Francisco está certo e eles errados. |
Finalmente
a mídia começou a criticar o Papa Francisco.
Demorou,
visto que o papa representa o exato oposto daquilo pelo que se batem os donos
das grandes empresas jornalísticas.
Desde o
primeiro momento de seu pontificado, Francisco tomou o partido dos pobres. Em
quase todos os seus pronunciamentos, ele investe contra a desigualdade social.
Francisco
captou magistralmente o Zeitgeist, o espírito do tempo. Com sua pregação
vigorosa e ainda assim bem humorada pela igualdade ele retirou o Vaticano das
sombras da irrelevância em que sucessivos papas inoperantes o atiraram.
O motivo
encontrado pela mídia para atacá-lo foram suas declarações sobre os limites da liberdade de expressão, no rastro do caso do jornal Charlie Hebdo.
Evidentemente,
Francisco está certo e seus críticos errados.
A
liberdade de expressão tem limites. Isso não significa aprovar o massacre dos
cartunistas, como aliás fez questão de dizer Francisco.
Mas que
há limites, isso é inegável.
Há cem
anos, aproximadamente, o juiz americano Oliver Wendell Holmes, da Suprema
Corte, colocou isso brilhantemente.
Você não
pode gritar fogo num auditório cheio e depois alegar liberdade de expressão,
escreveu Holmes. (Outra frase de Holmes que colide com nossos barões da
sonegação: “Imposto é o preço que pagamos por uma sociedade civilizada.”)
Hoje, na
maior parte dos países ocidentais desenvolvidos, você pode ser enquadrado como
defensor do terrorismo caso diga ou escreva certas coisas.
Indo para
o mundinho cotidiano das redações das companhias jornalísticas brasileiras, a
liberdade de expressão de cada jornalista significa a concordância com a
essência das ideias dos donos.
É uma
regra não escrita, e não admitida pelos colunistas, mas é perfeitamente
entendida, respeitada, acatada e seguida.
É o
chamado colunismo patronal, ou chapa branca, ou pelego. Ironicamente, os
colunistas patronais são aqueles que mais lançam acusações contra jornalistas
independentes do mundo digital.
É como se
estivessem olhando o espelho. Sua função é defender os interesses econômicos
dos patrões e amigos.
O papa já
manifestou desprezo por este tipo de mídia. Ele sabe quanto ela contribuiu para
a desigualdade econômica, da qual tira um proveito indecente.
Francisco
é uma voz poderosa contra tudo isso. Por isso é atacado. Quanto mais ele for
atacado, melhor ele estará fazendo o precioso trabalho de combater a iniquidade
que envergonha o Brasil e, de forma geral, a humanidade.
Que
venham mais pancadas contra ele por parte dos colunistas patronais, portanto.
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DCM: Diário do Centro do Mundo
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