontrar o caminho certo» (4).
Letizia Magri
1)1 Tm1, 2;
2)cf. FRANCISCO, Mensagem para o Dia Mundial das Missões 2018; 3)Para
mais informações, ver www.october2019.va; 4)C.
Lubich, Palavra de Vida, ed. Movimento dos Focolares, outubro de 1991, pp. 1-2.
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Movimento dos Focolares
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