A nossa Arquidiocese se alegra neste dia de 20 de
janeiro, pois temos a graça de celebrar o dia do nosso Padroeiro, ainda mais em
alusão aos 450 anos de fundação de nossa cidade de São Sebastião do Rio de
Janeiro. Este Santo-homem que viveu com coragem e foi um anunciador da verdade,
que é o Cristo. A cidade está ligada ao seu Padroeiro desde a sua fundação e,
além dos dados históricos, a vida de São Sebastião é inspiração para todos os
que aqui vivem. Vale a pena refletir sobre a sua vida.
Sebastião nasceu em Narbonne; os pais eram oriundos
de Milão, na Itália, do século terceiro. São Sebastião, desde cedo, foi muito
generoso e dado ao serviço. Recebeu a graça do santo batismo e zelou por ele em
relação à sua vida e à dos irmãos.
Ao entrar para o serviço no Império como soldado,
tinha muita saúde no físico, na mente e, principalmente, na alma. Não demorou
muito, tornou-se o primeiro capitão da guarda do Império. Este grande homem de
Deus ficou conhecido por muitos cristãos, pois, sem que as autoridades
soubessem – nesse tempo, no Império de Diocleciano, a Igreja e os cristãos eram
duramente perseguidos, havia a intolerância religiosa – era defensor da verdade
no amor apaixonado a Deus! Nos meios pagãos e mesmo no endeusamento do
imperador, os cristãos adoravam o Deus uno e trino.
Esse mistério o levava a consolar de maneira
secreta e sábia os cristãos que eram presos; uma evangelização eficaz pelo
testemunho. São Sebastião tornou-se defensor da Igreja como soldado, como capitão
e também como apóstolo dos confessores, daqueles que eram presos. Também foi
apóstolo dos mártires, os que confessavam Jesus em todas as situações,
renunciando à própria vida. O coração de São Sebastião tinha esse desejo:
tornar-se mártir. E quando denunciado como cristão, lá estava ele, diante do
imperador furioso. Mas nosso santo deixou claro, com muita sabedoria, auxiliado
pelo Espírito Santo, que mesmo sendo um bom soldado era um cristão convicto.
Condenado à morte, São Sebastião recebeu as flechas
para que, agonizando devagar, pudesse renegar a sua fé e adorar ao augusto
Imperador, que se autoproclamava deus. Mas ele foi salvo por seus companheiros
cristãos. Curado, comparece diante do Imperador e novamente professa a sua fé
em Jesus Cristo Ressuscitado. E ele admoesta o Imperador que deveria se
converter ao Cristo, renunciando aos ídolos e às paixões desordenadas. O
Imperador, num ímpeto de fúria e de raiva, determinou aos seus guardas que
matassem Sebastião a cacetadas, atirando-lhe pedaços ou bolas de chumbo.
Aqui está a novidade: mesmo tendo sofrido com as
flechadas, mesmo tendo passado quase pela morte física, Sebastião teve a
coragem de denunciar os desmandos e a idolatria do Imperador Diocleciano.
Relativizou a sua vida humana para ganhar a vida eterna. Inscreveu com o seu
sangue, no livro da vida, o testemunho vivaz de Sebastião que fez florescer na
Igreja nascente o autêntico seguimento de Cristo, no despojamento total, na
confiança absoluta somente em Deus.
Neste dia em que celebramos São Sebastião, Patrono
da Agricultura, da Pecuária, patrono das Polícias, das Forças Públicas de
Segurança, das Forças Armadas e do Rio de Janeiro, supliquemos ao glorioso
Mártir que interceda por todos nós para que sejamos, como ele, testemunhas da
esperança num mundo cansado e desesperançado. Que, animados pelo Espírito,
vivamos contagiando com o bem as pessoas ao nosso redor. Assim, propomos a
todos a construção de um mundo de paz e entendimento na fraternidade que nos
deve unir, e na esperança a que a fé nos indica. Que sejamos sinais de que
podemos conviver uns com os outros, que vivemos o perdão e a reconciliação e
até o amor ao inimigo. E, inspirados por nosso Padroeiro, possamos ver o fim
das guerras, não somente a guerra urbana, as guerras intercontinentais ou
étnicas, mas a guerra silenciosa que destrói o outro, que joga o outro no
precipício.
São Sebastião denunciou as incongruências do
Imperador, mas o chamou à conversão. O mal campeia o mundo, as pessoas são
livres para serem maldosas. Mas o cristão não pode carregar o mal no seu
coração e nem nas suas atitudes. Peçamos ao glorioso Mártir que nos ajude a
testemunhar e viver o amor, o perdão, a caridade e a renúncia, sempre em favor
da vida e da acolhida do irmão.
Que neste Ano da Esperança, em que a nossa cidade
completa 450 anos, façamos o propósito de presenteá-la com o testemunho de
esperança que contagia todos os seus habitantes a construir a civilização do
amor. Temos certeza de que São Sebastião nos ajudará com suas preces.
Oremos: São Sebastião, corajoso missionário em
tempos difíceis, testemunha do Evangelho através da própria vida, dedicado
amigo dos cristãos perseguidos, protetor contra a violência as doenças e as
guerras! São Sebastião, padroeiro de nossa cidade intercedei por nós junto ao
Pai a fim de que, inspirados por vosso testemunho, nos tornemos a cada dia
firmes no caminho do bem, perseverantes na prática das virtudes, fiéis
mensageiros do amor de Deus, construtores da justiça e da paz, consolo e ânimo
dos que sofrem, defensores dos aflitos, solidários na dor e nos tormentos,
instrumentos constantes de evangelização. Amém!
Cardeal Orani
João Tempesta
Arcebispo de
São Sebastião do Rio de Janeiro (RJ)
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