O que
significam aquelas inscrições na medalha?
Ao contrário do
que muitos pensam a medalha de São Bento não é um “amuleto da sorte”. Trata-se
de um sacramental, isto é, um sinal visível de nossa fé.
Na parte frontal
da medalha são apresentados uma cruz e entre seus braços estão gravadas as
letras C S P B, cujo significado é, do latim: Cruz Sancti Patris Benedicti –
“Cruz do Santo Pai Bento”.
Na haste
vertical da cruz leem-se as iniciais C S S M L: Crux Sacra Sit Mihi Lux –
“A cruz sagrada seja minha luz”.
Na haste
horizontal leem-se as iniciais N D S M D: Non Draco Sit Mihi Dux – “Não
seja o dragão meu guia”.
No alto da cruz
está gravada a palavra PAX (“Paz”), que é lema da Ordem de São Bento. Às vezes,
PAX é substituído pelo monograma de Cristo: I H S.
A partir da
direita de PAX estão as iniciais: V R S N S M V: Vade Retro Sátana Nunquam
Suade Mihi Vana – “Retira-te, satanás, nunca me aconselhes coisas vãs!” e S M Q
L I V B: Sunt Mala Quae Libas Ipse Venena Bibas – “É mau o que ofereces, bebe
tu mesmo os teus venenos!”.
Nas costas da
medalha está São Bento, segurando na mão esquerda o livro da Regra que escreveu
para os monges e, na outra mão, a cruz.
Ao redor do
Santo lê-se a seguinte jaculatória ou prece: EIUS – IN – OBITU – NRO –
PRAESENTIA – MUNIAMUR – “Sejamos confortados pela presença de São Bento na hora
de nossa morte”.
É representado
também a imagem de um cálice do qual sai uma serpente e um corvo com um pedaço
de pão no bico, lembrando as duas tentativas de envenenamento, das quais São
Bento saiu, milagrosamente, ileso.
Milagres
de São Bento
O
Milagre da taça envenenada
Havia um
mosteiro cujo abade havia falecido, e a comunidade dirigiu-se ao venerável
Bento, rogando-lhe todos os monges insistentemente que os dirigisse. Ele
negou-se durante muito tempo, dizendo-lhes antemão que seu modo de proceder não
se ajustaria ao daqueles irmãos, mas, vencido afinal por suas insistentes
súplicas, acabou por consentir.
Impôs então
àquele mosteiro a observância da vida regular, não permitindo a ninguém
desviar-se ou viver como antes. Os irmãos daquele mosteiro, irritados com tanta
severidade, começaram por se recriminar terem-lhe pedido que os governasse,
pois sua vida “torta” estava em conflito com aquele modelo de retidão. Dando-se
conta de que sob o governo de Bento não mais lhes seriam permitidas coisas
ilícitas, e doendo-se por terem que renunciar a seus antigos costumes,
pareceu-lhes duro, por outro lado, verem-se obrigados a adotar costumes novos com
seu espírito envelhecido; por tudo isso, e também porque aos depravados a vida
dos bons parece algo intolerável, tramaram matá-lo. E depois de decidi-lo em
conselho, puseram veneno no seu vinho – (isso é representado por uma taça
de cristal quebrada com o sinal da Cruz apresentada nas costas da
medalha).
Quando foi
apresentada ao abade, ao sentar-se à mesa, a taça de cristal que continha a
bebida envenenada para que, segundo o costume do mosteiro, a abençoasse, Bento,
levantando a mão, fez o sinal da Cruz e com ele se quebrou a taça que ainda
estava a certa distância.
E de tal modo se
rompeu aquela taça de morte que mais parecia que, em lugar da Cruz, fora uma
pedra que a atingira. Compreendeu logo o homem de Deus que a taça continha uma
bebida de morte, e que não podia suportar o sinal da vida. Depois disso,
relembrou aos monges o que tinha dito a respeito de suas regras severas que não
se adaptariam a eles, e deixou este mosteiro.
