sexta-feira, 31 de maio de 2019

Netflix quer boicotar o Estado da Geórgia por não permitir que seus bebês sejam assassinados

Os conservadores da Georgia, em resposta a Netflix, ameaçaram cancelar as suas assinaturas e ir para a concorrência

O governador republicano da Georgia, Brian Kemp, assinou uma lei, no dia 07/05, que proíbe o aborto de fetos que já possuem batimentos cardíacos.

Devido a esse lei, a Netflix ameaça tirar os investimentos do Estado da Georgia, o que acarretaria em não produzir mais filmes e séries no Estado.

Ted Sarandos, chefe de conteúdo da Netflix, afirmou a revista Variety:

“Temos muitas mulheres trabalhando em produções na Geórgia, cujos direitos, juntamente com milhões de outros, serão duramente restringidos por esta lei”

Tragédia no México: 21 peregrinos morrem depois de visitarem a Basílica de Guadalupe


A tristeza tomou conta do México depois que 21 pessoas morreram e 30 ficaram feridas em um acidente na região conhecida como Cumbres de Maltrata. As vítimas eram peregrinos pertencentes à Arquidiciocese de Tuxtla Guitérrez.

Eles tinham ido até a Cidade do México para visitar a Basílica de Guadalupe. Quando voltavam para casa, o ônibus em que viajavam perdeu os freios, bateu contra um caminhão e pegou fogo.

Nas redes sociais, fotos dos peregrinos na Basílica, e também as imagens assustadoras do terrível acidente.

Papa Francisco incentiva Patriarca Daniel e Igreja Ortodoxa da Romênia a "caminhar juntos"


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À ROMÊNIA
(31 DE MAIO - 2 DE JUNHO DE 2019)

ENCONTRO COM O PATRIARCA DANIEL E O SÍNODO PERMANENTE DA IGREJA ORTODOXA
Bucareste- Patriarcado Ortodoxo
Sexta-feira, 31 de maio de 2019

Beatitude, venerados Metropolitas e Bispos do Santo Sínodo,

Cristos a înviat! [Cristo ressuscitou!] A ressurreição do Senhor é o coração da proclamação apostólica, transmitida e guardada pelas nossas Igrejas. No dia de Páscoa, os Apóstolos ficaram cheios de alegria ao ver o Ressuscitado (cf. Jo 20, 20). Neste tempo de Páscoa, rejubilo também eu ao contemplar um reflexo disso mesmo nos vossos rostos, queridos Irmãos. Há vinte anos, diante deste Sínodo, disse o Papa João Paulo II: «Vim contemplar o Rosto de Cristo esculpido na vossa Igreja; vim venerar este Rosto sofredor, penhor duma esperança renovada» [Discurso ao Patriarca Teoctist e ao Santo Sínodo, 8/V/1999, n. 3: Insegnamenti di Giovanni Paolo II XXII/1 (1999), 938]. Também eu, desejoso de ver o rosto do Senhor no rosto dos irmãos, vim aqui, peregrino, para vos ver; de coração, agradeço a vossa recepção.

Os vínculos de fé que nos unem, remontam aos Apóstolos, testemunhas do Ressuscitado, em particular ao laço que unia Pedro e André, o qual – segundo a tradição – trouxe a fé a estas terras. Irmãos de sangue (cf. Mc 1, 16), foram-no também e de forma singular ao derramarem o seu sangue pelo Senhor. Lembram-nos que existe uma fraternidade do sangue que nos antecede e que ao longo dos séculos, como uma silenciosa corrente vivificante, nunca cessou de irrigar e sustentar o nosso caminho.

Aqui – como em tantos outros lugares, nos nossos dias – experimentastes a Páscoa de morte e ressurreição: muitos filhos e filhas deste país, de várias Igrejas e comunidades cristãs, sofreram a sexta-feira da perseguição, atravessaram o sábado do silêncio, viveram o domingo do renascimento. Quantos mártires e confessores da fé! Em tempos recentes, muitos de diferentes Confissões encontraram-se lado a lado nas prisões, sustentando-se mutuamente. O seu exemplo está hoje diante de nós e das novas gerações que não conheceram aquelas condições dramáticas. Aquilo por que sofreram, até dar a vida, é uma herança demasiado preciosa para ser esquecida ou aviltada. E é uma herança comum, que nos chama a não nos distanciarmos do irmão que a partilha. Unidos a Cristo no sofrimento e na aflição, unidos por Cristo na Ressurreição, para que «também nós caminhemos numa vida nova» (Rm 6, 4).

Beatitude, Irmão querido, há vinte anos o encontro entre os nossos Predecessores foi um dom pascal, um acontecimento que contribuiu não só para o reflorescimento das relações entre ortodoxos e católicos na Romênia, mas também para o diálogo entre católicos e ortodoxos em geral. Aquela viagem – a primeira que um bispo de Roma dedicava a um país de maioria ortodoxa – abriu o caminho para outros eventos semelhantes. O meu pensamento dirige-se para o Patriarca Teoctist, de grata memória. Como não recordar o grito «unitate, unitate!» que se levantou, espontâneo, aqui em Bucareste naqueles dias? Foi um anúncio de esperança nascido do Povo de Deus, uma profecia que inaugurou um tempo novo: o tempo de caminhar juntos na redescoberta e avivamento da fraternidade que já nos une.

Caminhar juntos com a força da memória. Não a memória dos agravos sofridos e infligidos, dos juízos e preconceitos, que nos fecham num círculo vicioso e levam a atitudes estéreis, mas a memória das raízes: os primeiros séculos em que o Evangelho, anunciado com audácia e espírito de profecia, encontrou e iluminou novos povos e culturas; os primeiros séculos dos mártires, dos Santos Padres e dos confessores da fé, da santidade diariamente vivida e testemunhada por tantas pessoas simples que partilham o mesmo Céu. Graças a Deus, as nossas raízes apresentam-se sãs e firmes e, embora o crescimento tenha conhecido as distorções e os transes do tempo, somos chamados – como o salmista – a conservar grata recordação de tudo aquilo que operou em nós o Senhor, a elevar-Lhe um hino de louvor de uns pelos outros (cf. Sal 77, 6.12-13). A lembrança dos passos que demos juntos encoraja-nos a continuar rumo ao futuro com a consciência – certamente – das diferenças, mas sobretudo na ação de graças dum ambiente familiar que deve ser redescoberto, na memória de comunhão que se deve reavivar, que como lâmpada projete luz sobre os passos do nosso caminho.

