O delegado para a educação da Diocese de Hong
Kong pediu aos diretores das escolas católicas que ensinem a polêmica lei de
segurança nacional, que pune a subversão para fins políticos contra o governo e
que tem, entre as suas penas, a prisão perpétua.
Segundo Asia News, o delegado diocesano Peter
Lau enviou uma carta aos diretores de cerca de 200 escolas católicas de Hong
Kong, na qual pediu que os colégios ajudem os alunos a entender a nova lei, o
respeito à bandeira e o hino nacional, assim como incentivar “os valores de sua
identidade nacional”.
Lau também pediu que nas escolas não haja
“politização” nem “promoção de mensagens políticas, posições ou perspectivas
unilaterais”.
Para isso, explica, cada escola deveria ser
dotada de um “mecanismo” de verificação do “ensino, lição de casa e material
didático” utilizado nas aulas.
A carta foi enviada algumas semanas antes do
início do ano letivo previsto para setembro e depois de uma carta enviada pela
Secretaria de Educação no mês passado, com mensagens semelhantes para evitar a
“politização” dos alunos.
A secretária de educação, Ingrid Yeung, pediu
às escolas que parassem com as atividades políticas de seus estudantes e
incentivou a suspender os acusados de "motins" ou "incêndios criminosos".
Entre os mais de 9 mil presos nos protestos de
junho, mais de 3.700 eram estudantes. 45% de ensino médio, ou seja, mais de
1.670.
A Diocese de Hong Kong explicou que o pedido
em sua carta é mais uma "sugestão do que uma imposição".
Além disso, a carta, como indicou um
sacerdote, especifica que “[os alunos] devem ser formados para ter uma
compreensão correta da identidade nacional, seguindo a doutrina social da
Igreja”.
Um jovem citado por Asia News escreveu em uma
rede social que “não querem a politização das escolas, mas exigem a compreensão
da lei de segurança. São eles que trazem a politização para a escola”.
A nova lei de segurança nacional
Em 1º de julho, a polêmica e nova "lei de
segurança nacional" foi introduzida em Hong Kong. Alguns analistas
acreditam que isso terá um impacto negativo.
Segundo a nova lei, uma pessoa que seja
condenada por secessão, subversão, terrorismo ou conspiração com forças
estrangeiras receberá um mínimo de 10 anos de prisão, com possibilidade de
prisão perpétua.
A definição de terrorismo contemplada neste
novo regulamento inclui incêndio criminoso e atos de vandalismo em transporte
público "que visem intimidar o governo de Hong Kong ou o governo chinês
para fins políticos".
O Cardeal John Tong Hon, administrador da
diocese, expressou apoio à nova norma, dizendo que ela não é uma ameaça contra
a liberdade religiosa.
O Bispo Emérito de Hong Kong, Cardeal Joseph
Zen ze-kiun, disse por sua vez que considera "incorreto" que o
governo incentive as pessoas a falar em apoio à lei antes que todos os detalhes
sejam revelados, mas reconheceu que seu sucessor está em uma situação
"difícil"
"Por um lado, será um grande problema se
não apoiamos o governo. Nunca sabemos o que farão à nossa Igreja", disse o
Cardeal Zen. "Por outro lado, (o cardeal Tong) desapontou muitos na
Igreja, ao dar o seu apoio" ao governo.
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Publicado originalmente em ACI Prensa.
Traduzido e adaptado por Nathália Queiroz.
ACI Digital
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