O Sínodo dos Bispos celebrado em Roma (04 a 25/10),
presidido pelo Papa Francisco, aborda “A Vocação e a Missão da Família no mundo
contemporâneo”. Estão presentes 270 bispos e 90 especialistas, entre
observadores, casais e representantes de igrejas cristãs. O Cardeal Peter Erdo,
relator geral, ao introduzir as temáticas específicas, citou algumas de teor
polêmico, tais como a comunhão aos divorciados e recasados, uniões civis,
uniões homossexuais, controle de natalidade, assistência às famílias em crise,
aborto e eutanásia.
Em todas as temáticas a Igreja deve manifestar o
olhar do coração de Cristo e não de um sociólogo ou jornalista. Considere-se
que, hoje, há percepções plurais sobre as formas institucionais da vida,
distantes da doutrina cristã. Há percepções diferentes nas áreas
antropológicas, sociológicas e psicológicas. Há casais que convivem de forma
estável e que não contraem o Matrimônio no religioso ou no civil. Muitos não se
dispõem a assumir compromissos definitivos ou a responsabilidade inerente ao
Matrimônio conforme apregoa a Igreja. As instituições são questionadas e a
família vive a crise de instabilidade, incluindo a indissolubilidade
matrimonial. A alta taxa de divórcios e de uniões livres é fato comum. Entanto,
a Igreja procura a pedagogia evangelizadora, acompanhando jovens e casais que
vivem em situações particulares.
Divorciados e recasados podem se integrar na vida
da comunidade eclesial de várias formas, diferente da admissão à Eucaristia.
Quem coabita e vive em situações especiais pode e deve ser acompanhado na fé e
incentivados à prática das boas obras. A misericórdia do Evangelho não nega a
indissolubilidade do Matrimônio, como nos ensina Jesus. A fidelidade à verdade
consiste em manifestar a misericórdia de Deus. O perdão ao pecador vincula-se à
conversão. O fracasso de um Matrimônio considera que ambas as partes têm
responsabilidade, mas nem sempre uma culpa idêntica. Porém, a convivência em
novo relacionamento não se equipara ao sacramento do Matrimônio. Esse fator
impede o acesso à Eucaristia. A comunidade eclesial acolhe os filhos que se
tornam vítimas de situações desencontradas e encoraja os esposos a perseverar
na fé e na vida cristã. A Igreja deve manter centros de escuta que orientem as
pessoas, quer na preparação para o Matrimônio, quer nas situações de crise. O
Evangelho segue o caminho do perdão e reconciliação de casais separados,
divorciados, recasados ou que vivem sós. Quanto às uniões homossexuais não há
fundamento que o equipare à família. A Igreja não aceita a discriminação e a
agressão às pessoas de condição homossexual.
Dom Aldo
Pagotto
Arcebispo da
Paraíba
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