quarta-feira, 5 de agosto de 2020

Canadá: "Mais restrições às igrejas do que a cassinos, bebidas alcoólicas ou maconha", diz Cardeal de Quebec



O Cardeal Arcebispo de Quebec (Canadá), Gérald Cyprien Lacroix, está há meses tentando dialogar e colaborar com as autoridades regionais na luta contra o coronavírus, mas reclama que nunca consegue falar com seus representantes e que a Igreja se inteira das medidas tomadas da boca de terceiros ou pela imprensa.

O cardeal protesta que as restrições para as missas públicas são, atualmente, ainda mais rigorosas do que para as atividades nos cassinos ou para adquirir bebidas alcoólicas ou maconha.

“Desde o início – e ao longo dos últimos meses – temos sido bons jogadores, querendo fazer a nossa parte para o bem de todos, colaborando no esforço coletivo em tempos de crise. Era necessário ser solidário e nós o fomos”, disse o cardeal na recente missa da festa de Santa Ana, padroeira de Quebec.

“As autoridades não nos levam a sério”

Mas, ele denuncia: “as autoridades do governo não nos levam a sério”. Eles ignoram a existência das comunidades católicas. “Em nenhum momento conseguimos estabelecer um diálogo franco e direto com o governo e os funcionários da saúde pública” em Quebec. Os contatos com as autoridades foram feitos por meio de terceiros, e os bispos só se inteiram das normas quando publicadas pela imprensa.

Desde 22 de junho, são permitidas até 50 pessoas para participar da missa, apesar de o Departamento de Saúde Pública de Quebec detalhar que esse número não é um limite estrito.

A partir dessa data, exige-se uma distância de dois metros entre os paroquianos, a lavagem das mãos, a desinfecção dos lugares e a distribuição da comunhão na mão a uma distância máxima, sem troca de palavras.

O cardeal Lacroix denuncia que as reuniões nos “pequenos salões” das funerárias logo foram normalizadas, mas não nas grandes igrejas. Ele acredita que isso “semeou muita incompreensão”. 

A maconha é “serviço essencial” e a missa não?

Além disso, as vendas de bebidas alcoólicas e maconha foram incluídas na lista de serviços “essenciais” das autoridades de Quebec. No entanto, “comunidades de fé, que certamente podemos considerar um serviço essencial para a comunidade, foram praticamente ignoradas”. Sem mencionar os cassinos que podem acomodar até 250 pessoas em locais menores que as igrejas. “Isso não se entende”, desabafou o cardeal.

O cardeal defende, em nome dos católicos, “o direito de serem considerados com respeito e não ignorados ou relegados” e denuncia “a timidez com que nosso governo evita qualquer diálogo aberto e sereno com os líderes das comunidades de fé. Não parece saudável para nossa sociedade de Quebec”.

Lamentando “restrições que excedem o razoável”, o cardeal conclui: “Não abusem de nossa paciência e deixem de ignorar nossa existência e nosso senso de responsabilidade”.
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Gaudiumpress
Religionenlibertad

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