Depois de 75 anos, neste domingo, 9 de agosto,
recordou-se, o dia em que, já no final da Segunda Guerra Mundial, os aliados
lançaram a segunda das bombas atômicas sobre o território japonês.
Desta vez o alvo não era mais Hiroshima. Ela
ainda enterrava seus mortos, fazia um computo das destruições de seus
edifícios, contemplava fatos miraculosos, chorava seus mártires cristãos.
Desta vez a segunda bomba atômica da história
seria lançada pelos norte-americanos sobre Nagasaki; uma cidade japonesa com
uma florescente comunidade católica e que já tinha uma rica história de
mártires cristãos mortos por ódio à fé nos séculos XVI e XVII.
No dia em que foi lançada a bomba atômica que
chamaram de “FAT Man”, a comunidade católica de Nagasaki era composta por cerca
de 63 mil almas das quais dois terços morreram.
O que dizem ter levado Nagasaki a ser atacada no lugar de Kokura
Depois da destruição de Hiroshima no dia 6 de
agosto de 1945, o alto comando militar americano tinha seu olhar colocado sobre
a cidade de Kokura e sua intenção era destruí-la.
Mas, afirma-se ainda hoje que mudanças
climáticas fizeram com que Kokura fosse poupada e Nagasaki sacrificada.
Naquela época, Nagasaki tinha 240 mil
habitantes.
A bomba atirada sobre ela não caiu no centro
da cidade, como era previsto; mas, mesmo assim, seu efeito foi devastador: de
repente foram assassinadas 75 mil pessoas.
E nos dias seguintes o mesmo número de pessoas
morreu como consequência de lesões e doenças ocasionadas pela radiação atômica.
Uma pergunta: por que a bomba foi lançada sobre a cidade onde o
catolicismo mais florescia?
Essa pergunta várias pessoas a fazem, quando
se considera que Nagasaki foi importante centro do catolicismo no Japão,
impulsionado pelos missionários jesuítas e franciscanos.
Mas essa pergunta foi feita também por figuras
expressivas no cenário não só histórico, mas religioso.
Relembrando as perseguições aos católicos, em
livro de memórias de 2007, o Cardeal Giacomo Biffi recorda o forte impacto que
teve nele, em 1945, a notícia das bombas atômicas lançadas sobre o Japão.
E, daí nasceu a pergunta:
“Vamos supor que as bombas atômicas não
tivessem sido jogadas ao azar. Essa pergunta se torna inevitável: por que foi
escolhida para a segunda bomba, entre todas, precisamente a cidade do Japão
onde o catolicismo, além de ter a história mais gloriosa, estava mais difundido: sucesso, perseguição, martírio, glória, desde o século XVI
Desde o século XVI, Nagasaki foi importante
centro do catolicismo no Japão, impulsionado pelos missionários jesuítas e
franciscanos.
A perseguição aconteceu quase de maneira
imediata e foi uma resposta ao sucesso missionário, recorda o Cardeal Giacomo
Biffi.
“Eu pensava em falar do tema de Nagasaki.
Havia encontrado repetidamente sobre este tema no ‘Manual de história das
missões católicas’, de Giuseppe Schmidlin, três volumes publicados em Milão em
1929. Desde o século XVI surgiu a primeira comunidade católica sólida em
Nagasaki (Japão)”.
“Em Nagasaki – assinalou – no dia 5 de
fevereiro de 1597, trinta e seis mártires (seis missionários franciscanos, três
jesuítas japoneses e vinte seis leigos) entregaram a vida por Cristo e no ano
1862 foram canonizados por Pio IX”.
Mais tarde, “quando retomaram a perseguição em
1637, foram assassinados cerca de trinta e cinco mil cristãos. Depois, a
pequena comunidade começou a reunir-se nas catacumbas, separada do resto da
catolicidade e sem sacerdotes; mas não foi extinta”.
Deste modo, em 1865 “o Pe. Petitjean descobriu
esta ‘Igreja clandestina’, que foi divulgada depois de comprovarem que ele
vivia o celibato, que era devoto de Maria e obedecia ao Papa de Roma; e sendo
assim a vida sacramental foi retomada regularmente”.
Quase vinte anos depois, em 1889 “foi
proclamada a plena liberdade religiosa no Japão, e todo refloresce.
No dia 15 de junho de 1891 foi criada
canonicamente a diocese de Nagasaki, a qual em 1927 recebeu Dom Hayasaka como
primeiro bispo japonês que foi consagrado pessoalmente por Pio IX.
Giuseppe Schmidlin, em seus três volumes
históricos informa que em 1929, dos 94.096 católicos japoneses, cerca de 63.698
eram de Nagasaki”.
Nagasaki tinha 63 mil católicos e a pergunta
do cardeal merece resposta
Isto significa que 16 anos antes da explosão
atômica, viviam em Nagasaki aproximadamente mais de 63.000 fiéis. Desta forma,
logo após este breve resumo do catolicismo nesta cidade, o Cardeal escreveu:
“Vamos supor que as bombas atômicas não
tivessem sido jogadas ao azar. Essa pergunta se torna inevitável: por que foi
escolhida para a segunda bomba, entre todas, precisamente a cidade do Japão
onde o catolicismo, além de ter a história mais gloriosa, estava mais difundido
e afirmado? ”. (JSG)
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Gaudium Press
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