Caminhar juntos na escuta do Senhor. Serve-nos de exemplo aquilo que o Senhor fez no dia de Páscoa, ao caminhar com os discípulos pela estrada de Emaús. Estes falavam de tudo o que sucedera, das suas preocupações, dúvidas e questões. O Senhor escutou-os pacientemente e conversou francamente com eles, ajudando-os a entender e discernir os acontecimentos (cf. Lc 24, 15-27).

Discurso do Papa diante de autoridades, sociedade civil e diplomatas na Romênia


VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO À ROMÊNIA
(31 DE MAIO - 2 DE JUNHO DE 2019)

ENCONTRO COM AS AUTORIDADES,
A SOCIEDADE CIVIL E O CORPO DIPLOMÁTICO

DISCURSO DO SANTO PADRE
Sala Unirii do Palácio Presidencial, Bucareste
Sexta-feira, 31 de maio de 2019

Senhor Presidente,
Senhora Primeiro-Ministro,
Santidade,
Ilustres Membros do Corpo Diplomático,
Distintas Autoridades,
Representantes das várias Confissões Religiosas e da sociedade civil,
Queridos irmãos e irmãs!

Dirijo uma cordial saudação e os meus agradecimentos ao senhor Presidente e à senhora Primeiro-Ministro pelo convite para visitar a Romênia e as amáveis expressões de boas-vindas que o senhor Presidente me dirigiu em nome próprio e também das outras autoridades da nação e do vosso amado povo. Saúdo os membros do Corpo Diplomático e os expoentes da sociedade civil aqui reunidos.

Saúdo, com amor fraterno, o meu irmão Daniel. Com deferência, apresento as minhas saudações a todos os Metropolitas e Bispos do Santo Sínodo e a todos os fiéis da Igreja Ortodoxa Romena. Saúdo com afeto os Bispos, sacerdotes, religiosos, religiosas e todos os membros da Igreja Católica, que venho confirmar na fé e encorajar no seu caminho de vida e testemunho cristãos.

Estou feliz por me encontrar na vossa linda terra, vinte anos depois da visita de São João Paulo II e no semestre em que a Romênia – pela primeira vez desde que começou a fazer parte da União Europeia – preside ao Conselho Europeu.

Trata-se dum momento propício para uma vista de conjunto aos trinta anos passados desde que a Romênia se libertou dum regime que oprimia a sua liberdade civil e religiosa e a isolava dos outros países europeus levando-a também à estagnação da sua economia e ao exaurimento das suas forças criativas. Durante este período, a Romênia empenhou-se na construção dum projeto democrático através do pluralismo das forças políticas e sociais e do seu diálogo mútuo, através do reconhecimento fundamental da liberdade religiosa e da plena integração do país no mais amplo cenário internacional. É importante reconhecer os numerosos passos realizados neste caminho, mesmo no meio de grandes dificuldades e privações. A vontade de progredir nos vários campos da vida civil, social e científica pôs em movimento tantas energias e projetação, libertou inúmeras forças criativas que antes estavam prisioneiras e deu novo impulso às múltiplas iniciativas empreendidas, transportando o país para o século XXI. Encorajo-vos a prosseguir no trabalho de consolidar as estruturas e as instituições que são necessárias não só para dar resposta às justas aspirações dos cidadãos, mas também para estimular o vosso povo permitindo-lhe expressar todo o potencial e engenho de que sabemos ser capaz.

Ao mesmo tempo é preciso reconhecer que as transformações, tornadas necessárias pela abertura duma nova era, acarretaram consigo – juntamente com as conquistas positivas – o aparecimento de inevitáveis obstáculos que se devem superar e de consequências para a estabilidade social e a própria administração do território nem sempre fáceis de gerir. Penso, em primeiro lugar, no fenômeno da emigração, que envolveu vários milhões de pessoas que deixaram a casa e a pátria à procura de novas oportunidades de trabalho e duma vida digna. Penso no despovoamento de tantas aldeias, que em poucos anos viram partir uma parte considerável dos seus habitantes; penso nas consequências que tudo isto pode ter sobre a qualidade da vida em tais terras e no enfraquecimento das vossas raízes culturais e espirituais mais ricas que vos sustentaram nos momentos mais duros, nas adversidades. Presto homenagem aos sacrifícios de tantos filhos e filhas da Romênia que enriquecem os países para onde emigraram, com a sua cultura, o seu patrimônio de valores e o seu trabalho e, com o fruto do seu empenho, ajudam a família que ficou na própria pátria. Pensar nos irmãos e irmãs que estão no estrangeiro é um ato de patriotismo, é um ato de fraternidade, é um ato de justiça. Continuai a fazê-lo.

quarta-feira, 29 de maio de 2019

Homossexuais nos seminários. Uma investigação bombástica no Brasil.


Em pesquisa recente, alguns seminaristas declararam que a homossexualidade “é uma realidade comum, uma realidade cada vez mais presente” nos seus seminários. Tão normal que “chega a ser banalizada”. É uma convicção difundida entre eles “que 90% dos seminaristas hoje são homossexuais”.

A pesquisa não é muito recente. Os seus resultados foram apresentados na primavera de 2017, na “Revista Eclesiástica Brasileira” [1].

A questão é a homossexualidade nos seminários.

A homossexualidade é tabu na cúpula da Igreja há alguns meses [2]. Foi proibido falar dele também no encontro sobre os abusos sexuais, realizado entre os dias 21 e 24 de fevereiro. Mas a sua presença disseminada no clero e nos seminários é uma realidade conhecida há muito tempo, de tal forma que em 2005 a Congregação para a Educação Católica divulgou uma instrução exatamente sobre como enfrentá-la [3].

Essa instrução confirmou não só que atos homossexuais são “pecado grave”, mas também que as “tendências homossexuais profundamente arraigadas” são “objetivamente desordenadas”. Por isso, aquele que pratica esses atos, manifesta essas tendências ou de alguma maneira apoia a “cultura gay“, de forma alguma deveria ser admitido à Ordem Sagrada.

Essas são as diretrizes pastorais desde então. Mas, na realidade, quando foram aplicadas? A pesquisa mencionada anteriormente teve como objetivo verificar o que acontece hoje em dois seminários do Brasil, tomados como amostra.