O
milagre do pão envenenado e o corvo
Um presbítero
conhecido de São Bento, obcecado pelas trevas a tal ponto que chegou a enviar
de presente ao servo de Deus todo-poderoso um pão envenenado. O homem de Deus o
recebeu agradecido, mas não lhe ficou oculta a peste que no pão se ocultava.
Ora, acontecia que à hora da refeição costumava vir da floresta próxima um
corvo, que recebia pão das mãos de Bento. O Corvo é representado nas costas da
medalha.
Quando então
chegou como de costume, o homem de Deus lançou diante do corvo o pão envenenado
do presbítero, e deu-lhe esta ordem: “Em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo,
toma esse pão e atira-o num lugar tal que não possa ser achado por ninguém”. O
corvo, então, de bico e asas abertos, começou a esvoaçar e a crocitar em redor
do pão como se dissesse claramente que queria obedecer, mas não podia. No
entanto, o homem de Deus ordenava repetidas vezes: “Leva, leva sem medo, e vai
jogá-lo onde não possa ser encontrado”. Finalmente, depois de hesitar por muito
tempo, o corvo tomou o pão no bico e, levando-o, partiu. Ao cabo de três horas
voltou sem o pão, que lançara fora, e recebeu das mãos do homem de Deus a ração
costumeira.
O poder
da Santa Cruz
Conta-se, por
volta do ano 1647, que feiticeiras da Baviera, acusadas de suas maldades
contra o povo daquela região, confessaram ver seus feitiços inteiramente
anulados pelo poder da Cruz; e que em todos os lugares, aonde estivesse a Santa
Cruz, seus malefícios nunca tinham efeito.
Contaram ainda
que, especialmente no Mosteiro de Metten, nunca conseguiram êxito em suas
maldades e concluíam que isto se devia ao fato da existência de alguma Cruz
naquele lugar.
Por causa disto,
as autoridades locais foram consultar os monges da Abadia de Mette sobre o
assunto. Depois de muito procurarem, localizaram de fato que o mosteiro era
repleto de cruzes gravadas nas paredes e com uma inscrição acima. Era preciso
descobrir o porquê e por quem as cruzes foram gravadas.
Suas
investigações os levaram à biblioteca, a um antigo livro escrito por ordem do
Abade Pedro, no ano de 1415. O livro transcrevia antiquíssimos, entre eles
vários sobre a Cruz, com inúmeros desenhos a bico de pena realizados por um
monge anônimo.
Um destes
desenhos era justamente São Bento tendo na mão direita um bastão em forma de
Cruz, e acima do bastão estava o texto: CRUX SACRA SIT MIHI LUX NO DRACO SIT
MIHI DUX, e da outra mão sai uma flâmula com as frases: VADE RETRO SÁTANA
NUMQUAM SUADE MIHI VANA, SUNT MALA QUAE LIBAS IPSE VENENA BIBAS (A cruz sagrada
seja minha luz, não seja o dragão meu guia. Retira-te, satanás, nunca me
aconselhes coisas vãs. É mau o que ofereces, bebe tu mesmo os teus venenos).
A medalha é
eficaz no combate direto a satanás, às tentações, contra doenças e picadas de
animais como cobras e na proteção de automóveis.
Prof.
Felipe Aquino
É doutor em Engenharia Mecânica
pela UNESP e mestre na mesma área pela UNIFEI. Foi diretor geral da FAENQUIL
(atual EEL-USP) durante 20 anos e atualmente é Professor de História da Igreja
do “Instituto de Teologia Bento XVI” da Diocese de Lorena e da Canção Nova.
Cavaleiro da Ordem de São Gregório Magno, título concedido pelo Papa Bento XVI,
em 06/02/2012. Foi casado durante 40 anos e é pai de cinco filhos. Na TV Canção
Nova, apresenta o programa “Escola da Fé” e “Pergunte e Responderemos”, na
Rádio apresenta o programa “No Coração da Igreja”. Nos finais de semana prega
encontros de aprofundamento em todo o Brasil e no exterior. Escreveu 73 livros
de formação católica pelas editoras Cléofas, Loyola e Canção Nova.
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Disponível em: Cleofas
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