NOTA
SOBRE RISCOS DA INTRODUÇÃO DA "IDEOLOGIA DE GÊNERO"
NOS
PLANOS ESTADUAL E MUNICIPAIS DE EDUCAÇÃO.
O Congresso Nacional aprovou recentemente o Plano
Nacional da Educação. Os Estados e Municípios terão até o dia 24 de junho para aprovarem
os próprios planos para que as exigências estabelecidas nacionalmente sejam
seguidas e cumpridas localmente. Nós, os Bispos Católicos do Estado do Ceará,
reunidos no Conselho Episcopal Regional (CONSER) em Messejana, Ceará, nos dias
16 a 18 de junho de 2015, no exercício de nossa missão de Pastores, queremos
esclarecer no que se refere à "ideologia de gênero" nos Planos
Estadual e Municipais do Ceará.
Acreditamos que o futuro de nosso povo dependerá da
qualidade da educação que será oferecida às nossas crianças e adolescentes. Apesar
do fato que o Plano Nacional de Educação (PNE) ter sido votado no Congresso
Nacional e posteriormente sancionado em 2014 pela Presidenta da República, e
que neste Plano já foram retiradas as expressões referentes à "ideologia
de gênero", e que o Plano Nacional de Educação deve ser a bússola que
orienta os Planos Municipais de Educação, mais uma vez projetos enviados aos
Legislativos Municipais incluíram a "ideologia de gênero"!
Diante desta situação, incumbe-nos, enquanto
Pastores Cristãos, saber exatamente o que é essa ideologia bastante comentada,
mas pouco definida, quais são seus objetivos, e qual deve ser a nossa posição perante
ela. A ideologia de gênero é uma tentativa de afirmar para todas as pessoas que
não existe uma identidade biológica em relação à sexualidade. Quer dizer que o
sujeito, quando nasce, não é homem nem mulher, não possui um sexo masculino ou
feminino definido, pois, segundo a ideologia de gênero, isto é uma construção
cultural e social.
Um documento da Conferência Episcopal Peruana,
talvez o mais completo realizado sobre este tema em termos eclesiais, revela
que por trás desta ideologia está uma estrutura de desconstrução social.
Segundo esse documento "Está claro,
portanto, que a meta dos promotores da ‘perspectiva do gênero', fortemente
presente em Pequim, é de atingir uma sociedade sem classes de sexo. Por isso,
propõem desconstruir a linguagem, as relações familiares, a reprodução, a
sexualidade, a educação, a religião, e a cultura, entre outras coisas".
De acordo com a "Ideologia de Gênero", o
sexo já não é considerado um elemento dado pela Natureza, e que o ser humano
deve aceitar e estabelecer um sentido pessoal para sua vida.
Nós os Bispos do Ceará afirmamos que não se podem desconsiderar
aspectos biológicos e psicológicos originários da própria natureza. O ser
humano nasce masculino ou feminino, nisso se expressa sua identidade!
Em sua catequese das quartas feiras no Vaticano, no
dia 15 de abril passado, o Papa Francisco alertou o povo de Deus sobre a gravidade
da "Ideologia de Gênero" que está crescendo em nosso país e no mundo.
Ele questiona: "Pergunto-me, por exemplo,
se a chamada teoria de gênero não é expressão de uma frustração e resignação,
com a finalidade de cancelar a diferença sexual por não saber mais como lidar
com ela. Neste caso, corremos o risco de retroceder... A eliminação da
diferença, com efeito , é um problema, não uma solução. Para resolver seus
problemas de relação, o homem e a mulher devem dialogar mais, escutando-se, conhecendo-se
e amando se mais" (ZenitOrg).
Pedimos que diante dessa ameaça aos valores da
família, do cristianismo e da sociedade em geral, que os governantes do
Legislativo e dos Municípios assumam uma posição que garanta para as novas
gerações de crianças e adolescentes uma escola que promova a família, tal como
a entendem a Constituição Federal de 1988 (artigo 226) e a tradição cristã, que
moldou a cultura brasileira. Rejeitamos a implantação e divulgação da "Ideologia
de Gênero" e reafirmamos a "prioridade da família, fundada no sacramento
do matrimonio entre um homem e uma mulher, como valor intrinsecamente
sagrado".
Que Deus abençoe e ilumine nossos legisladores e
todos que trabalham na educação das crianças e adolescentes. Queremos também solidarizar-nos
com todos os que sofrem discriminação na sociedade. Que as escolas ofereçam uma
educação que valorize a família e a prática das virtudes , acolhendo bem a
todos, seja qual for a orientação.
Messejana, Fortaleza , 16 de junho de
2015.
Dom Angelo Pignoli
Bispo
da Diocese de Quixadá
Vice
Presidente do Regional Nordeste 1 da CNBB
Dom Antônio Roberto Cavuto
Bispo
da Diocese de Itapipoca
Secretário
do Regional Nordeste 1 da CNBB
Dom Ailton Menegussi
Bispo
da Diocese de Crateús
Dom Rosarvo Cordeiro Lima
Bispo
Auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza
Pe. Lázaro Augusto Luzno fogueira
Administrador
Diocesano da Diocese de Iguatu
Dom José Haring
Bispo
da Diocese de Limoeiro do Norte
Dom Manuel Edmilson da Cruz
Bispo
Emérito de Limoeiro do Norte
Dom José Luiz Gomes de Vasconcelos
Bispo
Auxiliar da Arquidiocese de Fortaleza
Administrador
Apostólico da Diocese de Sobral
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