Os autores da pesquisa, Elismar Alves dos Santos e Pedrinho Arcides Guareschi, ambos religiosos da Congregação do Santíssimo Redentor e especialistas em Psicologia Social, com títulos acadêmicos de prestígio, interrogaram a fundo 50 estudantes de Teologia desses seminários, obtendo resultados definitivamente alarmantes.

Antes de tudo, os entrevistados dizem que a homossexualidade nos seus seminários “é uma coisa comum, uma realidade cada vez mais presente”. Tão normal que “chega inclusive a ser banalizada”. É uma convicção difundida entre eles “que na realidade 90% dos seminaristas hoje são homossexuais”.

Alguns homossexuais – eles dizem – “buscam o seminário como meio de fuga para não assumir diante da família e da sociedade as responsabilidades vinculadas ao seu comportamento”. Outros “se descobrem homossexuais quando já estão no seminário”, encontrando ali um ambiente favorável. E quase todos, dizem que 80%, “vão em busca de parceiros sexuais”.

De fato, a homossexualidade – eles declaram -, “é uma realidade presente nos seminários não só na ordem do ser, mas também na ordem do agir”. Muitos a praticam “como se fosse uma coisa normal”. Escrevem os autores do estudo: “Na visão dos que participaram da pesquisa, no contexto atual dos seminários, uma boa parte dos seminaristas está a favor da homossexualidade. E mais. Sustenta que, se existe amor na relação homossexual, não há nada de mal. Dizem: ‘Se existe amor, o que tem de errado?'”.

Bolsonaro recebe Dom Walmor, novo presidente da CNBB




O presidente Jair Bolsonaro recebeu, na tarde desta quarta-feira, 29, Dom Walmor Azevedo, arcebispo de Belo Horizonte (BH) e novo presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB).

A reunião foi a portas fechadas, sem autorização para imagens nem áudio da imprensa. O primeiro encontro entre as autoridades começou por volta das 14h e durou menos de uma hora, no Palácio do Planalto. Também estavam presentes membros da CNBB. 

Após a reunião, em entrevista à TV Canção Nova, Dom Walmor comentou o encontro, e disse que a visita não foi para ‘dar recados’, mas para caminhar juntos pelo bem da sociedade brasileira:

Viganò responde: "O Papa mente"


O papa não sabia de nada, nem de ideia, das perambulações do defenestrado McCarrick, disse ele em entrevista concedida à Televisa, na qual denunciou a credibilidade do arcebispo Viganò. Mentira, o acima mencionado respondeu em declarações ao LifeSiteNews.

"O que o papa disse sobre não saber de nada é mentira", respondeu o arcebispo Viganò, de seu desconhecido paradeiro ao portal LifeSiteNews. "Ele finge não se lembrar do que eu disse sobre McCarrick, e finge que não foi ele quem me perguntou sobre McCarrick em primeiro lugar."

E responde Carlo Maria Viganò, autor de um testemunho tumbativo que chocou o mundo católico e deixou literalmente sem palavras Sua Santidade, a entrevista concedida pelo Papa para a rede mexicana Televisa, no qual ele negou ter qualquer ideia de aventuras homossexuais e abusivo ex-cardeal Theodore McCarrick do agora secularizada, e acusou o arcebispo em seu artigo argumentou o contrário.

Infelizmente para a versão de Sua Santidade, o mesmo dia em que foi publicada no Vaticano Notícias transcrição da entrevista, a revista Crux relataram vazou entre o Papa correspondência, a secretária de Estado Pietro Parolin e então cardeal confirmando a existência de sanções privadas impostas ao ex-arcebispo de Washington pelo Vaticano em 2008 e McCarrick viajou em todo o globo durante o pontificado de Francisco desempenhando um papel fundamental para alcançar o polêmico pacto secreto entre a Santa Sé e o governo comunista chinês .

Papa sobre as acusações de Viganò a McCarrick: “Eu não sabia nada, caso contrário não teria permanecido calado”


O "caso McCarrick" ganha novo impulso nos Estados Unidos, com o Relatório Figuereido (do nome do monsenhor que o escreveu) de dez páginas publicadas pelo site católico Crux e, desta vez, com documentos que chamam em causa a cúpula da cúria vaticana, começando pelo Secretário de Estado Pietro Parolin (que, com base na correspondência publicada, teria tratado com McCarrick repetidamente ao longo dos anos sobre o "dossier China", que chegou à assinatura de um acordo preliminar para a nomeação dos bispos) e, principalmente, de novo, o Papa Francisco.

Ganha um novo impulso que se transforma um desafio frontal para o pontificado de Francisco, que em entrevista concedida à jornalista Valentina Alazraki, da rede mexicana Televisa (gravada dias atrás, mas divulgada pelo Vaticano uma hora após o lançamento das novas revelações sobre McCarrick) falou pela primeira vez sobre o episódio.

O Papa Francisco, após quase um ano, rompeu nesta terça-feira o silêncio sobre as acusações feitas pelo ex-núncio nos Estados Unidos, Carlo Maria Viganò, que em uma carta bomba havia acusado o pontífice, no final de agosto de 2018, de ter mantido silêncio sobre a gravidade do comportamento do ex-cardeal McCarrick (abusos contra menores e seminaristas).

No comunicado de 111 páginas, Viganò afirmava que ele mesmo, em uma audiência no início do pontificado, o tornara ciente da pedofilia de McCarrick, mas o papa inicialmente não teria feito nada porque se tratava de um cardeal progressista que era seu amigo e financiador de muitos projetos. O Papa agora responde e acusa indiretamente Viganò de ter mentido.

"De McCarrick eu não sabia nada, naturalmente, nada. Eu disse isso várias vezes, eu não sabia nada. Vocês sabem que eu não sabia nada sobre McCarrick, caso contrário não teria permanecido em silêncio. O motivo do meu silêncio foi, em primeiro lugar, que as provas estavam ali, eu disse a vocês: julguem vocês mesmos. Foi realmente um ato de confiança. E depois, pelo que eu vos falei sobre Jesus, que em momentos de fúria não se pode falar, porque é pior. Tudo vai contra. O Senhor nos mostrou esse caminho e eu o sigo".

O papa continua: "O (meu, ndr) silêncio desses meses é uma maneira de falar. Naquele caso, vi que Viganò não tinha lido toda a carta, então pensei que eu podia confiar na honestidade dos jornalistas, aos quais eu disse: olhem, vocês têm tudo aqui, estudem e tirem suas conclusões. E isso eles o fizeram, porque eles fizeram o trabalho, e neste caso, foi fantástico. Tomei muito cuidado para não dizer coisas que não estavam ali, mas depois acabou dizendo-as, três ou quatro meses depois, um juiz em Milão quando condenou Viganò. "

Nesta passagem, o Papa refere-se a um processo civil contra Viganò por um caso ligado à divisão da herança familiar, cujo relato foi primeiramente publicado no Corriere della Sera, já em março de 2013, e depois em exclusiva para o Huffpost no dia 14 de novembro de 2018.

