NOTA DA CNBB SOBRE A INCLUSÃO DA
IDEOLOGIA DE
GÊNERO NOS PLANOS DE EDUCAÇÃO
“Homem
e mulher ele os criou” (Gn 1,27)
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos
Bispos do Brasil-CNBB, reunido em Brasília, nos dias 16 a 18 de junho,
manifesta seu reconhecimento pelo importante trabalho de elaboração dos Planos
Estaduais e Municipais de Educação em desenvolvimento em todos os estados e
municípios brasileiros para o próximo decênio. A proposta de universalização do
ensino e o esforço de estabelecer a inclusão social como eixo orientador da
educação merecem nosso apoio e consideração ao apontar para a construção de uma
sociedade onde todas as pessoas sejam respeitadas.
A tentativa de inclusão da ideologia de gênero nos Planos
Estaduais e Municipais de Educação contraria o Plano Nacional de Educação,
aprovado no ano passado pelo Congresso Nacional, que rejeitou tal expressão.
Pretender que a identidade sexual seja uma construção eminentemente cultural,
com a consequente escolha pessoal, como propõe a ideologia de gênero, não é
caminho para combater a discriminação das pessoas por causa de sua orientação
sexual.
O pressuposto antropológico de uma visão integral
do ser humano, fundamentada nos valores humanos e éticos, identidade histórica
do povo brasileiro, é que deve nortear os Planos de Educação. A ideologia de
gênero vai no caminho oposto e desconstrói o conceito de família, que tem seu
fundamento na união estável entre homem e mulher.
A introdução dessa ideologia na prática
pedagógica das escolas trará consequências desastrosas para a vida das crianças
e das famílias. O mais grave é que se quer introduzir esta proposta de forma
silenciosa nos Planos Municipais de Educação, sem que os maiores interessados,
que são os pais e educadores, tenham sido chamados para discuti-la. A ausência
da sociedade civil na discussão sobre o modelo de educação a ser adotado fere o
direito das famílias de definir as bases e as diretrizes da educação que
desejam para seus filhos.
A CNBB reafirma o compromisso da Igreja em se somar
aos que combatem todo tipo de discriminação a fim de que tenhamos uma sociedade
sempre mais fraterna e solidária. Confia que a sociedade e o Estado cumpram seu
direito e dever de oferecer a toda pessoa os meios necessários para uma
educação livre e autêntica (cf. CNBB - Doc. 47, n. 73). Reafirma também o papel
insubstituível dos pais na educação de seus filhos e primeiros responsáveis por
introduzi-los na vida em sociedade.
Agradecemos a tantos que têm se empenhado na defesa
de uma educação de qualidade no Brasil, opondo-se até mesmo a excessos do
Estado que, muitas vezes, se sobrepõe ao papel dos pais e da família. A estes
exortamos a que, juntamente com educadores e associações de famílias, assumam
sua tarefa de protagonistas na educação dos filhos.
Que Deus inspire os legisladores na
responsabilidade que têm nesse momento e anime os educadores na nobre e sublime
tarefa de colaborar com os pais em sua missão de educar.
Brasília, 18 de junho de 2015.
Dom Sergio da Rocha
Arcebispo de Brasília-DF
Presidente da CNBB
Dom Murilo S. R. Krieger
Arcebispo de São Salvador da Bahia- BA
Vice-presidente da CNBB
Dom Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília-DF
Secretário Geral da CNBB
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