terça-feira, 31 de março de 2015

Homem surta e quebra imagens de igreja em São Gonçalo do Amarante (RN)

Cristiano Antonio de Oliveira destruiu a imagem 
do padroeiro da capela, o Santo Expedito

Um homem invadiu a capela de Santo Expedito, localizada no bairro Jardim Petrópolis, em São Gonçalo do Amarante (região metropolitana de Natal), e quebrou imagens e objetos do altar central da igreja católica, nesta segunda-feira (30). Ele foi detido, mas está internado no Hospital João Machado, em Natal, com quadro de surto psicótico e não tem previsão de alta.

Segundo a polícia, Cristiano Antonio de Oliveira estava com uma barra de ferro quebrando o que encontrava dentro da igreja. Ele destruiu a imagem do padroeiro da capela, o Santo Expedito. 

Oliveira derrubou cadeiras e as mantas que estavam enfeitando os altares da capela, ainda arrumados da missa de Domingo de Ramos, realizada no último domingo (29). Outros objetos, como castiçais de cristal, também foram quebrados.

"Ele arrombou a porta central da igreja com muita força, empenou uma barra de ferro, destruiu seis ferrolhos antes de quebrar todos os objetos do altar central junto com a imagem de Santo Expedito", contou o coordenador da capela de Santo Expedito, Ivanilson Gabi.

Durante o quebra-quebra, Oliveira ainda fotografou os objetos destruídos e tirou uma foto dele dentro da igreja. O material foi apreendido pela polícia. Em depoimento prestado na delegacia de São Gonçalo do Amarante, onde a ocorrência foi registrada, Oliveira disse que recebeu uma "mensagem divina" e que a Igreja Católica pregava "errado em usar imagens de santos".

"Ele estava alterado, dizendo que havia recebido uma missão de abrir os olhos das pessoas para não cultuar imagem e quebrou o que conseguiu na igreja. Só não quebrou mais coisas porque foi contido por um policial que mora próximo. O vandalismo dele será associado à intolerância religiosa", disse um investigador da delegacia de São Gonçalo do Amarante. 

As sete palavras de Jesus na cruz


Primeira Palavra

Chegando ao lugar chamado Caveira, lá o crucificaram, bem como os malfeitores, um à direita e outro à esquerda. Jesus dizia: "Pai, perdoa-lhes: não sabem o que fazem" (Lc 23,33-34).

A primeira palavra de Jesus ao ser crucificado recorda o Profeta Isaías: “... pois entregou à morte a própria vida, foi contado entre os criminosos. Ele, porém, estava carregando os pecados da multidão e intercedendo pelos criminosos" (Is 53,12). De fato, a dimensão mais profunda do amor é o perdão. Jesus ama até a morte e perdoa. Tempos atrás, na cura do paralítico (Lc 5,17-26), disse primeiro: "Homem, teus pecados estão perdoados". Essas palavras causaram um alvoroço entre os escribas e fariseus: "Quem é este que diz blasfêmias? Não é só Deus que pode perdoar pecados?" Jesus opera o milagre para comprovar que Ele realmente tem o poder divino de perdoar. São muitos os eventos narrados nos Evangelhos em que Jesus perdoa. No entanto, o perdão exige sempre conversão: mudar de vida. A mulher que os escribas e fariseus queriam apedrejar após flagrá-la em adultério (Jo 8,1-11) é salva por Jesus da morte iminente: "Mulher, onde estão eles? Ninguém te condenou?" - "Ninguém, Senhor". E Jesus: "Nem eu te condeno. Vai, e de agora em diante não peques mais". Em outro momento, Jesus se hospeda na casa de um pecador e mais uma vez é alvo de críticas (Lc 19,1-10). Mas Zaqueu promete reparar as injustiças cometidas contra os pobres e Jesus exclama: "Hoje a salvação entrou nesta casa (...). Com efeito, o Filho do Homem veio procurar e salvar o que estava perdido".

"Perdoai a nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido" rezamos no Pai Nosso. Pedimos perdão a Deus, fazendo a solene promessa de perdoarmos aos que nos ofenderam. Não é fácil realizar o que prometemos. Existem chagas que custam cicatrizar. Há violências e injustiças que deixam como saldo um mar de sofrimentos. Há infidelidades e traições que ferem profundamente o coração. Há agressões e ódios que geram abismos quase intransponíveis entre as pessoas. No entanto, não existe quem consiga resistir eternamente à bondade e ao amor. Não há ódio que um dia não sucumba ao poder do Amor. O primeiro passo para o perdão é desarmar-se interiormente. Quem perdoa é sempre mais forte do que quem ofendeu. O perdão é que gera vida, não o ódio e a vingança! Dizem que o ódio é como o fogo: arde, queima, se alastra, arrasa, reduz a cinzas. Se o ódio é como fogo, então o perdão é como a água! Quando o fogo e a água se encontram, quem vence? O fogo? É a água que extingue as labaredas, é a água que apaga as chamas, é a água que vence o incêndio. Assim é o perdão que extingue as vinganças, é o perdão que apaga as inimizades, é o perdão que afoga as mágoas, é o perdão que vence o ódio.