"Permaneci em silêncio - explicou o Papa - porque eu teria que jogar lama. Deixe aos jornalistas descobrirem os fatos. E vocês os descobriram, vocês encontraram todo aquele mundo. Foi um silêncio baseado na confiança em vocês. Não só isso, eu também disse a vocês: peguem, estudem, é tudo. E o resultado foi bom, melhor do que se eu tivesse começado a explicar, a me defender. Vocês podem julgar com as provas nas mãos. Há outra coisa que sempre me impressionou: os silêncios de Jesus, Jesus respondia sempre, mesmo aos inimigos quando eles o provocaram, "pode-se fazer isto, aquilo", para ver se ele caia na provocação. E ele, em tal caso, respondia. Mas quando a situação se complicou na Sexta-Feira Santa, as pessoas ficaram enfurecidas, ele ficou em silêncio. A ponto de o próprio Pilatos dizer: "Por que você não me responde?" Isto é, diante de uma situação de fúria, não se pode responder. E aquela carta era um sinal de fúria, como vocês mesmo perceberam pelos resultados. Alguns de vocês até escreveram que era comprada, eu não sei, acredito que não."

O ex-núncio e toda a galáxia tradicionalista dos oponentes de Francisco chegaram a pedir a renúncia do Papa Bergoglio, porque ele teria conhecimento das sanções disciplinares dispostas por Bento XVI ao então ex-cardeal, que foi demitido do estado clerical por Francisco no início de 2019.

Nove meses depois, agora é publicado, desta vez nos EUA, um novo documento (o Relatório Figuereido) do nome do ex-secretário McCarrick que por dezenove anos foi seu elo com a Cúria e quem o elaborou. Dez pastas disponíveis em um específico site na internet. O propósito declarado da publicação de e-mails, cartas, é esclarecer, seguir a indicação do Papa Francisco no recente Motu Proprio "Voi estis lux mundi" que impõe a obrigação de denúncia para os abusos e para a ocultação. De "seguir o caminho da verdade onde quer que isso possa levar". Mas está bastante claro para onde isso está levando, isto é, a Francisco. Curiosamente, não há um único documento citado que se refira aos anos em que foi núncio Viganò. E a intenção é também influenciar a próxima Assembleia dos Bispos norte-americanos, chamados a definir as novas diretrizes para o combate aos abusos, que se reunirão de 11 a 14 de junho próximo.

Canadá: Decapitam estátua de um santo em catedral católica ucraniana


Desconhecidos danificaram e depois decapitaram a estátua de um importante santo ucraniano do lado de fora da Catedral de Vladimir e Olga, no Canadá, gerando comoção e indignação por parte do clero e dos fiéis de todo o país.

A catedral pertence à Arquieparquia de Winnipeg, uma circunscrição da Igreja Greco-Católica Ucraniana no Canadá.

O reitor da catedral, Pe. Michael Buyachok, assegurou à CBC que ficou "arrasado" após o vandalismo ocorrido na terça-feira, 21 de maio, contra a estátua de São Vladimir de Kiev.

"Eu olhei para a imagem e fiquei arrasado. É um evento trágico, porque a estátua simboliza algo para nós. Nossos paroquianos conhecem a estátua de cor", disse o Pe. Buyachok.

Alguns funcionários da igreja viram um grupo de adolescentes brincando em volta da estátua na segunda-feira, 20 de maio, pela noite.

EUA: Missouri proíbe o aborto desde o momento em que o coração do feto começa a bater


O governador do Missouri (Estados Unidos), Mike Parson, promulgou no dia 24 de maio uma lei que proíbe o aborto após oito semanas, quando é possível detectar o batimento cardíaco do feto que está no ventre de sua mãe.

"Ao assinar este projeto de lei hoje, estamos enviando um forte sinal para a nação que, no Missouri, defendemos a vida, protegemos a saúde das mulheres e advogamos pelos não-nascidos. Toda a vida tem valor e vale a pena ser protegida ", disse Parson em sua conta no Twitter depois de assinar a lei.

Segundo a plataforma proativa Live Action, a lei, conhecida como "Lei do Missouri para o Nascituro" ( House Bill 126 ), entrará em vigor em 28 de agosto. Isto inclui apenas exceções quando a vida de uma mãe está em perigo ou antes de danos permanentes, mas não antes de gravidezes devido a estupro ou incesto.

Os médicos que realizam abortos após oito semanas podem enfrentar de 5 a 15 anos de prisão e perder permanentemente suas licenças profissionais. Por outro lado, as mulheres que se submetem a um aborto não estariam sujeitas a um processo judicial.

A lei proíbe abortos por raça, sexo ou diagnóstico de síndrome de Down. Além disso, proíbe que essa prática seja realizada em um menor sem o consentimento por escrito do menor e de um dos pais ou responsáveis ​​legais. Antes de dar o consentimento, o outro pai do menor deve ser notificado.

Reino Unido: Desonhecidos ateiam fogo em uma igreja Católica


Um grupo de estranhos atearam fogo a parte do edifício que compõe a igreja da Sagrada Família, na cidade irlandesa de Derry, no Reino Unido. A polícia local disse que o incêndio foi provocado e está investigando o caso.

O incêndio ocorreu na sexta-feira, 24 de maio, por volta das 10:30 da noite na garagem adjacente ao templo, e depois se espalhou para a igreja e para a casa paroquial. O fogo foi contido pelo Serviço de Incêndio e Resgate da Irlanda do Norte, no entanto, a garagem foi completamente afetada.

Além disso, foi relatado que cerca de 20 pessoas que participaram de um evento paroquial foram evacuadas.

"Neste cenário, acreditamos que dois homens possam estar envolvidos na origem do incêndio e estamos dispostos a identificá-los", disse o detetive Fielding à mídia local Belfast Telegraph.

Em carta a Vaticano McCarrick admitiu que compartilhou cama com seminaristas, diz sacerdote


Mons. Anthony Figueiredo, sacerdote e ex-secretário de Theodore McCarrick, publicou um relatório que afirma conter citações de correspondência entre o ex-cardeal norte-americano e vários oficiais da Igreja.

