A semelhança do jovem santo polonês com o contemporâneo São Luís Gonzaga é extraordinária. Ambos provinham de rica e nobre família e conservavam a mesma candura em uma sociedade frívola, à qual se subtraíram com coragem, indo fazer parte da Companhia de Jesus.
Quando pequeno, não podia suportar que proferissem qualquer palavra contrária à glória de Deus em sua presença. Conta-se que num fausto banquete oferecido pelo senador Kostka, um príncipe aficionado às novas idéias da Reforma Protestante, não se contendo, estalou em impropérios contra a Igreja Romana e o próprio Deus. Viu-se, então, o menino cair desmaiado diante de todos. Consternados, os convivas perguntavam donde provinha tal mal-estar, e calavam de estupor ao saber que diante do pequeno Estanislau não se podia ofender a Deus.
Aos 13 anos, Estanislau foi confiado aos jesuítas de Viena para completar os estudos. Dado que as autoridades austríacas haviam requisitado o edifício do colégio reservado para os estudantes forasteiros, Estanislau teve de recorrer a um quarto de aluguel, como todos os outros alunos, os quais, todavia, longe dos olhos dos severos mestres, foram presa fácil do belo mundo vienense.
No terceiro ano da estadia em Viena a saúde de Estanislau sucumbiu ao peso da vida sacrificada que levava, e ele adoeceu gravemente. Espalhou-se o rumor de que corria risco de morte, e Paulo desesperou- se ao pensar em voltar para casa com o irmão morto. O santo doente implorou, então, a presença de um sacerdote e o Viático, pois a cada hora diminuíam-lhe, sensivelmente, as forças físicas. Kimberker, o dono da faustosa pensão onde se hospedavam, negou-lhe taxativamente este supremo consolo, sob pena de expulsá-los de seus aposentos caso um sacerdote católico adentrasse àquele recinto.
A esse duro golpe, a Fé de Estanislau não esmoreceu. Rezou fervorosamente e confiou contra toda esperança.
Qual não foi seu estupor ao ver numa manhã aproximarem- se três refulgentes anjos acompanhados de Santa Bárbara, trazendo-lhe a Sagrada Comunhão e cumulando sua alma de consolações e alegrias!
Se a maldade dos homens lhe negara o que havia de mais sagrado, não seria a Providência Divina que o deixaria desamparado.
Pouco depois ele viu aproximar- se de seu leito a figura soberana da Santíssima Virgem, que trazia nos braços seu Divino Filho e lhe sorria. Num gesto maternal, ela depositou o Infante nos braços do pobre enfermo, e o Menino Jesus o cobriu de afagos.
Naquele momento, todas as perseguições esvaeceram- se, os incontáveis sofrimentos pareceram-lhe como pó... Sim, valia a pena sofrer todas as privações para gozar daquele convívio celestial! Sentindo as forças voltarem-lhe repentinamente, ele ouviu a voz suavíssima da Rainha dos Céus:
- "Agora que te curei, entra na Companhia de meu Filho! É Ele que o quer!".
Resta apenas um caminho: o "impossível"
O assombro que sua cura milagrosa provocou não foi pequeno. Revigorado e indescritivelmente feliz, Santo Estanislau pediu admissão ao Padre Provincial da Áustria, que não podia desprezar os sinais inequívocos de sua vocação. Contudo, recebê-lo sem o consentimento paterno seria uma imprudência que acarretaria trágicas conseqüências. Foi-lhe negado o acesso à congregação em que Nossa Senhora o mandara entrar. Que aflitivo paradoxo...
A chama de entusiasmo e fervor que a visita celestial acendeu-lhe na alma foi tão grande que não se apagaria diante dessa primeira negativa. Ele estava disposto a bater em quantas casas dos jesuítas houvesse no mundo, certo de que alguma delas haveria de recebê-lo. Se o pai não o autorizava a seguir o chamado celestial, só lhe restava uma saída para levar ao perfeito cumprimento o mandato de Maria Santíssima: fugir.
Numa madrugada soturna, disfarçado de peregrino e sem ter levantado qualquer tipo de suspeita, Estanislau partiu para a Alemanha. Foi a pé de Viena a Dillengen. Lá, finalmente pôde ser compreendido por São Pedro Canísio, que o admitiu na Companhia de Jesus, julgando, porém, que a permanência na Alemanha não o deixa seguro da tirania de seu pai. O local mais indicado era Roma, onde São Francisco de Borja, o Superior Geral, haveria de protegê-lo. Foi assim que ele partiu para atravessar os Alpes, os Apeninos, e chegar à Cidade Eterna, após dois meses de caminhada heróica e incansável. Transpôs, sem titubear, praticamente metade da Europa!
Aos dias de incomparável alegria passados no noviciado, seguiram-se as ameaças vindas da Polônia. O pai, sem conter o ódio, exigiu seu retorno a qualquer custo, pois ter um filho sacerdote seria "uma desonra para a família".
Entretanto, bem diversos eram os desígnios de Deus. Nossa Senhora aparecera-lhe em Roma, e viera chamá- lo, dizendo que lhe restava pouco tempo de vida. Sua alma já estava pronta para o Céu!
Assim, numa festa da Santíssima Virgem, ele comentou que muito em breve haveria de morrer. Ninguém acreditou. Subitamente, de um leve mal-estar, desencadeou-se no noviço uma forte febre e ele expirou santamente na festa da Assunção de Maria Santíssima, 15 de agosto de 1568.
Como estava equivocado o nobre senador da Polônia! Deus havia reservado ao jovem Estanislau uma glória insuperável e eterna. Se hoje no mundo inteiro sua família é conhecida, e se tem a honra de figurar de forma indelével na memória da Santa Igreja, não é senão porque ali fulgurou o brilho da santidade de seu filho. Santo Estanislau Kostka provou para os jovens de todos os tempos que um homem vale na medida em que corresponde generosamente ao chamado de Deus e deseja as coisas do Alto.
Foi canonizado em 1767.
Juntamente como São Luiz Gonzaga e João Berckmans, tornou-se padroeiro da juventude.
Ó perfeito imitador de Jesus Cristo, verdadeiro devoto de Maria santíssima, mãe nossa, glorioso nosso advogado, santo Estanislau Kostka! Apesar de sermos indigníssimos de invocar-te, contudo, graças à confiança na tua grande caridade, agora e sempre, queremos suplicar-te, a fim de que, pelos méritos e intercessão de Maria santíssima e de todos os Anjos e Santos, principalmente, pelos méritos infinitos de Nosso Senhor Jesus Cristo, nos obtenhas todos os dons e todas as graças, para sermos todos santos e perfeitos, como o Pai celeste. Possamos valer-nos do incompreensível dom da santíssima Eucaristia e do dom da devoção à nossa querida mãe Maria, conforme desejo de Deus. Chegaremos assim a cantar, para sempre, as divinas misericórdias no céu.
- Rogai por nós, santo Estanislau.
- Para que sejamos dignos das promessas de Cristo.
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