É verdade que a Igreja Católica nem sempre condenou o aborto?


Olá! Sou religioso da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, estudante de teologia (4º ano) e uma matéria sobre aborto e história da Igreja me intrigou nessa semana. A reportagem é intitulada “Uma verdade inconveniente: a Igreja Católica já tolerou o aborto” traz a afirmação que já foi permitido o aborto na Igreja”. Acho que o assunto é por demais importante para ficar nos poucos parágrafos da revista. Gostaria de saber se a informação procede. Acredito que, independente da história, o que importa é o que fazemos hoje. Abraços, e obrigado pelas matérias do site! (o link da revista é: Uma verdade inconveniente: a Igreja já tolerou o aborto!).

Ronaldo Neri, scj

Resumo do artigo no Blog da Revista Super Interessante

Você sabia que, ao contrário do que pensamos, a Igreja Católica nem sempre condenou o aborto? A interrupção da gravidez só se tornou pecado em 1869, por causa de um acordo entre o papa Pio 9º e o imperador francês Napoleão 3º.

E isso aconteceu porque a França passava por uma crise de baixa natalidade que incomodava os planos de industrialização do governante. Então, motivado por questões políticas, o papa disse para a população que a partir daquele momento o aborto – em qualquer fase da gravidez – era pecado.

Até aquele ano, a Igreja oscilava entre condenar ou admitir o aborto em certas fases da gravidez de acordo com o contexto histórico. No entanto, a discussão sobre qual é o momento em que o feto pode ser considerado um ser humano sempre existiu. Santo Agostinho, por exemplo, defendia no século 4 que só 40 dias após a fecundação o embrião se tornava uma pessoa.

Sem entrar aqui na questão da validade cultural – e muito menos científica – dessas revistas que buscam polemizar ao invés de informar, para essa questão convém fazer um breve recorrido histórico sobre o tema do aborto[1]. 

Começando pela fundamentação bíblica, a mentalidade cristã primitiva é derivada da mentalidade hebraica. De fato, além do mandato do Decálogo de “Não matar” (Ex 20, 13 e Dt 5,17), não existe um mandato específico de “Não abortar”. Isso se dá pela clara razão de que para as culturas hebraica e cristã primitiva (do tempo dos hagiógrafos) o aborto era algo impensável. Como diz Grisez – em um povo que considerava a vida como um valor paradigmático a todos os demais valores (…) considerada como um dom de Deus, que via os filhos como uma bendição e a esterilidade como uma maldição, que aceitava a noção do poder criador de Deus já no seio materno e que podia crer em uma relação pessoal entre Deus e a criança ainda não nascida (…) a prática do aborto provocado encontraria bem pouca acolhida. Por isso o silêncio do Antigo Testamento sobre o aborto provocado indica que uma legislação sobre o tema seria inútil e não que se aprovava tacitamente o aborto.

O problema surge logo após o cristianismo cruzar as fronteiras de Israel, pois para a cultura greco-românica, o aborto provocado era uma prática habitual[2]. A posição contrária ao aborto é imediatamente tomada assim que se entra em contato com o novo problema. Um exemplo claro disso é a Didaché – composta antes do final do primeiro século – que coloca o aborto como um dos pecados que afasta do caminho da vida[3], referindo-o também como parte do caminho da morte: Perseguidores dos bons (…) matam os filhos e fazem perecer com o aborto a uma criatura de Deus[4].

Após a Didaché se dá uma linha continua de testemunhos inequívocos dos Padres da Igreja e dos escritores eclesiásticos – de oriente e ocidente – sem nenhuma voz discordante, incluindo diversos argumentos. Tetuliano, Santo Agostinho[5] e Cesário de Arles são os autores deste período que possuem mais intervenções em relação ao aborto. Apenas como exemplo podemos citar essa passagem de Agostinho: Às vezes, chega a tanto esta libidinosa crueldade, ou melhor, libido cruel, que empregam drogas esterilizantes, e, se estas resultam ineficazes, matam no seio materno o feto concebido e o jogam fora, preferindo que sua prole se desvaneça antes de ter vida, ou, se já vivia no útero , matá-la antes que nasça. Repito: se ambos são assim, não são conjugues, e se tiveram esta intenção desde o princípio, não celebraram o matrimônio, mas apenas pactuaram um concubinato[6].