Na correspondência, McCarrick teria admitido suas más condutas e confirmaria alguns relatórios sobre a resposta do Vaticano ao comportamento do ex-arcebispo de Washington. No entanto, alguns funcionários do Vaticano assinalam que o relatório de Figueiredo, sacerdote da Arquidiocese de Newark, não explica completamente a maneira como McCarrick operou em Roma.

Na terça-feira, 28 de maio, Mons. Figueiredo publicou um site "The Figueiredo Report", que contém trechos de correspondência privada entre McCarrick, o sacerdote e vários outros funcionários da Igreja.

A notícia da publicação do relatório foi dada primeiramente pela CBS News e pelo site de notícias Crux.

No entanto, o site de Figueiredo não publicou o texto completo nem as imagens das cartas.

"Eu apresento os fatos da correspondência que considero relevantes sobre as perguntas que ainda pairam sobre McCarrick”, indica o site do sacerdote.

"Esses fatos mostram claramente que os prelados do alto escalão provavelmente tinham conhecimento das ações de McCarrick e das restrições impostas a ele durante o pontificado de Bento XVI. Também mostram claramente que essas restrições não foram aplicadas, inclusive antes do pontificado de Francisco", afirma o site.

"Não me cabe julgar até que ponto a falha está no fato de não impor penas canônicas, ao invés de meras restrições, no início, ou com outros líderes da Igreja, que depois não conseguiram expor o comportamento de McCarrick e a impropriedade de sua contínua atividade pública, e que de fato poderiam ter encorajado isso", escreve o sacerdote.

Em um dos trechos que seria de uma carta de setembro de 2008 de McCarrick ao Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Tarcisio Bertone, o ex-cardeal escreveu que "em um (caso) particular estive em falta com um infeliz julgamento”.

"Eu sempre considerei os meus sacerdotes e os meus seminaristas como parte da minha família, e assim como compartilhei minha cama com meus primos, tios e outros parentes, sem pensar se está errado ou não, eu fiz isso em uma ocasião, quando a casa de verão diocesana estava muito cheia. Em nenhum caso houve menores envolvidos, mas homens na casa dos 20 e 30 anos".

No entanto, "nunca tive relações sexuais com ninguém: homens, mulheres ou crianças, nem jamais busquei tais atos", escreveu McCarrick ao Cardeal Bertone.

As citações extraídas por Mons. Figueiredo, que servia como diretor espiritual no Pontifício Colégio Norte-Americano em Roma, confirmariam as acusações do ex-núncio apostólico nos Estados Unidos, Arcebispo Carlo Maria Viganò, que em 2008 ordenou que McCarrick deixasse o seminário arquidiocesano onde morava.

Fontes que estiveram presentes na reunião entre o então Núncio nos Estados Unidos, o Arcebispo Pietro Sambi, e McCarrick, disseram à CNA – agência em inglês do grupo ACI – que o ex-cardeal foi expulso do seminário.

Segundo assinala Figueiredo, McCarrick escreveu uma carta a Dom Sambi depois daquela reunião, na qual teria indicado que, "tendo estudado a carta do Cardeal Re", então Prefeito da Congregação para os Bispos, "e, depois de tê-la compartilhado com o meu Arcebispo, me comprometo novamente a tentar sempre ser um bom servo da Igreja, inclusive se não entendo seus desejos em minha vida. É claro que estou pronto para aceitar a vontade do Santo Padre a meu respeito".

"No futuro, não assumirei compromissos de aceitar aparições públicas ou conversas sem a permissão explícita do Núncio Apostólico e da própria Santa Sé", acrescentou.

Em agosto de 2018, um sacerdote residente na paróquia St. Thomas The Apostle, local para onde McCarrik se mudou, contou à CNA que lhe disseram que o ex-cardeal “não podia” mais morar no seminário, e que o Cardeal Wuerl havia “ordenado” a sua mudança. O sacerdote frisou que não tinha conhecimento direto de todas as circunstâncias.

Em agosto de 2018, Mons. Anthony Figueiredo emitiu uma declaração em apoio a Dom Viganó. "Eu o conheço pessoalmente", disse o sacerdote naquela ocasião. "Eu o conheço como um homem de grande integridade, honesto", acrescentou.

Os trechos da correspondência divulgados agora por Mons. Figueiredo confirmariam alguns relatórios em relação ao papel desempenhado por McCarrick, embora algumas vezes não oficial, nos esforços diplomáticos do Vaticano, especialmente na China, durante os pontificados tanto de Bento XVI quanto de Francisco.

No entanto, fontes da Congregação para os Bispos no Vaticano indicaram à CNA que os trechos mostrados por Figueiredo oferecem apenas um contexto "parcial" de McCarrick sobre sua forma de contornar a imposição de restrições que tinha.

"McCarrick era muito bom explorando as mãos esquerda e direita, sem falar", comentou um oficial da Congregação para os Bispos.

"(O Cardeal) Re poderia lhe ter dito (a McCarrick): ‘Sem aparições, não more aqui', e então (McCarrick) ia até o Bertone e se apresentava como disponível para servir discretamente, pedia para viajar para algum lugar e usava as instruções conflitantes para se mover entre as gretas".

Outro oficial próximo à Congregação disse que McCarrick estava explorando uma cultura na qual havia uma resistência em falar claramente.

"Ele falava e escrevia sobre sua necessidade de manter um perfil discreto, sobre sua mudança de residência, mas nunca disse explicitamente o motivo. Aqueles que sabiam não precisavam falar e aqueles que não sabiam, mas suspeitavam, eram inteligentes o suficiente para não perguntar", explicou.

O mesmo oficial disse à CNA que, para entender claramente como McCarrick procedia com vários oficiais da Cúria, a Congregação para os Bispos está realizando uma investigação, sob a direção do Santo Padre.

"O homem fez um desastre completo nas comunicações com os bispos, o Estado, o Santo Padre, as dioceses, com todos", disse. "Qualquer um que quisesse saber algo sobre ele poderia encontrar três coisas diferentes em três lugares diferentes", acrescentou.

A CNA sabe, de fontes importantes em Roma, que a Arquidiocese de Washington já concluiu uma revisão de toda a correspondência pessoal de McCarrick e enviou seus resultados ao Vaticano.

Um porta-voz da Arquidiocese de Washington preferiu não comentar sobre isso.

