“Ontem à noite
fui jantar fora, com mamãe e uma amiga dela. Pedi o prato principal com
ervilhas, para depois comer o doce de que eu mais gostava. Mas a mamãe não
deixou. Eu estava querendo ficar emburrada, mas me lembrei que Jesus estava bem
ali, com a mamãe, e então dei um sorriso”.
“Hoje, depois de
um dia cansativo, voltei para casa. Comecei a ver televisão, mas meu irmão
tirou de minhas mãos o controle remoto. Fiquei com muita raiva. Mas depois me
acalmei e deixei que ele ficasse vendo a TV”.
“Hoje meu pai me
disse uma coisa e eu lhe respondi mal. Quando olhei para ele, vi que não estava
feliz. Então pedi desculpas e ele me perdoou”.
São
experiências sobre a Palavra de Vida contadas por crianças da quinta série, de
uma escola de Roma. Pode ser que essas experiências não tenham uma ligação
imediata com a Palavra que estavam vivendo naquele momento, mas o fruto do
Evangelho vivido é justamente este: o impulso a amar. Qualquer que seja a
Palavra de Vida que nos propomos a viver, os efeitos são sempre os mesmos: ela
muda a nossa vida, coloca em nosso coração o impulso de ficarmos atentos às
necessidades dos outros, faz com que nos disponhamos a servir os irmãos e as
irmãs. E não poderia ser diferente: acolher e viver a Palavra faz nascer Jesus
em nós e nos leva a agir como Ele. É o que Paulo dá a entender aqui, quando
escreve aos coríntios.
O
que impulsionava o apóstolo a anunciar o Evangelho e a empenhar-se pela unidade
das suas comunidades era a profunda experiência que ele tinha feito de Jesus.
Tinha se sentido amado, salvo por Ele. Jesus tinha penetrado na sua vida a tal
ponto, que nada nem ninguém poderia jamais separá-lo dele: não era mais Paulo
que vivia, porque era Jesus que vivia nele. Imaginar que o Senhor o tinha amado
até o ponto de dar a vida era algo que o fazia enlouquecer, não o deixava em
paz e o impelia com força irresistível a fazer o mesmo, e com o mesmo amor.
Será
que o amor de Cristo impele também a nós com a mesma intensidade?
Se
nós tivermos realmente experimentado o seu amor, também nós não poderemos
deixar de amar e de nos embrenhar com coragem nos lugares onde existe divisão,
conflito, ódio, para levar concórdia, paz, unidade. O amor nos dá as condições
de lançar o coração para além do obstáculo, chegando a estabelecer um contato
direto com as pessoas, na compreensão e na partilha, para juntos procurar a
solução. Não se trata de uma ação opcional. A unidade deve ser procurada a todo
custo, sem que nos deixemos impedir pela falsa prudência, por dificuldades ou
possíveis desencontros.
Isso
se mostra urgente, também em campo ecumênico. Esta Palavra de Vida foi
escolhida para este mês no qual se celebra no Hemisfério Norte a Semana de
Orações pela Unidade1, justamente para ser
vivida em conjunto pelos cristãos das diversas Igrejas e comunidades, a fim de
que todos se sintam impelidos pelo amor de Cristo a se aproximarem uns dos
outros, tendo em vista a recomposição da unidade.
Na
abertura da II Assembleia Ecumênica Europeia em Graz, na Áustria, no dia 23 de
junho de 1997, Chiara Lubich afirmava: “Será
autêntico cristão da reconciliação somente aquele que souber amar os outros com
a mesma caridade de Deus, aquela caridade que faz ver Cristo em cada um, que é
destinada a todos – pois Jesus morreu por toda a humanidade –; a caridade que
toma sempre a iniciativa, que é a primeira a amar; aquela caridade que leva a
amar a todos como a si mesmo, que se ‘faz um’ com os irmãos e as irmãs, nos
sofrimentos e nas alegrias. E é preciso que também as Igrejas amem com esse
amor”.
Vivamos
também nós o radicalismo do amor com a simplicidade e a seriedade daquelas
crianças da escola de Roma.
Fabio Ciardi
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1No Hemisfério Norte se celebra a Semana de Oração pela Unidade
dos Cristãos em janeiro. No Brasil, ela é celebrada entre a
Ascensão e Pentecostes (em 2017 será de 25 de maio a 4 de junho).
Movimento dos
Focolares
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