Aqui cabe ressaltar, porque também o faz o artigo da revista a que nos referimos, a dúvida de Santo Agostinho e de outros teólogos – dentre eles Santo Tomás – sobre o início da vida. É verdade que pela tradução grega da Bíblia foi criada uma distinção entre “feto formado” e “feto não formado” (distinção derivada do pensamento grego e não existente no texto hebraico original de Ex 21, 22-23). Porém, ainda que estes teólogos – pelas poucas ferramentas científicas que possuíam – tivessem realmente tal dúvida, jamais defenderam que o aborto seria lícito. Pelo contrário, Santo Agostinho afirma que ainda que não estivessem formados (segundo a sua concepção) mereciam todo o respeito de uma vida humana por aquilo que chegariam a ser.

Se na teologia houve dúvidas em relação ao início da vida, o Magistério da Igreja, ainda sem entrar nessa questão específica durante os primeiros séculos, sempre condena claramente o aborto. Nos primeiros séculos, pela evidência do crime cometido, não existem textos doutrinais do Magistério, porém existem penas concretas – sanções canônicas – que demonstram a gravidade do pecado. Os primeiros documentos em relação a isso são os Concílios de Elvira (305) e de Ancira (314). Este último excluía da comunhão, por toda a vida, à mulher que realizasse um aborto e estabelecia uma penitência de dez anos para que pudesse voltar à comunidade eclesial (ainda sem poder comungar). Essas penas eram locais e variavam de tempo de um país para outro – porém, de modo ininterrupto e universal, o aborto sempre foi colocado entre os pecados mais graves e, consequentemente, mais severamente punidos.

segunda-feira, 30 de março de 2015

Padre morre enquanto celebrava a Missa de Ramos em Cariacica - ES

Padre Carlos na procissão de Ramos na paróquia 
São Francisco de Assis em Porto Santana pouco antes do acontecido.

Paróquia São Francisco de Assis
que tinha como pároco o Pe. Carlos
Um padre morreu durante a celebração da missa no bairro Porto de Santana, em Cariacica. Carlos de Assis Viana tinha 37 anos e caiu enquanto fazia a homilia na comunidade São Sebastião, matriz da paróquia. A fatalidade aconteceu por volta das 20:30 deste domingo (29).

Ordenado em 2011, o padre era pároco na Paróquia São Francisco de Assis, em Porto de Santana. Os fiéis presentes na celebração tentaram reanimar o padre e chamaram o Samu, mas ao chegar o resgate, o padre já havia morrido.

De acordo a Arquidiocese de Vitória, a suspeita é de que o padre tenha sofrido um ataque cardíaco. Assim que o corpo for liberado, o velório será realizado na paróquia.

 

"Humildade"

 

Carlos de Assis Viana era pároco na

Paróquia São Francisco de Assis,

em Porto de Santana

Padre Kelder Brandão, responsável pela Paróquia de São Pedro, em Vitória, atuou por mais de um ano com padre Carlos e disse ter recebido com muita tristeza a morte do amigo. “Ele era a humildade encarnada. Foi professor da rede pública, um pessoa muito simples. Exercia o ministério com muito zelo. Foi muito agradável conviver com ele”, disse o religioso.


Segundo padre Kelder, durante o tempo em que trabalharam juntos, padre Carlos não apresentava nenhum problema de saúde. “Recebi um telefonema de um seminarista dando a notícia, e fiquei atônito. Ele não tinha nenhum indicativo de doença. Foi um susto para todos, um infarto fulminante”.

 

Natural do Estado de Minas Gerais, o padre Carlos de Assis atuava há cerca de três anos em Porto de Santana. “O povo de lá tem muito carinho por ele. Estão todos em choque”, completou Kelder.


Antes de ir para paróquia de São Francisco de Assis, em Porto de Santana, Padre Carlos realizou seu estágio de pastoral em Jacaraípe, na Serra, onde trabalhou por quase um ano com padre kelder.



“Uma pessoa que morreu muito jovem e vai fazer muita falta para quem teve a oportunidade de conviver com ele. Estamos realmente muito tristes”, completa Padre Kelder.