No entanto, o porta-voz disse à CNA que "o Cardeal Wuerl disse previamente, e reitera novamente, que não estava ciente de nenhuma imposição de sanções ou restrições relativas a quaisquer acusações de abuso ou atividades impróprias de Theodore McCarrick. Com base nas descrições (dos meios de comunicação), nenhum dos documentos divulgados hoje afirma explicitamente que o Cardeal Wuerl tinha tal conhecimento".

CHARIS: Um novo serviço para a Renovação Carismática Católica

 
Vatican News pediu ao Pe. Alexandre Awi Mello, Secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e a Jean-Luc Moens, primeiro Moderador de CHARIS, para apresentar este novo serviço pedido pelo próprio Papa Francisco.

No dia de Pentecostes se põe em marcha o CHARIS, um novo serviço para a Renovação Carismática Católica. Vatican News (VN) pediu ao Pe. Alexandre Awi Mello, Secretário do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e a Jean-Luc Moens, primeiro Moderador de CHARIS, que nos apresentem este novo serviço pedido pelo próprio Papa Francisco.

No dia 8 de dezembro de 2018, o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida erigiu um novo e único serviço para a “corrente de graça” que é a Renovação Carismática Católica. Este serviço se chama CHARIS, um acrônimo de Catholic Charismatic Renewal International Service, Serviço Internacional para a Renovação Carismática Católica. Quais são os seus objetivos?

P. Awi – CHARIS está chamado a servir todas as expressões da “corrente de graça”. Seus estatutos entrarão em vigor no dia 9 de junho de 2019, na Solenidade de Pentecostes. Nesse mesmo dia, a Fraternidade Católica de Comunidades Carismáticas de Aliança (conhecida como Catholic Fraternity) e o ICCRS (International Catholic Charismatic Renewal Services) cessarão definitivamente as suas atividades. É importante destacar que CHARIS não é uma fusão entre esses dois organismos, mas um novo serviço que inaugura uma nova etapa para a Renovação Carismática Católica Internacional. Acredito que depois de Pentecostes essa novidade se manifestará cada vez mais claramente. Deve-se destacar também que CHARIS não é um organismo de governo, mas um Serviço de Comunhão, de acordo com a vontade explícita do Santo Padre.

Como se estrutura este novo serviço?

P. Awi - CHARIS está sob a responsabilidade de um Moderador, assistido por um conselho que se chama Serviço Internacional de Comunhão, formado por 18 pessoas de todo o mundo. Alguns representam os diversos continentes e outros representam as diferentes realidades da Renovação Carismática. Para este primeiro mandato todos foram nomeados pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.

O primeiro Moderador é Jean-Luc Moens, um leigo casado, pai de família, comprometido com a Renovação Carismática por mais de 45 anos. O primeiro Assistente Eclesiástico, por vontade do Santo Padre, é o Pe. Raniero Cantalamessa, OFM.Cap., Pregador da Casa Pontifícia.

O Papa quis que fosse a Santa Sé a constituir CHARIS, para que a Renovação Carismática e toda a Igreja saibam que a Renovação Carismática pertence plenamente à Igreja universal.

Um dos pontos essenciais enfatizados pelo Santo Padre é a importância da comunhão, ou seja, da unidade na diversidade. CHARIS serve a todas as realidades carismáticas do mundo, e nenhuma delas tem prioridade sobre as demais. Em nenhum país pode uma comunidade, um grupo, uma organização ou um movimento atribuir-se a liderança da Renovação Carismática Católica.

Em nível local, nos diferentes países, que mudanças acontecerão? Mudarão as atuais estruturas locais da Renovação Carismática?

P. Awi – Os estatutos de CHARIS estabelecem a constituição em cada país de um Serviço Nacional de Comunhão que reúna, na maior medida possível, todas as realidades carismáticas do país, sem que nenhuma delas predomine sobre as demais. Em alguns países, o estabelecimento deste serviço será uma verdadeira novidade, porque até agora algumas expressões da Renovação Carismática têm convivido, mas sem cultivar uma real comunhão entre elas, às vezes inclusive, se ignorando ou se excluindo mutuamente. Em outros países, a estrutura existente já é uma estrutura de verdadeira comunhão. Neste caso não há nada a mudar. Corresponderá a CHARIS ajudar a configurar estes diferentes serviços nacionais.

Uma proposta do novo serviço unificado da Renovação Carismática Católica


Em nossa jornada de preparação espiritual para o Pentecostes de 2019, já refletimos sobre a importância da oração para receber o Espírito Santo. Nesta segunda reflexão, meditaremos sobre a importância da conversão.

No Evangelho a palavra conversão se apresenta em dois contextos diferentes e é dirigida a duas categorias diversas de ouvintes. A primeira é dirigida a todos, a segunda àqueles que já haviam aceito o convite à conversão e estavam neste processo por algum tempo. Vamos mencionar a primeira apenas para entender melhor a segunda que é mais interessante para nós, neste momento pelo qual passa a Renovação Carismática Católica. A pregação de Jesus começa com as palavras programáticas:

“Completou -se o tempo e o reino de Deus está próximo: fazei penitência e crede no Evangelho” (Mc 1,15).

Antes de Jesus, a conversão sempre significava um ‘retorno’ (a palavra hebraica, shub, significa reverter o curso, refazendo os passos de alguém). Indica o ato de alguém que, em um certo momento da vida, percebe que está ‘fora do caminho’. Então ele pára, reflete e decide retornar à observância da lei e retomar a aliança com Deus, fazendo uma verdadeira ‘inversão de direção’. A conversão, neste caso, tem um significado fundamentalmente moral e sugere a ideia de algo doloroso para realizar: mudar os costumes.

Este é o significado usual de conversão nos lábios dos profetas, até e incluindo João Batista. Mas nos lábios de Jesus esse significado muda. Não porque ele gosta de mudar os significados das palavras, mas porque, com a sua vinda, as coisas mudaram. ‘Completou-se o tempo e o Reino de Deus chegou!’ A conversão não significa voltar à antiga aliança, à observância da lei, mas significa, sobretudo, dar um passo adiante e entrar no reino, agarrando-se à salvação dada aos homens gratuitamente por livre e soberana iniciativa de Deus.

Conversão e salvação invertem de posição. Não mais primeiramente a conversão e depois, como conseqüência, a salvação mas, o contrário: primeiro a salvação, e depois como exigência desta, a conversão. Não mais: convertei-vos e o Reino estará entre vós, o Messias virá, como os últimos profetas haviam dito, mas: arrependei-vos porque o reino veio, está entre vós! Converter é tomar a decisão que salva, a ‘decisão da hora’, como as parábolas do reino a descrevem.

