O que sabemos de São José? Muito pouco, porém o
suficiente.
Os evangelhos de Mateus e Lucas nos falam que José
era descendente de Davi e que residia no povoado de Nazaré, na região da
Galileia. Informam-nos ainda que José tinha como profissão o ofício de
“tekton”. Essa palavra grega, língua na qual os evangelhos foram escritos, não
indica sem mais nem menos a profissão de carpinteiro, como comumente a tradição
tem identificado a profissão de José. Naquele tempo, as profissões não eram tão
especificadas. “Tekton” indicaria, antes, um profissional envolvido na
construção civil, que trabalhava tanto com madeira como com pedra. Além disso,
pesquisas arqueológicas recentes indicam que, no tempo de Jesus, os
profissionais da construção civil, durante a época do plantio e da colheita,
dedicavam-se também à agricultura.
Lucas diz que “ao iniciar seu ministério, Jesus
tinha cerca de trinta anos” e que “Ele era, segundo se pensava, filho de José”
(Lc 3, 33). Marcos não cita o nome de José, mas nos dá uma informação preciosa
(6, 3) a respeito de Jesus, a saber, que ele exerceu a mesma profissão de José.
Por ocasião da visita de Jesus a Nazaré, seus conterrâneos, tentando
desqualificar sua pregação, exclamaram: “Não é ele o carpinteiro (tekton), o filho
de Maria?”. O fato é que temos um período de trinta anos no qual, tirando o
episódio da perda do adolescente Jesus no templo, nada mais foi registrado. A
tradição cristã – corroborada pelos evangelhos que, em nenhum momento, citam o
nome de José durante a vida pública de Jesus – tem sido unânime em afirmar que
José teria morrido antes de Jesus se tornar um pregador ambulante.
Em termos teológico-espirituais, o evangelho de
Mateus diz que José “era um homem justo”. Nessa curta expressão – usada mais vezes
na Bíblia –, podemos entender que José era um homem honesto, correto,
transparente, temente a Deus, em suma, um homem santo.
Guiado por agudo senso teológico, o Povo de Deus,
em todos os tempos e lugares, tem dedicado a São José um grande carinho e devoção.
Também aqui no Maranhão. Quem não conhece, ao menos de ouvir falar, o Santuário
de São José do Ribamar, localizado na cidade do mesmo nome? Lá podemos
admirar muitas coisas. Primeiro, a imagem oficial, no interior do santuário,
que mostra José, Maria e, no meio, o menino Jesus. São José, de botas, segura a
mão do menino. Na praça, em frente à igreja, um conjunto de imagens,
organizadas em estações, representam algumas cenas da vida de São José. É o
chamado “Caminho de São José”. E, bem na ponta, em frente ao mar, ergue-se a
enorme estátua de São José, segurando pela mão o menino Jesus.
Uma das primeiras decisões do papa Francisco, após
sua escolha para o pontificado, foi a de incluir nas orações eucarísticas
(cânones) o nome de São José. Devemos entender esse gesto não como algo
secundário e sem importância. O papa quer lembrar à Igreja que Deus cuida de
nós, que envia seus anjos para nos tomar pela mão e nos conduzir. Exemplo disso
é São José, o protetor da Sagrada Família.
Portanto, repitamos neste mês de março: São José,
rogai por nós!
Dom José
Belisário da Silva
Arcebispos
de São Luís do Maranhão
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