Na noite deste domingo, a Arquidiocese de Vitória divulgou uma nota lamentando a morte do padre:

Comunhão para divorciados em nova união? Uma enérgica resposta alemã ao Cardeal Marx


Um cardeal alemão defendeu publicamente a doutrina católica diante das palavras de outros dois bispos que sugeriram que a Igreja no país pode estabelecer suas próprias políticas sem a direção de Roma.

O Cardeal Josef Cordes publicou uma carta no começo deste mês objetando os pronunciamentos de importantes líderes da Igreja na Alemanha que disseram que a conferência dos bispos seguirá o seu próprio programa de cuidado pastoral para matrimônios e famílias sem importar os resultados do Sínodo da Família de outubro.

Em 25 de fevereiro, na conferência de imprensa depois da assembleia plenária dos bispos alemães, o Cardeal Reinhard Marx, Arcebispo de Munique e Frisinga, que também é Presidente do episcopado, assinalou que “não somos uma sucursal de Roma. Cada conferência de bispos é responsável pelo cuidado pastoral e seu contexto cultural e deve pregar o Evangelho em sua própria e original maneira. Não podemos esperar pelo sínodo para nos dizer como temos que moldar o trabalho pastoral com matrimônios e famílias”.

O Cardeal Marx, um dos três delegados alemães para o Sínodo de outubro, referiu-se a “certas expectativas” da Alemanha para ajudar a Igreja a abrir as portas e “encontrar novos caminhos”, e que “em doutrina, também aprendemos da vida”.

O Cardeal foi secundado pelo Bispo de Osnabruck, Dom Franz-Josef Bode, que chamou o Sínodo sobre a família de um momento de "importância histórica" e uma "mudança de paradigma", insistindo em que "a realidade dos homens e do mundo" seja uma fonte para a compreensão teológica.

Diante destas declarações, o Cardeal Cordes –ordenado sacerdote da Arquidiocese de Paderborn e presidente emérito do Pontifício Conselho Cor Unum–, publicou uma enérgica objeção às declarações públicas de seus companheiros bispos em uma carta em 7 de março ao editor do Die Tagespost, um importante jornal católico de língua alemã. O texto da carta original foi traduzido do alemão ao inglês por Jan Bentz do CNA, agência em inglês do grupo ACI.

"A diminuição da maioridade penal é desserviço", afirma dom Leonardo


O bispo auxiliar de Brasília (DF) e secretário geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), em entrevista sobre o Projeto de Emenda à Constituição nº 171/1993, afirmou que "a diminuição da maioridade penal é desserviço". Para ele, os parlamentares deveriam "sair em defesa da dignidade das crianças e adolescentes e não descartá-las". Dom Leonardo ainda recorda a iniciativa da Conferência na convocação do Ano da Paz. "Saiamos ao encontro das pessoas e estendamos a mão, não as descartemos", disse.

Em maio de 2013, durante reunião do Conselho Episcopal Pastoral (Consep), foi divulgada uma nota em que a CNBB reafirmou que a redução da maioridade não é a solução para o fim da violência. "Ela é a negação da Doutrina da Proteção Integral que fundamenta o tratamento jurídico dispensado às crianças e adolescentes pelo Direito Brasileiro. A Igreja no Brasil continua acreditando na capacidade de regeneração do adolescente quando favorecido em seus direitos básicos e pelas oportunidades de formação integral nos valores que dignificam o ser humano", dizia a nota.

Leia a entrevista na íntegra:

Dom Leonardo, como o senhor avalia a retomada da tramitação da PEC nº 171/1993, que propõe a redução da Maioridade Penal de 18 para 16 anos?

Dom LeonardoSteiner – “Deixai vir a mim as crianças”, disse Jesus. E poderíamos acrescentar e não as afasteis. O problema é o ponto de partida, a visão de pessoa, o que se deseja. Avalio que há uma série de equívocos associados à questão da maioridade penal, como por exemplo, a tentativa de revogar o Estatuto do Desarmamento, ampliando o número de armas que podem ser portadas e reduzindo-se a idade para aquisição delas. Lamento profundamente que alguns parlamentares da Câmara dos Deputados queiram sanar uma doença com o paciente na UTI, aplicando uma dose que poderá leva-lo à morte, ao invés de criar as condições para curá-lo. Afinal o que se pretende? Estimular a violência? A retomada da tramitação da PEC nº 171/1993 e as várias proposições apensadas são iniciativas que objetivam criminalizar o adolescente e submetê-lo a penalidades no âmbito carcerário, maquiando a verdadeira causa do problema e desviando a atenção com respostas simplistas, inconsequentes e desastrosas para a sociedade. A delinquência de adolescentes é, antes de tudo, um grave aviso: o Estado, a Sociedade e a Família não têm cumprido adequadamente seu dever de educar, formar, integrar. Ao mesmo tempo não tem assegurado, com prioridade, os direitos da criança e do adolescente, conforme estabelece o artigo 227 da Constituição Federal.