‘Arrepender-se e acreditar’ não significa, portanto, duas coisas diferentes e sucessivas, mas a mesma ação fundamental: convertei-vos, isto é, crede! Convertei-vos, crendo! Tudo isso requer uma verdadeira ‘conversão’, uma profunda mudança na maneira de entender o nosso relacionamento com Deus. Ele pede para passar da idéia de um Deus que pede, ordena, ameaça, para a ideia de um Deus que vem com as mãos cheias para nos dar tudo. É a conversão da ‘lei’ para a ‘graça’ que era tão cara a São Paulo.

Como os apóstolos foram preparados para a vinda do Espírito Santo? Rezando!


No próximo Pentecostes, entrará em funcionamento o CHARIS, novo corpo único de serviço de toda a corrente de graça da Renovação Carismática Católica. É uma oportunidade única para uma renovada efusão do Espírito sobre nós e sobre toda a Igreja. O propósito desta e das duas reflexões que me foram solicitadas pelo comitê de coordenação é justamente apoiar e estimular com motivações bíblicas e teológicas o compromisso de oração com o qual muitos irmãos e irmãs desejam contribuir para o sucesso espiritual do evento.

Como os apóstolos foram preparados para a vinda do Espírito Santo? Rezando! “Todos eles perseveravam unanimemente na oração, juntamente com as  mulheres, entre elas Maria, a Mãe de Jesus, e os irmãos dele” (Atos 1,14). A oração dos apóstolos reunidos no Cenáculo com Maria, é a primeira grande epíclese, é a inauguração da dimensão epiclética da Igreja, daquele “Vinde, Espírito Santo” que continuará a ressoar na Igreja por todos os séculos e a quem a liturgia invocará em primeiro lugar antes de todas as suas ações mais importantes.

Enquanto a Igreja estava em oração, “de repente veio do céu um ruído como se soprasse um vento impetuoso… ficaram todos cheios do Espírito Santo” (Atos 2,2-4). Repete-se o que havia acontecido no batismo de Cristo: “Estando ele a orar, o céu se abriu e o Espírito Santo desceu sobre ele” (Lc 3, 21-22). Se dirá que para São Lucas foi a oração de Jesus que rasga os céus e atrai o Espírito sobre ele. O mesmo aconteceu em Pentecostes.

A constância com que, nos Atos dos Apóstolos, a vinda do Espírito Santo está relacionada com a oração, é impressionante. O papel decisivo do batismo não é mantido em silêncio (cf. At 2,38), mas há ainda mais insistência sobre a oração. Saulo “estava orando” quando o Senhor enviou Ananias para curar sua visão e para que ele ficasse cheio do Espírito Santo (cf. At 9,9-11). Quando os apóstolos souberam que Samaria havia recebido a Palavra, enviaram Pedro e João e eles “desceram e oraram para que recebessem o Espírito Santo” (Atos 8, 15).

Quando, na mesma ocasião, Simão, o Mago, tenta pagar para receber o Espírito Santo, os apóstolos reagiram indignados (cf. Atos 8,18ss). O Espírito Santo não pode ser adquirido, ele só pode ser implorado na oração. O próprio Jesus havia ligado o dom do Espírito Santo à oração, dizendo: “Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas a vossos filhos, quanto mais vosso Pai celestial dará o Espírito Santo aos que lho pedirem” (Lc. 11,13). Ele o ligou não somente a nossa oração, mas também e sobretudo à Sua oração, quando disse: “E eu rogarei ao Pai e ele vos dará outro Consolador” (Jo 14, 16). Entre a oração e o dom do Espírito há a mesma circularidade e interpenetração que existe entre graça e liberdade. Precisamos receber o Espírito Santo para podermos orar e precisamos orar para receber o Espírito Santo. No início, há o dom da graça, mas depois precisamos orar para que esse presente seja preservado e aumentado.

Mas tudo isso não pode permanecer como um ensinamento abstrato e genérico. Ele deve dizer algo para mim pessoalmente. Você quer receber o Espírito Santo? Você se sente fraco e quer ser coberto pelo poder do alto? Você se sente morno e quer ser aquecido? Árido e quer ser regado? Rígido e quer ser maleável? Descontente com a vida passada e quer ser renovado? Rezem, rezem, rezem! Que o grito de sua boca mesmo que silencioso seja: Veni Sancte Spiritus, vem Espírito Santo! Se uma pessoa ou um grupo de pessoas, com fé, se coloca em oração ou estando em retiro, determina-se a não se levantar até que tenha sido revestido pelo poder do alto e sido batizado no Espírito, assim lhe será feito e até muito mais.  E foi o que aconteceu naquele primeiro retiro de Duquesne, no qual nasceu a Renovação Carismática Católica.

Assim como foi a oração de Maria e dos apóstolos, deve ser a nossa, deve ser uma oração “concordante e perseverante”. Concorde ou unânime (homothymadon) significa, literalmente, feito com apenas um coração (con-corde) e com “uma só alma”. Jesus disse: “Digo-vos ainda isso: se dois de vós se unirem sobre a terra e concordarem em pedir qualquer coisa, consegui-lo-ão de  meu Pai que está nos céus” (Mt 18,19).

A outra característica da oração de Maria e dos apóstolos é que foi uma oração “perseverante”. O termo grego original que expressa esta qualidade de oração cristã (proskarteroúntes) indica uma ação tenaz e insistente, de se estar ocupado com assiduidade e coerência a respeito de alguma coisa. É traduzido como perseverança ou oração assídua. Também poderia ser traduzido “fortemente agarrado” à oração.

Essa palavra é importante porque é a que ocorre com maior frequência toda vez que o Novo Testamento fala de oração. Nos Atos, ela retornará logo em seguida, quando falarem dos primeiros crentes que abraçaram a fé, que eram “assíduos aos ensinamentos, à fração do pão e às orações” (Atos 2,42). Também S. Paulo recomenda estarem “perseverando na oração” (Rm 12,12, e Col 4, 2). Em uma passagem da Carta aos Efésios lemos: “Orai em toda circunstância, pelo Espírito, no qual perseverai em intensa vigília de súplica por todos os cristãos” (Ef 6, 18).

