VIAGEM APOSTÓLICA DO PAPA FRANCISCO AO
MÉXICO
(12-18 DE FEVEREIRO DE 2016)
ÂNGELUS
Área
do Centro de Estudos da Ecatepec
Domingo, 14 de Fevereiro de 2016
Queridos irmãos!
Na primeira leitura deste domingo, Moisés recomenda
ao povo: no momento da colheita, no momento da abundância, no momento das
primícias, não te esqueças das tuas origens. A acção de graças nasce e cresce
numa pessoa e num povo que seja capaz de recordar: tem as suas raízes no
passado, que, entre luzes e sombras, gerou o presente. No momento em que
podemos dar graças a Deus porque a terra deu o seu fruto e assim é possível
fazer o pão, Moisés convida o seu povo a fazer memória enumerando as situações
difíceis pelas quais teve de passar (cf. Dt 26, 5-11).
Neste dia, neste dia de festa, podemos celebrar o
Senhor que foi tão bom para connosco. Damos graças pela oportunidade de
estarmos reunidos para apresentar ao Pai Bom as primícias dos nossos filhos e
netos, dos nossos sonhos e projectos; as primícias das nossas culturas, das
nossas línguas e tradições; as primícias do nosso compromisso…
Quanto teve de enfrentar, cada um de vós, para
chegar aqui! Quanto tivestes de «caminhar» para fazer deste dia uma festa, uma
acção de graças! E quanto caminharam outros que não puderam chegar, mas, graças
a eles, pudemos continuar para diante.
Hoje, seguindo o convite de Moisés, queremos como
povo fazer memória, queremos ser povo com a memória viva da passagem de Deus
por meio do seu povo, no seu povo. Queremos olhar os nossos filhos, sabendo que
herdarão não só uma terra, uma língua, uma cultura e uma tradição, mas
sobretudo herdarão o fruto vivo da fé que recorda a passagem certa de Deus por
esta terra; a certeza da sua proximidade e solidariedade. Uma certeza que nos
ajuda a levantar a cabeça e, com vivo desejo, esperar a aurora.
Também eu me uno convosco a esta memória
agradecida, a esta recordação viva da passagem de Deus na vossa vida. Olhando
os vossos filhos, tenho vontade de repetir as palavras que um dia o Beato Paulo
VI dirigiu ao povo mexicano: «Um cristão não pode deixar de manifestar a sua
solidariedade e de dar o melhor de si mesmo, para resolver a situação daqueles
a quem ainda não chegou o pão da cultura ou a oportunidade de encontrar um
trabalho honrado (…), não pode ficar insensível enquanto as novas gerações não
encontrarem o caminho para realizar as suas legítimas aspirações». E continua
com um convite a estar «sempre na vanguarda em todos os esforços (…) para
melhorar a situação daqueles que padecem necessidade», a ver «em cada homem um
irmão e, em cada irmão, a Cristo» (Rádiomensagem no 75º aniversário da coroação
de N.S. de Guadalupe, 12 de Outubro de 1970).
Desejo convidar-nos novamente hoje a estar na
vanguarda, a «primeira» em todas as iniciativas que possam ajudar a fazer desta
abençoada terra mexicana uma terra de oportunidades; onde não haja necessidade
de emigrar para sonhar; onde não haja necessidade de se deixar explorar para
ter emprego; onde não haja necessidade de fazer do desespero e da pobreza de
muitos ocasião para o oportunismo de poucos.
Uma terra que não tenha de chorar homens e
mulheres, jovens e crianças que acabam destruídos nas mãos dos traficantes da
morte.
Esta terra tem o sabor da «Guadalupana», Aquela que
sempre nos precedeu no amor; digamos-Lhe: Virgem Santa, «ajudai-nos a refulgir
com o testemunho da comunhão, do serviço, da fé ardente e generosa, da justiça
e do amor aos pobres, para que a alegria do Evangelho chegue até aos confins da
terra e nenhuma periferia fique privada da sua luz» (Exort. ap. Evangelii
gaudium, 288).
O anjo do Senhor anunciou a Maria…
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ACI Digital
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