Que tipo de arma levou esta pequena menina síria a se render imediatamente?


A fotojornalista Nadia Abu Shaban postou em uma rede social a imagem de uma menina síria de 4 anos de idade com as mãos para o alto, em gesto de rendição, com uma expressão facial que mistura medo, fragilidade, resignação e apatia. A foto viralizou e foi compartilhada por dois milhões de internautas.

Mas não foi diante de uma arma de verdade que a criança se rendeu. O que ela confundiu com uma arma era apenas a câmera do fotógrafo.

E isso, talvez, seja ainda mais alarmante do que a cena corriqueira de crianças executadas selvagemente.

Milhares de milhões de crianças nascem, crescem e sobrevivem em permanente estado de medo, tão assombradas pelo fantasma da violência a ponto de reagirem com instintiva resignação diante de qualquer aparência de ameaça. A característica curiosidade infantil, que levaria uma criança em ambientes normais a querer conhecer e tocar no objeto novo, se transforma em uma quase certeza subconsciente de que aquilo é apenas mais uma das incontáveis ferramentas de morte com que elas são torturadas todos os dias em sua própria pátria.

Homilética: Páscoa do Senhor: "Ressuscitou dos mortos…!".


Celebramos hoje a festa das festas, a Ressurreição gloriosa de Jesus. É para nós o dia de alegria maior durante o ano litúrgico.

A festa da Páscoa representa o centro de nossa fé. Muitos líderes e poderosos viveram e morreram, mas somente o túmulo de Jesus se encontra vazio. Na libertação de Jesus, somos todos libertados. A morte, que era poderosa, tornou-se frágil. A maior e mais terrível força já existente, que ameaçava a integridade e dignidade do ser humano, foi vencida de uma vez por todas pela ressurreição de Jesus.

A liturgia deste domingo celebra a ressurreição e garante-nos que a vida em plenitude resulta de uma existência feita dom e serviço em favor dos irmãos. A ressurreição de Cristo é o exemplo concreto que confirma tudo isto.

A primeira leitura apresenta o exemplo de Cristo que “passou pelo mundo fazendo o bem” e que, por amor, Se deu até à morte; por isso, Deus ressuscitou-O. Os discípulos, testemunhas desta dinâmica, devem anunciar este “caminho” a todos os homens.

O Evangelho coloca-nos diante de duas atitudes face à ressurreição: a do discípulo obstinado, que se recusa a aceitá-la porque, na sua lógica, o amor total e a doação da vida nunca podem ser geradores de vida nova; e a do discípulo ideal, que ama Jesus e que, por isso, entende o seu caminho e a sua proposta (a esse não o escandaliza nem o espanta que da cruz tenha nascido a vida plena, a vida verdadeira).

A segunda leitura convida os cristãos, revestidos de Cristo pelo batismo, a continuarem a sua caminhada de vida nova até à transformação plena (que acontecerá quando, pela morte, tivermos ultrapassado a última barreira da nossa finitude).

Pela Eucaristia Cristo ressuscitado torna-se presente aqui no meio de nós, como há dois mil anos. E quer vir mais uma vez ao nosso coração, purificado pela penitência quaresmal e pelo sacramento do perdão.

domingo, 29 de março de 2015

Jovem católico que enfrentou terrorista em ataque suicida no Paquistão morreu salvando a vida dos paroquianos


No último dia 15 de março, a comunidade cristã em Lahore (Paquistão) foi novamente atacada quando dois suicidas muçulmanos entraram com explosivos em uma igreja católica e em outra protestante, causando pelo menos 17 mortos e 80 feridos; porém, a tragédia não foi maior graças ao sacrifício de Akash Bashir, um jovem salesiano de 19 anos que se lançou contra o atacante para evitar a morte dos fiéis de sua paróquia.

O fato ocorreu na igreja de São João, no bairro de Youhanabad em Lahore, de maioria cristã. O terrorista que atacou a paróquia católica aproveitou a distração de alguns dos guardas de segurança que viam pela televisão o jogo de críquete entre Paquistão e Irlanda.

Entretanto, Akash, que também era guarda de segurança, viu a carga de explosivos e parou o atacante perto da porta da igreja, para segundos depois, ao ver que a sua tentativa de convence-lo era vã, abraçá-lo e colocar o seu corpo como escudo no momento em que o terrorista explodiu o artefato, informou a agência salesiana ANS.