A essência deste ensinamento deriva de Jesus, que contou a parábola da viúva importuna apenas para nos dizer que é necessário “rezar sempre, sem jamais deixar de fazê-lo” (cf. Le 18, 1). A mulher cananéia é uma ilustração viva dessa oração insistente que não se deixa desencorajar por nada e que, no final, justamente por isso, consegue o que deseja. Ela pede pela filha uma primeira vez, e Jesus – está escrito – “nem sequer lhe dirige a palavra”. Ela insiste e Jesus responde que ele é enviado apenas para as ovelhas de Israel. Ela se lança a seus pés, e Jesus responde que não é bom tirar comida da mesa das crianças para dar aos cães. Estas respostas já eram o bastante para deixar qualquer um desencorajado. Mas a mulher cananéia não desiste, ela continua: “Sim, mas também os cães…” e Jesus responde alegremente: “Mulher, a tua fé é verdadeiramente grande. Faça-se como tu queres” (Mt 15, 21ss).

Rezar por muito tempo, com perseverança, não significa orar com muitas palavras, numa conversa sem fim como fazem os pagãos (cf. Mt 6, 7). Ser perseverante na oração significa pedir freqüentemente, não parar de esperar a resposta, nunca desistir. Significa não se dar descanso e nem dar descanso a Deus: “Vós que deveis manter desperta a memória do Senhor, não vos concedais descanso algum e não o deixeis em paz, até que tenha restabelecido Jerusalém” (Is 62, 6-7).

Mas por que a oração deve ser perseverante e por que Deus não ouve imediatamente? Não é ele mesmo que na Bíblia promete ouvir imediatamente, assim que se reza, ou antes de terminar de oração? “Antes mesmo que me chamem – ele diz – eu lhes responderei, estarão ainda falando – ele continua – e já serão atendidos” (Is 65, 24). Jesus reitera: “Por acaso não fará Deus justiça aos seus escolhidos que estão clamando por ele dia e noite, porventura tardará em socorre-los? Digo-vos que em breve lhes fará justiça”(Lc 18, 7).  A experiência não contradiz flagrantemente essas palavras? Não, Deus prometeu sempre ouvir e ouvir imediatamente nossas orações, e assim o faz. Somos nós que temos que abrir nossos olhos.

E é bem verdade, ele mantém sua palavra: ao atrasar o socorro ele já socorre;  de fato, esse adiamento é em si um socorro. Isso ocorre para que não aconteça que, ouvindo muito rapidamente a vontade de quem pede, ele não possa dirigi-lo a num caminho de perfeita santidade. É necessário distinguir o cumprimento de acordo com a vontade da pessoa que reza e o cumprimento de acordo com a necessidade da pessoa que reza, é a sua salvação. Jesus disse: “Procurai e achareis, batei e vos será aberto” (Mt 7: 7). Quando alguém lê estas palavras, imediatamente pensa que Jesus promete nos dar todas as coisas que pedimos a ele, e ficamos perplexos porque vemos que isso raramente acontece. Mas ele sobretudo intencionava nos dizer uma coisa: “Procura por mim e tu vais me encontrar, bata à porta e eu a abrirei a ti”. Ele promete dar-se para além das coisas triviais que pedimos a ele, e essa promessa é sempre infalivelmente mantida. Aqueles que o procuram, o encontram; a quem bate, ele abre a porta  e quando o encontramos, todo o resto fica em segundo lugar.

Homenagens a Nossa Senhora


O mês de maio, que ora se finda, é tradicionalmente o mês de Maria: por isso se explicam tantas homenagens dedicadas a  ela, a Mãe de Jesus, o Filho eterno do Pai feito homem, e nossa Mãe espiritual.

Convidado a participar, no dia 13 de maio, de um evento especial na Câmara Federal em Brasília, em homenagem a Nossa Senhora de Fátima, no meu discurso laudatório, ressaltei que os portugueses nos legaram a fé e o amor a Maria Santíssima, a cuja devoção devemos ser fiéis, bem como à nossa identidade cristã.

Creio que por isso mesmo, fui também convidado, pelos representantes da Frente Parlamentar Católica, a outra homenagem à Mãe de Deus, no dia 21 de maio, no Palácio do Planalto, diante do Presidente da República. No site do Palácio do Planalto, na agenda do Presidente,para esse dia, constava:“Ato de Consagração do Brasil a Jesus Cristo por meio do Imaculado Coração de Maria”. Talvez essa notícia e os anúncios antecipados nas redes sociais criaram a expectativa de uma ação muito maior do que de fato estava programado e realmente aconteceria, o que causou certa frustração.

Para ser mais preciso, deveria constar “Renovação da Consagração...”. Porque o Brasil realmente já foi consagrado diversas vezes e de diferentes modos a Nossa Senhora. Em 1904, Nossa Senhora Aparecida, por decreto da Santa Sé, em nome do Papa São Pio X, foi coroada Rainha do Brasil. Em 1930, o Papa Pio XI a proclamou oficialmente Padroeira do Brasil, proclamação ratificada pelas autoridades eclesiásticas, civis e militares, diante do então Presidente da República, Getúlio Vargas. Em 31 de maio de 1946, o Cardeal do Rio de Janeiro, Dom Jaime de Barros Câmara,na presença do Arcebispo de São Paulo, de 40 Bispos e do Presidente da República,consagrou nossa pátria ao Imaculado Coração de Maria. Além das inúmeras consagrações que se fazem em nosso Santuário Nacional em Aparecida, especialmente pelos Bispos da CNBB e pelo Arcebispo de Aparecida, Dom Orlando Brandes. Portanto, o Brasil já é de Nossa Senhora! Outras consagrações são ratificação e renovação das que já foram feitas.

Ademais, uma consagração realmente é feita a Jesus Cristo, por meio de Nossa Senhora, que é uma só e tem um só coração, nos seus variados títulos, seja Fátima, Lourdes ou Aparecida.

É claro que o ideal e oficialmente mais válida seria uma renovação da consagração ou entrega do Brasil a Nossa Senhora feita por todo o Episcopado Brasileiro, com o seu Primaz, junto com o Núncio Apostólico, na presença do Presidente da República, em Aparecida, no final de uma Assembleia Geral da CNBB. Essa seria sim uma verdadeira Consagração do Brasil! Que esse sonho um dia se realize!

Mas, enquanto esse dia não chega, não custa apoiar uma boa iniciativa dos leigos católicos que militam na política,- eles também têm esse direito - de promover uma consagração ao Imaculado Coração de Maria, pedida por ela em Fátima, diante do Presidente da Nação.