Discurso
do Papa
Vésperas
com os bispos, sacerdotes, diáconos,
religiosos,
religiosas, seminaristas e movimentos católicos
Sábado,
11 de julho de 2015
Como é belo rezarmos as Vésperas todos juntos! Como
não sonhar com uma Igreja que espelhe e repita, na vida quotidiana, a harmonia
das vozes e do canto! Fazemo-lo nesta catedral que tantas vezes teve de ser
começada de novo; esta catedral é sinal da Igreja e de cada um de nós: às
vezes, as tempestades de fora e de dentro obrigam-nos a pôr de lado o que se
construiu e começar de novo. Sempre, porém, com a esperança em Deus; e, se
olharmos para este edifício, sem dúvida Ele não decepcionou os paraguaios. Porque
Deus nunca desilude! E por isso O louvamos agradecidos.
A oração litúrgica, com a sua estrutura e ritmo
pausado, quer dar voz à Igreja inteira, esposa de Cristo, que procura
configurar-se com o seu Senhor. Na oração, cada um de nós quer tornar-se cada vez
mais parecido com Jesus.
A oração traz à superfície aquilo que vivemos ou
deveríamos viver na existência diária; pelo menos uma oração que não queira ser
alienante ou apenas preciosista. A oração dá-nos impulso para pôr em acção ou
examinar-nos sobre o que rezamos nos Salmos: nós somos as mãos de «Deus, que
levanta o pobre da miséria» e somos quem trabalha para que esterilidade com a
sua tristeza se transforme em campo fértil. Cantando que «muito vale aos olhos
do Senhor a vida dos seus fiéis», somos os que lutam, pelejam, defendem o valor
de toda a vida humana, desde o nascimento até os anos serem muitos e poucas as
forças. A oração é reflexo do amor que sentimos por Deus, pelos outros, pelo
mundo criado; o mandamento do amor é a melhor configuração do discípulo
missionário com Jesus. Estar agarrados a Jesus dá profundidade à vocação
cristã, que – interessada no «agir» de Jesus, que engloba muito mais do que as
actividades – procura assemelhar-se a Ele em tudo o que realiza. A beleza da
comunidade eclesial nasce da adesão de cada um dos seus membros à pessoa de
Jesus, formando um «conjunto vocacional» na riqueza da diversidade harmónica.
As antífonas dos Cânticos Evangélicos deste domingo
recordam-nos o envio dos Doze por Jesus. É sempre bom crescer nesta consciência
de trabalho apostólico em comunhão! É belo ver-vos a colaborar pastoralmente,
partindo sempre da natureza e função eclesial de cada uma das vocações e
carismas. Quero exortar-vos a todos – sacerdotes, religiosos e religiosas,
leigos e seminaristas – a que vos empenheis nesta colaboração eclesial,
especialmente a partir dos planos de pastoral das dioceses e da Missão
Continental, cooperando com toda a disponibilidade possível para o bem comum.
Se a divisão entre nós provoca a esterilidade (cf. Evangelii gaudium, 98-101),
não há dúvida que, da comunhão e da harmonia, surge a fecundidade, porque estão
em profunda consonância com o Espírito Santo.
Todos temos limitações; ninguém pode reproduzir
totalmente Jesus Cristo. E, embora cada vocação se conforme de maneira mais
saliente com este ou aquele traço da vida e obra de Jesus, há alguns elementos
comuns e indispensáveis a todas. Ainda agora louvámos o Senhor porque «não fez
alarde da sua condição divina», sendo isto uma característica de toda a vocação
cristã: quem foi chamado por Deus não se pavoneia, nem corre atrás de
reconhecimentos ou aplausos efémeros; não sente ter subido de categoria nem
trata os outros como se estivesse num degrau superior.
A supremacia de Cristo aparece claramente descrita
na liturgia da Carta aos Hebreus; acabámos de ler quase o final dessa carta:
Deus «nos faça perfeitos como o grande Pastor das ovelhas», e isto supõe que
todo o consagrado esteja configurado com Aquele que, na sua vida terrena, «por
entre orações e súplicas, com grande clamor e lágrimas» alcançou a perfeição
quando aprendeu, sofrendo, o que significava obedecer. E isto também é parte da
nossa vocação.
E agora acabemos de rezar as nossas Vésperas; o
campanil desta catedral foi reconstruído várias vezes; o som dos sinos antecede
e acompanha vários momentos da nossa oração litúrgica. Sempre que rezamos,
somos feitos de novo por Deus, firmes como um campanil, felizes por divulgar as
maravilhas de Deus. Partilhemos o Magnificat e deixemos o Senhor fazer, através
da nossa vida consagrada, grandes coisas no Paraguai.
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Canção Nova
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