A
Liturgia inicia o mês de Novembro propondo as realidades últimas; aquelas que
ainda não conhecemos plenamente, mas que sabemos existir por terem sido
reveladas por Jesus Cristo. É uma proposta, da parte da Liturgia, feita com
serenidade, em clima de reflexão e de oração, convidando cada celebrante a
cultivar em sua vida a vigilância.
A vigilância
é uma virtude cristã que nos deixa sempre preparados para o encontro do Senhor.
Não nos deixa prevenidos, mas preparados, como ensina Jesus na parábola das
virgens prudentes (Mt
25,1-3). Nos
dias e nos anos que bondosamente recebemos de Deus para viver, corremos o risco
da distração devido aos muitos apelos, nem todos saudáveis, capazes de
comprometer a espiritualidade de um discípulo e discípula de Jesus. Por isso, a
importância da vigilância na vida cristã. É cultivando a virtude da vigilância
que fortalecemos a fé, a confiança e a esperança na vida futura. Neste sentido,
o cristão crê que a morte não é a última palavra para quem coloca sua vida
nas mãos de Deus, para quem vive no temor de Deus todos os momentos da sua
vida. A virtude da vigilância, na celebração dos Fiéis Defuntos, tem a função
de acender a esperança nos celebrantes, incentivando-os a superar todas as
adversidades da peregrinação existencial, especialmente o medo da morte. A
esperança, neste caso, aparece com uma promessa concreta: Jesus promete que
preparou um lugar para cada um de nós. Viver na vigilância, portanto, para não
perder o lugar que Jesus preparou para cada um de nós.
Além de
relacionar vigilância cristã com o viver preparado para o encontro com o
Senhor, a virtude da vigilância, presente na Liturgia, tem a ver com a busca da
santidade. É pela vigilância cristã que o desejo da santidade vive em nós como
um incentivo perene para não nos perder nos atrativos do mundo. Ser santo é
viver é Deus e, para isso, a necessidade de jamais se deixar contaminar pelas
propostas mundanistas, como celebrado na comemoração de “Todos os Santos
Santas”. É buscando a santidade para nossas vidas que nos deparamos com o apelo
mais forte em favor da vigilância, na Liturgia: tudo passa, tudo passará,
somente Deus permanece. Buscar a santidade de modo vigilante, não se distraindo
e, principalmente, não se envolvendo com os atrativos do mundo.
É com
este espírito e neste clima que a Liturgia celebra seus últimos Domingos do
Tempo Comum. Um clima com a finalidade de abrir os olhos dos celebrantes para
viver na vigilância, porque nada do que existe no mundo continuará para sempre.
Assim, a Palavra do 33DTC-C incentiva o fortalecimento da esperança no Senhor.
Ora, isto acontece pelo cultivo da vigilância, prontos para não ceder aos
apelos do mundo. Um apelo que une vigilância e perseverança na fé. Um apelo que
se relaciona a outra virtude, sempre necessitada para nossas vidas: o
discernimento. Sem o discernimento, a vigilância nos torna reprimidos e
prisioneiros de medos.
Cristo
Rei – Conclusão do Ano Santo da Misericórdia
Na
conclusão do Ano Santo da Misericórdia, que acontece na Solenidade de Jesus
Cristo Rei do Universo, a vigilância é reforçada, fortalecida, melhor dizendo,
na medida que somos capazes de contemplar o amor misericordioso de Deus,
manifestado em Jesus Cristo, especialmente em sua Cruz, a fonte da misericórdia
divina que resgata a humanidade inteira. É uma celebração para agradecer a
conclusão do Ano Santo da Misericórdia e para louvar a misericórdia divina
derramada sobre o mundo, do alto da Cruz.
Viver na
vigilância para não viver a fé na indiferença
Por fim,
a título de conclusão, o início de um novo Ano Litúrgico convida a olhar a
realidade da vida e dos relacionamentos sociais de modo diferenciado, com o
olhar da fé e o olhar da esperança. Quem vive na vigilância não olha o mundo e
a sociedade com desconfiança e com julgamentos, mas se motiva ao empenho de
mudar a situação para melhor. É o que celebramos no 1º Domingo do Advento, no
início de um novo Ano Litúrgico.
A
vigilância ajuda-nos a não se estacionar nos acontecimentos que se veem com os
olhos do rosto, mas lançar um olhar além, para ver o modo como Deus vê a
realidade do mundo, como ele age e como se comunica conosco através dos sinais.
O viver vigilante — o grande convite deste 1º Domingo do Advento — é não
permitir que o ordinário da vida (nossas rotinas) apague as luzes da fé e da
esperança de nossos olhos, tornando-nos indiferentes. Cada momento da vida, por
mais ordinário e rotineiro que seja, pode ser momento do encontro com o Senhor.
Serginho
Valle
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Serviço de Animação Litúrgica
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