Muitos cristãos, inclusive católicos, estão apavorados com a possibilidade de que, em breve, os governos de todo o mundo obriguem os cidadãos a usar microchips sob a pele. Protestantes neopentecostais, sempre “ungidos” com aquele pudê de correta interpretação da Bíblia (aham…) estão garantindo que os chips implantados sob a pele são a concretização dessa profecia do Apocalipse:
"Conseguiu que todos,
pequenos e grandes, ricos e pobres, livres e escravos, tivessem um sinal na mão
direita e na fronte, e que ninguém pudesse comprar ou vender, se não fosse
marcado com o nome da Fera, ou o número do seu nome. Eis aqui a sabedoria! Quem
tiver inteligência, calcule o número da Fera, porque é número de um homem, e
esse número é seiscentos e sessenta e seis." (Ap 13,16-18)
Vejam a matéria que a TV da Igreja Universal do Reino de Deus preparou
sobre o assunto (filme B de terror perde):
Depois dessa dose cavalar e quase suicida de exegese
bíblica destrambelhada – ou melhor, de exeJEGUE bíblica –, vamos aos fatos. É
possível que, no futuro, todos os cidadãos tenham que usar microchips sob a
pele? Sim, é possível. Será algo bom? Será algo ruim? Não sabemos. Por
enquanto, como disse Dom Estêvão Bettencourt,do ponto de vista religioso só
podemos dizer que o uso dessa tecnologia é algo neutro (Fonte: Revista
P&R, Nº 486 – Ano 2002 – p. 496).
Os profetas histéricos anti-chip argumentam que
essa tecnologia seria usada por um governo mundial para controlar a vida das
pessoas. Isso é bem provável, mas… Meninos, vocês estavam onde quando
estourou o escândalo WikiLeaks? Em Marte? Os governos e empresas já têm amplo
acesso a cada passo de seus cidadãos e consumidores, pois quase tudo o que fazemos
é registrado em nossos computadores pessoais (PCs, smatphones, tablets etc.) e
ligações telefônicas. Isso sem falar nas câmeras espalhadas em quase todos os
ambientes que frequentamos.
O chip sob a pele, se for implantado em uma escala
global, vai somente intensificar uma realidade já bastante ampla: temos muito
pouca privacidade e nossos passos são quase todos monitorados e registrados por
governos e empresas. Isso é bizarro e preocupante? Sim. Poderá trazer muitos
males? Talvez, o tempo dirá. E a Igreja certamente nos alertará, caso
necessário.
Mas que fique claro: ninguém será condenado por
aderir a um sistema de identificação eletrônico. Podemos ser condenados,
isso sim, por aderir a valores e ideologias anticristãs. Isso sim é a
verdadeira Marca da Besta, a marca da mundanidade.
A marca da
besta dos tempos de João
Os estudiosos do Apocalipse concordam que o
número 666 se refere a Nero César, imperador que iniciou uma terrível
perseguição contra os cristãos. Sua maldade era tamanha que os cristãos começaram
a chama-lo de “besta”. Essa explicação é bastante plausível, pois São João
deixa claro que o número da besta é “número de um homem”.
Escrevendo o nome de Nero em letras hebraicas,
temos:
N
R W
N
Q S R
50 200
6 50
100 60 200 = 666
Nos tempos do Apóstolo João, os cristãos iam ao
mercado, e era constrangedor – e até mesmo perigoso – não ofertar algumas
pedras de incenso a alguma das muitas esculturas de deuses pagãos. Se um
comerciante cristão tinha uma venda, as pessoas estranhavam o fato de não haver
nenhuma imagem de ídolo ali. Tais esculturas estavam presentes em toda a parte,
e os cristãos despertavam desconfiança e hostilidades por não prestarem culto a
elas.
Portanto, como diz o Apocalipse, as atividades de
compra e venda dos cristãos ficavam comprometidas por sua fidelidade ao
Evangelho.
Com a desculpa de proteger suas famílias, muitos
cristãos começaram a fingir que adoravam os falsos deuses, para evitar
problemas. Alguns eram funcionários públicos, e não queriam perder seus cargos
e seu prestígio. Muito provavelmente, pensavam consigo mesmos: “Não adoro esses
falsos deuses, mas tenho que ceder em algo, para poder sobreviver. Mas em meu
coração continuo adorando só a Jesus”. Porém, seu testemunho de idolatria e
traição estava dado diante do mundo.
Se o 666 é o número de um homem – representante de
um grande poder (no caso, o Império Romano) – receber a marca da besta
significa se curvar à idolatria imposta por esse homem, traindo, assim, os
valores de sua fé.
Receber a marca da besta, portanto, é adotar os
pensamentos da Besta, a sua ideologia (marca na fronte) e praticar as obras que
a besta mandar (marca na mão). Não tem nada a ver com fazer tatuagem na mão ou
na testa, ou implantar ali um chip.
A marca da
besta nos dias de hoje
O Apocalipse, bem diferente do que muitos pensam,
não é um livro que fala unicamente sobre o Fim dos Tempos: ele comunica uma
mensagem que é sempre atual, pois traz à tona a realidade de perseguição e
sofrimento vivida pelos cristãos em todas as épocas.
Tal perseguição se intensifica e se mostra mais
feroz de tempos em tempos. Todo poder e tirania que se levanta para tentar
aniquilar o povo cristão é uma nova Besta do Apocalipse, assim como Nero o foi.
Em países dominados por ditaduras comunistas e em
muitos países de maioria muçulmana vemos correr o sangue dos mártires, sem
cessar. No Ocidente a perseguição também é duríssima, mas não fere nem mata o
corpo, é pior: ataca e mata a alma. Pela imposição ideológica que se infiltra
na nossa cultura, na mídia e nas instituições educacionais, os cristãos sofrem
grande pressão para negar Jesus Cristo, pela aceitação dos valores que
Jesus e Sua Igreja condenam.
Também a ONU tem feito o seu papel de Anticristo:
promove a sexualização infantil, o aborto, a anticoncepção, a aceitação social
do casamento gay e a ideologia de gênero. Uma ex-funcionária da ONU, Amparo
Medina, já veio a público denunciar que seu trabalho era minar a fé católica e
implantar a cultura de anticoncepção e o aborto em todos os países.
Ora, quem concorda ou colabora com essa agenda anticristã nada mais faz do
que receber em si a Marca da Besta.
Assim age, nos dias de hoje, uma multidão de
cristãos: frequentam a Igreja, praticam suas devoções, mas no mundo agem como
os pagãos. É o tipo de gente que tem medo de perder o emprego, de ser
excluído pelos amigos ou sofrer algum prejuízo por causa de sua fé. E
abraçam as ideias do mundo, o espírito do mundo, achando que pode se
salvar caminhando em cima do muro. Iludidos! Adoradores da Besta!
A oposição à ideia da implantação universal de
microchips sob a pele é bastante válida e razoável. O que não dá é pra cair em
delírio protestante e dizer que o chip é a marca da besta.
Fiquem atentos, pois esse alarmismo todo só
serve para nos distrair e nos desviar do que deve ser o nosso foco: a
nossa conversão diária, a nossa luta contra os nossos pecados, dia após dia. As
famílias estão se desfazendo, a castidade é rara, a heresia invade nossos
templos, o relativismo impera, a fé cristã esmorece na Europa, o martírio
ceifa os cristãos do Oriente… E o povo ainda acha que a ameaça à nossa salvação
é um chip?
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O Catequista
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