A carta que o apóstolo Paulo escreveu aos
cristãos de Roma é um texto extraordinariamente rico de conteúdo. De facto,
Paulo revela aqui a força do Evangelho na vida das pessoas que o acolhem, a
revolução que este anúncio traz: o amor de Deus liberta-nos!
Paulo fez esta experiência e quer
testemunhá-la, com as palavras e com o exemplo. A sua fidelidade ao chamamento
de Deus vai levá-lo precisamente a Roma, onde terá a ocasião de dar a vida pelo
Senhor.
“Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?”
Pouco antes, Paulo tinha afirmado: «Deus está
por nós». (1) Para ele, o amor de Deus por nós é o amor do Esposo fiel, que
nunca abandonará a sua esposa, a quem se ligou livremente com um vínculo
indissolúvel, à custa do seu próprio sangue.
Portanto, Deus não é um juiz, pelo contrário,
é Aquele que assume a nossa defesa.
Por isso, nada nos poderá separar de Deus,
porque nos encontrámos com Jesus, o seu Filho amado.
Nenhuma dificuldade, grande ou pequena, que
possamos encontrar, em nós e fora de nós, é um obstáculo intransponível para o
amor de Deus. Pelo contrário, diz Paulo, é precisamente nestas situações que
todo aquele que confia em Deus e a Ele se entrega sai “super-vencedor” .(2)
Neste nosso tempo de super-heróis e
super-homens, que têm a pretensão de querer vencer tudo com a arrogância e o
poder, a proposta do Evangelho é a mansidão construtiva e a abertura às razões
dos outros.
“Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?”
Para poder compreender e viver melhor esta
Palavra, pode-nos ajudar a sugestão de Chiara Lubich: «Claro que nós
acreditamos, ou, pelo menos, dizemos que queremos acreditar no amor de Deus.
Mas muitas vezes […] a nossa fé não é tão corajosa como deveria ser […] nos
momentos de provação, como nas doenças ou nas tentações. Facilmente nos
deixamos invadir pela dúvida: «Será mesmo verdade que Deus me ama?». Mas não,
não devemos duvidar! Temos que nos abandonar confiadamente, sem reservas, no
amor do Pai. Temos que vencer a escuridão e o vazio que possamos encontrar,
abraçando bem a cruz. Depois, lançarmo-nos a amar a Deus, fazendo a Sua
vontade, e a amar o próximo. Se assim fizermos, experimentaremos, juntamente
com Jesus, a força e a alegria da ressurreição. Verificaremos como é verdade
que, para quem crê e se abandona no Seu amor, tudo se transforma: o negativo
torna-se positivo, a morte torna-se nascente de vida e das trevas veremos
despontar uma luz maravilhosa». (3)
“Quem poderá separar-nos do amor de Cristo?”
Até na sombria tragédia da guerra, quem
continua a acreditar no amor de Deus pode abrir clareiras de humanidade: «O
nosso país encontra-se numa guerra absurda, aqui nos Balcãs. Ao meu esquadrão
chegavam também soldados vindos da linha da frente, com imensos traumas porque
tinham visto morrer parentes e amigos diante dos seus olhos. Eu não podia fazer
mais nada senão amá-los, pessoalmente, como conseguia. Nos raros momentos de
pausa, procurava falar-lhes do muito que se tem na alma nestas circunstâncias,
chegando a falar-lhes até de Deus, mesmo se muitos deles não acreditavam. Num
destes momentos de diálogo, fiz a proposta de chamar um sacerdote para celebrar
a Missa. Todos aceitaram e alguns quiseram confessar-se, mesmo se há vinte anos
não o faziam. Posso dizer que Deus estava ali connosco».
Letizia Magri
1) Rom
8, 31. 2) cf. Rom 8, 37. 3) C. Lubich, Palavra de Vida de agosto de 1987, in
Parole di Vita, a/c Fabio Ciardi (Opere di Chiara Lubich 5), Città Nuova, Roma
2017, p. 393.
_____________________
Movimento dos Focolares
Nenhum comentário:
Postar um comentário