Minutos depois, outro atentado ocorreu em uma igreja protestante próxima. O balanço geral foi de 17 mortos e cerca de 80 feridos. Os dois ataques foram reivindicados pelo grupo Jamaat-ul-Ahrar (JuA). Fontes salesianas indicaram que se não fosse pelo sacrifício de Bashir –antigo aluno da escola profissional salesiana deste bairro-, o número de vítimas teria sido maior, “como pretendiam os terroristas”. 

Organizações de Direitos Humanos denunciaram que o Estado Islâmico sequestrou pelo menos 150 cristãos na Síria

A menina síria pensou que o fotojornalista
mantinha uma arma, portanto ela 'se rendeu'

Ativistas cristãos de direitos humanos denunciaram na terça-feira que pelo menos 150 pessoas das vilas cristãs assírias foram sequestradas no nordeste da Síria pelos terroristas do Estado Islâmico (ISIS).

Em declarações feitas à agência Reuters da cidade de Amã (Jordânia), o presidente do Conselho Nacional Siríaco da Síria, Bassam Ishak, disse que “verificamos que pelo menos 150 pessoas foram sequestradas”.

Mais cedo, o Observatório Sírio pelos Direitos Humanos com sede na Grã-Bretanha, disse que 90 foram raptados quando os extremistas islâmicos invadiram as vilas habitadas pela antiga minoria cristã no oeste de Hassakah, uma cidade sustentada principalmente pelos curdos.

Os ataques em Hassakah foram condenados pelos Estados Unidos, que exigiu a imediata e incondicional libertação dos civis. O Departamento de Estado disse que centenas de outros permanecem presos nas vilas rodeadas pelo ISIS, cuja violência deslocou cerca de três mil pessoas.

Milhares de cristãos assírios, que vivem na Síria há várias gerações, estão agora fugindo para evitar a decapitação ou que as mulheres e crianças sejam levadas como escravos pelos jihadistas.

Uma destas vítimas é Francie Yaacoub, uma mulher de 50 anos que se encontra agora na diocese assíria de Sid al-Boushriyeh. “Tivemos que sair de pijamas. Meu filho caminhou descalço, saímos sem sapatos. As bombas caíam ao nosso redor. Tivemos que fugir porque a segurança das nossas crianças é o mais importante”, disse à imprensa internacional.

Não existe humildade sem humilhação, diz Papa Francisco


CELEBRAÇÃO DO DOMINGO DE RAMOS
E DA PAIXÃO DO SENHOR

HOMILIA DO PAPA FRANCISCO

Praça de São Pedro
XXX Jornada Mundial da Juventude
Domingo, 29 de Março de 2015


No centro desta celebração, que se apresenta tão festiva, está a palavra que ouvimos no hino da Carta aos Filipenses: «Humilhou-Se a Si mesmo» (2, 8). A humilhação de Jesus.

Esta palavra desvenda-nos o estilo de Deus e, consequentemente, o que deve ser do cristão: a humildade. Um estilo que nunca deixará de nos surpreender e pôr em crise: não chegamos jamais a habituar-nos a um Deus humilde!

Humilhar-se é, antes de mais nada, o estilo de Deus: Deus humilha-Se para caminhar com o seu povo, para suportar as suas infidelidades. Isto é evidente, quando se lê a história do Êxodo: que humilhação para o Senhor ouvir todas aquelas murmurações, aquelas queixas! Embora dirigidas contra Moisés, no fundo eram lançadas contra Ele, o Pai deles, que os fizera sair da condição de escravatura e os guiava pelo caminho através do deserto até à terra da liberdade.

Nesta Semana, a Semana Santa, que nos leva à Páscoa, caminharemos por esta estrada da humilhação de Jesus. E só assim será «santa» também para nós!

Ouviremos o desprezo dos chefes do seu povo e as suas intrigas para O fazerem cair. Assistiremos à traição de Judas, um dos Doze, que O venderá por trinta denários. Veremos ser preso o Senhor e levado como um malfeitor; abandonado pelos discípulos; conduzido perante o Sinédrio, condenado à morte, flagelado e ultrajado. Ouviremos que Pedro, a «rocha» dos discípulos, O negará três vezes. Ouviremos os gritos da multidão, incitada pelos chefes, que pede Barrabás livre e Ele crucificado. Vê-Lo-emos escarnecido pelos soldados, coberto com um manto de púrpura, coroado de espinhos. E depois, ao longo da via dolorosa e junto da cruz, ouviremos os insultos do povo e dos chefes, que zombam de Ele ser Rei e Filho de Deus.

