O Arcebispo de Denver (Estados Unidos), Dom Samuel
Aquila, criticou a proposta de muitos bispos alemães – entre eles o presidente
da Conferência Episcopal Alemã, Cardeal Reinhard Marx –, e recordou o
testemunho de fidelidade cristã dos Santos Tomás Moro e João Fisher,
assassinados devido a sua oposição ao Rei Henrique VIII da Inglaterra, o qual
procurava divorciar-se e ter novas núpcias.
Através de um artigo intitulado “Tomás Moro e João Fisher morreram em vão?”,
Dom Samuel Aquila assinalou: “No Sínodo
sobre a Família que acontece até o dia 25 de outubro em Roma, alguns dos bispos
alemães e seus partidários estão pressionando para que a Igreja permita aos
divorciados em nova união receberem a comunhão, enquanto que outros bispos do
mundo inteiro insistem em que a Igreja não pode mudar os ensinamentos de
Cristo”.
“Isto nos
leva a perguntar: os bispos alemães acreditam que os Santos Tomás Moro e João
Fisher sacrificaram suas vidas em vão?”, questionou.
O Arcebispo americano recordou que 500 anos antes
dos atuais bispos alemães, o episcopado da Inglaterra “foi pioneiro neste
experimento em doutrina cristã”.
“O assunto em
questão nessa época não era se qualquer católico poderia casar-se novamente,
mas se o rei podia, porque sua esposa não lhe deu um filho homem”,
assinalou.
O Arcebispo explicou que “da mesma forma que alguns defendem o acesso a comunhão para aqueles
que se casaram novamente pelo civil, os bispos ingleses estavam incomodados com
a ideia de aceitar o divórcio e o novo casamento abertamente”.
“Em seu
lugar, escolheram modificar a lei de acordo com as circunstâncias individuais
do caso que enfrentavam, concedendo ao Rei Henrique VIII uma ‘anulação’ — de
maneira fraudulenta e sem ser aprovada em Roma”, recordou.
Enquanto a maioria de bispos ingleses, com o
Cardeal Thomas Wolsey como líder, apoiaram a tentativa do rei, o qual pretendia
desfazer seu primeiro e legítimo matrimônio, o Bispo de Rochester, Dom João
Fisher, e o leigo Tomás Moro – chanceler do rei – se opuseram.
“Ambos foram
martirizados e posteriormente canonizados”, indicou o Arcebispo de Denver.
Dom Aquila assinalou que os bispos alemães que hoje
tentam repetir o “experimento” do episcopado inglês na época de Henrique VIII
não procuram outra coisa a não ser uma “‘graça barata’ em vez de uma ‘graça
rica’”.
“Jesus nos
ensinou através de seu ministério que o sacrifício heroico é necessário para
aqueles que desejam segui-lo. Quando lemos o Evangelho com um coração aberto,
um coração que não põe o mundo e a história por cima do Evangelho e da
Tradição, vemos o preço do discipulado ao qual todo discípulo está chamado”.
O Arcebispo de Denver sublinhou que “seguindo as palavras do próprio Cristo, a
Igreja Católica sempre ensinou que divorciar-se e casar-se novamente é
simplesmente adultério sob outro nome”.
“E, sabemos
que a comunhão está reservada aos católicos em estado de graça. Aqueles que
vivem em situação irregular não podem participar desse aspecto da vida da
Igreja, embora sejam sempre bem-vindos na paróquia e possam participar das
missas”, escreveu.
Na opinião de Dom Aquila, “predizer a que nos
levaria tudo isto não é uma questão de conhecer o futuro, mas da simples
observação do passado. Somente olhando para a Igreja Anglicana, a qual abriu a
porta e logo aprovou a contracepção no século XX e por mais de uma década
permitiu o divórcio e casar-se novamente em certos casos”.
Os anglicanos procuraram uma autonomia como a que
hoje procuram alguns bispos alemães, assinalou, mas obtiveram como resultado “divisões internas e poucos membros em suas
comunidades”.
Em seguida, o Arcebispo de Denver destacou: “É inegável que a Igreja deve chegar aos
marginalizados da fé com a misericórdia, mas a misericórdia sempre diz a
verdade, nunca consente o pecado, e reconhece que a cruz é o coração do
Evangelho”.
“Em relação a
casar-se novamente, e muitas outras questões, ninguém poderia dizer que o
ensinamento da Igreja de Cristo é fácil. Mas o mesmo Cristo não adoçou os
ensinamentos mais importantes para que seus discípulos não se afastassem dele –
tanto sobre a Eucaristia, como o matrimônio”, precisou.
Dom Aquila assegurou ainda que, “como discípulos, sempre estamos chamados a
escutar a voz de Jesus por cima da voz do mundo, cultura ou história. A voz de
Jesus ilumina a escuridão do mundo e as culturas”.
“Oremos para
que todos os afetados escutem estas palavras de vida eterna, sem importar o
quanto seja difícil!”, concluiu.
______________________________________
ACI Digital
Nenhum comentário:
Postar um comentário