quarta-feira, 5 de abril de 2017

Ataque químico deixa ao menos 58 mortos na Síria (imagens fortes!)


Um suposto ataque químico, do qual vários países acusaram o regime de Bashar al-Assad, deixou nesta terça-feira ao menos 58 mortos e 170 feridos, incluindo muitas crianças, que sofriam convulsões e problemas respiratórios, em uma localidade rebelde da Síria.

O bombardeio provocou uma onda de condenação internacional e Washington, Paris e Londres responsabilizaram o governo de Assad, que desmentiu categoricamente qualquer envolvimento.

O Conselho de Segurança da ONU se reunirá em caráter de urgência para examinar as circunstâncias dos bombardeios que atingiram na manhã desta terça-feira Khan Sheikhun, uma pequena cidade da província de Idlib, reduto dos rebeldes e extremistas no noroeste da Síria.

“Ouvimos bombardeios (…) Corremos para dentro das casas e havia famílias mortas. Vimos crianças, mulheres e homens mortos nas ruas”, contou à AFP uma testemunha, Abu Mustafá.

Vídeos de militantes anti-regime mostravam corpos sem vida sobre as calçadas e outras pessoas sofrendo espasmos e episódios de asfixia.


As vítimas “têm as pupilas dilatadas, convulsões, espuma saindo da boca”, explicou Hazem Shahwane, um socorrista entrevistado em um dos hospitais da cidade.

Ao menos 11 crianças faleceram, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

Este é o “segundo ataque químico mais mortífero do conflito na Síria”, depois do que deixou mais de 1.400 mortos em 2013, disse a organização, que não pôde especificar que tipo de gás venenoso havia sido utilizado.

– ‘Responsabilizar’ –

Crianças sírias esperam receber tratamento em um hospital depois do ataque químico que matou 58 pessoas

O enviado especial das Nações Unidas para a Síria, Staffan de Misutra, declarou que a ONU quer “identificar claramente as responsabilidades”.

Reagindo ao cair da noite, o exército sírio desmentiu “categoricamente ter usado hoje (terça-feira) substâncias químicas ou tóxicas em Khan Sheikhun (…)” e ressaltou que “nunca as utilizou, em nenhum momento, em nenhum lugar e que não fará isso no futuro”, afirmaram as forças armadas em um comunicado publicado pela agência oficial Sana.

O governo sírio, que ratificou a Convenção sobre a Proibição de Armas Químicas em 2013, desmentiu em muitas ocasiões o uso de armas químicas, mas as acusações contra Damasco de que utiliza tais armas se sucedem, e uma investigação liderada pela ONU apontou que o regime fez ao menos três ataques de cloro em 2014 e 2015.

O exército russo, o principal aliado do regime sírio, disse que também não realizou nenhum bombardeio na área afetada.

Ainda assim, a oposição síria acusou o regime de ter utilizado “morteiros com gás químico”. Este “crime horrível” lembra o ataque do verão de 2013 perto de Damasco, que a comunidade internacional deixou “impune”, acrescentou, alertando que “colocava em xeque” o processo de paz destinado a acabar com um conflito que já dura mais de seis anos.

Imagens do ataque químico na Síria, ocorrido em 2013

– ‘Intolerável’ –

Classificando o ataque de intolerável, Sean Spicer, porta-voz do presidente americano, Donald Trump, denunciou um “ato condenável” do regime de Assad.

Para o presidente francês, François Hollande, “mais uma vez o regime sírio nega a evidência de sua responsabilidade neste massacre”.

“Embora não possamos estar seguros do ocorrido, ele tem todas as características dos ataques de um regime que usou reiteradamente armas químicas”, disse o ministro das Relações Exteriores britânico, Boris Johnson, em um comunicado.

A correspondente da AFP em Khan Sheikhun viu equipes de saúde tentando socorrer uma jovem, mas em vão. Seu pai, destroçado pela dor, a pegou nos braços, beijou seu rosto e a levou para fora do hospital.

Crianças afetadas pelo ataque químico chegam a um hospital para receber ajuda

A jornalista também viu pacientes com espuma saindo da boca. Muitos foram pulverizadas com água enquanto os médicos tentavam reanimá-los.

Segundo a correspondente, o hospital foi bombardeado posteriormente, provocando grandes danos no centro de saúde e a fuga dos médicos entre os escombros.

O ataque desta terça-feira coincide com o início de uma conferência de dois dias em Bruxelas sobre o futuro da Síria patrocinada pela União Europeia e pelas Nações Unidas, mas não é esperada a presença de alguns atores-chave, como Rússia e Turquia.

O Papa condenou o ataque na Síria contra civis inermes: um massacre inaceitável


No final da catequese, o massacre causado pelo ataque químico realizado na Síria foi recordado pelo Papa durante a audiência geral da manhã desta quarta-feira, 5 de abril. 

“Assistimos aterrorizados aos últimos acontecimentos na Síria. Exprimo a minha firme deploração pela inaceitável matança, ocorrida ontem na província de Idlib, onde foram assassinadas dezenas de pessoas inermes, entre as quais tantas crianças. Rezo pelas vítimas e pelos familiares e apelo à consciência dos responsáveis políticos, em nível local e internacional, para que cesse esta tragédia e seja dado alívio àquela população, há tanto tempo extenuada pela guerra. Encorajo também os esforços de quem, apesar da insegurança e do desconforto, trabalha para levar ajuda aos habitantes daquela região”. (MT)

Hospital que tratava vítimas de ataque com gás tóxico na Síria foi bombardeado


O hospital que estava a receber os feridos do ataque com gás tóxico em Khan Cheikhoun, no noroeste da Síria, foi bombardeado, constatou no local um correspondente da Agência France Presse.

A mesma fonte indicou que o bombardeamento visou uma parte do hospital e que alguns médicos foram vistos no meio dos escombros.

Este hospital estava a tratar os feridos do ataque com gás tóxico em Khan Cheikhoun, que segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) provocou pelo menos 58 mortos, entre eles 11 menores.

A organização não-governamental, que citou fontes médicas e ativistas, acrescentou que alguns feridos do ataque, perpetrado por aviões não identificados, apresentavam sintomas de asfixia, vómitos e dificuldade de respirar.

O observatório indica ainda que balanço de vítimas mortais poderá aumentar tendo em conta o elevado número de feridos.

Os ativistas sírios descreveram o ataque como um dos piores com gás tóxico no país em seis anos de guerra civil e disseram não ter ainda indicação sobre qual o tipo de gás utilizado.

De acordo com os mesmos ativistas, o ataque em Khan Cheikhoun, província de Idleb, foi causado por um bombardeamento aéreo levado a cabo ou pelo governo sírio ou por aviões de guerra russos.

A oposição síria já pediu ao Conselho de Segurança da ONU que abra com urgência um inquérito sobre o ataque com "gás tóxico" perpetrado, segundo disse, pelo regime de Bachar al-Assad no noroeste do país.

A maior parte da província de Idleb está sob controlo de fações rebeldes e islâmicas, entre elas o Organismo de Libertação do Levante, a aliança formada em torno da ex-filial síria da Al Qaeda.

Nos últimos dias têm-se registado vários bombardeamentos, alegadamente com gases, no norte da Síria.

No passado dia 30 de março, mais de 50 pessoas ficaram feridas ou com sintomas de asfixia devido a ataques perpetrados por aviões e helicópteros não identificados, alguns com substâncias químicas, na província de Hama, vizinha de Idleb.
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Aleteia / Rádio Vaticano / Visão

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