Este é o caminho de Deus, o caminho da humildade. É a estrada de Jesus; não há outra. E não existe humildade, sem humilhação. 

Uma breve reflexão sobre os Ramos no Domingo de Ramos


Chegados mais uma vez ao Domingo de Ramos, achei pertinente visar, para uma pequena reflexão, um – se não o - elemento proeminente dos santos mistérios deste dia. Creio que o seu significado, talvez devido à familiaridade, seja ignorado por muitos Católicos. Refiro-me, obviamente, aos ramos, que são abençoados e distribuídos neste dia.

Donde a presença dos ramos neste dia? Ora, encontramo-los no Novo Testamento, dirão com certeza, e estão presentes na entrada de Jesus em Jerusalém dias antes da Sua Paixão. Mas a pergunta que coloco aqui é: por que ramos, especificamente? Olhemos para as perícopes da entrada, em especial para aquelas que mencionam a existência de ramos – São Mateus, São Marcos, e São João. Porque nos falam os evangelistas da presença de ramos? Olhemos, não com familiaridade para estes textos, mas com olhos “novos”, de quem os lê (ou melhor, ouve) pela primeira vez. Convido a encarar este texto, não como um Católico do séc. XXI, mas como um Judeu do séc. I. O que a nós poderá passar despercebido como um “mero detalhe” que dá origem a um sacramental neste dia, para um judeu contemporâneo de Jesus encerava um significado profundo. Creio que conhecendo o seu significado para um judeu nos ajudará a entrar mais profundamente nos santos mistérios deste domingo.

A existência de ramos e gritos de Hosanna remetem-nos para o festival de Sucot, geralmente referido como Festa das/dos Tendas/Tabernáculos no Novo Testamento.

A observância de Sucot, cuja duração é uma oitava, foi estabelecida por Deus aquando do estabelecimento da Aliança com Israel no Monte Sinai, sendo uma das três festas de peregrinação obrigatória a Jerusalém. A festa era, grosso modo, uma festa de natureza agrícola, pois calhava na época da colheita (cf. Ex 23,16; 34,22); mas como toda a festa agrícola judaica, estava revestida de significado religioso também. Servia para “fazer memória” do tempo em que Israel vagueou pelo deserto, vivendo em tendas, antes de entrar na Terra Prometida, quando Deus os fez sair da casa do Egito:

«Habitareis nas tendas durante sete dias; todos os que nasceram em Israel deverão habitar em tendas, para que os vossos descendentes saibam que fiz habitar em tendas os filhos de Israel, quando os fiz sair da terra do Egipto.» 

sábado, 28 de março de 2015

Papa Francisco envia carta encorajando os bispos da Nigéria diante do drama da perseguição


O Papa Francisco enviou uma carta aos bispos da Nigéria assegurando a sua proximidade a todos aqueles que nesse país sofrem as ameaças do extremismo como o dos terroristas muçulmanos do Boko Haram que persegue e mata os cristãos neste território.

A carta, publicada dia 17 de março, tem a data de 2 de março. À continuação apresentamos a carta na íntegra:

'Enquanto com toda a Igreja percorremos o caminho quaresmal para a Ressurreição do Senhor, vos envio, queridos arcebispos e bispos, uma saudação fraterna, que estendo às amadas comunidades cristãs confiadas ao vosso cuidado pastoral. Também quero compartilhar convosco algumas reflexões sobre a situação que atualmente vive o vosso país.

Nigéria, conhecida como o "gigante da África", com mais de 160 milhões de habitantes, está chamada a desempenhar um papel importante não só nesse continente, mas também em todo mundo. Nos últimos anos a sua economia experimentou um crescimento e se apresenta no cenário internacional como um mercado de grande interesse tanto por seus recursos naturais como por seu potencial comercial. Oficialmente já se considera a maior economia africana. Também se distinguiu como interlocutor sócio-político por seus esforços na solução das crises do continente.

Ao mesmo tempo, vossa nação enfrenta sérias dificuldades, incluindo novas formas violentas de extremismo e fundamentalismo étnico, social e religioso. Tantos nigerianos foram assassinados, feridos e mutilados, sequestrados e privados de tudo: de seus seres queridos, de suas terras, de seus meios de vida, de sua dignidade, de seus direitos. Muitos não puderam retornar aos seus lares. Os fiéis, tanto cristãos como muçulmanos, viram-se unidos em um trágico final às mãos de pessoas que se proclamam religiosas, mas que abusam da religião para fazer dela uma ideologia moldada de acordo com os próprios interesses ultrajantes e de morte. 

O Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor


Visão geral

Com o Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, inicia-se a Semana Santa, que os antigos cristãos chamavam Grande Semana. Neste dia, a Igreja celebra dois mistérios bem distintos e complementares: (1) a entrada solene de Jesus em Jerusalém para celebrar sua última e definitiva Páscoa e (2) a sua Paixão e morte. A entrada é celebrada com a bênção dos ramos e a procissão; a paixão e morte é celebrada na missa. Então, não existe uma Missa de Ramos; de ramos é a Procissão; a Missa é da Paixão do Senhor.

Isso tem um motivo histórico. Em Roma, não havia uma Semana Santa. Celebrava-se no sexto domingo da Quaresma a Paixão e Morte de Cristo e, no domingo seguinte, a Páscoa do Senhor. Somente no século XI é que a Procissão de Ramos, costume nascido em Jerusalém, passado para a Espanha e, depois, para a Gália (atual França), chegou a Roma, entrando na liturgia romana.

O sentido espiritual

Participar da Bênção e Procissão dos Ramos significa (1) reconhecer e proclamar que Jesus é o Messias prometido a Israel, o Descendente de Davi; o Salvador; (2) significa também reconhecer que ele não é um Messias glorioso, mas humilde – vem num burrico e não num potente cavalo! -, um Messias que vem para servir e dar a vida: seu trono será a cruz; sua coroa, de espinhos! (3) Participar da Procissão significa que queremos nos colocar debaixo do senhorio desse Messias pobre e humilde e desejamos participar da sua sorte: ir com ele até a cruz para participar da sua vitória: “Fiel é esta palavra: se sofrermos com ele, com ele reinaremos; se morrermos com ele, com ele viveremos!” (2Tm 1,11s). No contexto da Bênção dos Ramos, lê-se o Evangelho da entrada do Senhor em Jerusalém – neste ano de 2005 é Mt 21,1-11 e faz-se uma pequena homilia explicando os três aspectos acima elencados.

Os ramos da Procissão devem ser guardado em casa, num lugar visível, para recordar que participamos dessa Profissão, proclamando que estávamos dispostos a ir até a cruz com o Senhor. E nas dores e sofrimentos da vida, olhando os ramos, vamos nos lembrar que as dores e feridas da existência são um modo de participar da Paixão do Senhor. Entremos com ele em Jerusalém!

Terminada a Procissão, termina também toda referência que a liturgia faz aos Ramos. Agora, tudo se volta para a Paixão do Senhor. A primeira leitura, é o Terceiro Canto do Servo Sofredor de Isaías (Is 50,4-7), recordando que o Senhor Jesus se fez obediente ao Pai, um verdadeiro discípulo, aprendendo com o sofrimento, e encontrou forças na confiança no seu Senhor e Deus. O salmo responsorial é o Sl 22, aquele que Jesus rezou na cruz. Rezar esse salmo é ler os pensamentos de Jesus no momento da cruz! A segunda leitura é o profundo hino de Filipenses 2,6-11: O Filho, sendo Deus, humilhou-se até a morte de cruz e foi exaltado pelo Pai acima de tudo. Finalmente, a Paixão segundo o Evangelista de cada ano – este ano de 2005 é o Evangelho segundo Mateus (26,14 – 27,66). Esta Missa tem um Prefácio próprio, que resume de modo admirável o mistério pascal: “Inocente, Jesus quis morrer pelos pecadores. Santíssimo, quis ser condenado a morrer pelos criminosos. Sua morte apagou nossos pecados e sua ressurreição nos trouxe vida nova”. A homilia dessa missa não deve deter-se sobre o tema dos ramos e sim no mistério do amor do Senhor que se entregou ao Pai por nós até a morte e morte de cruz.

Bispo emérito da diocese de Viana (MA), dom Xavier Gilles, será condecorado com Medalha Chico Mendes


O bispo emérito da diocese de Viana (MA), dom Xavier Gilles de Maupeou d’Ableiges, será um dos homenageados com a Medalha Chico Mendes de Resistência 2015. A 27ª edição da condecoração será realizada dia 31 de março, no auditório da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB – RJ) do Rio de Janeiro.

A Medalha Chico Mendes é uma condecoração criada pela ONG brasileira "Grupo Tortura Nunca Mais" para homenagear pessoas ou grupos que lutam pelos Direitos Humanos e por uma sociedade mais justa.

Trajetória

Dom Xavier, nascido na França em 1935, tem sua atuação destacada na luta pelos Direitos Humanos. Quando diácono, sentiu-se chamado a ser missionário. Foi ordenado sacerdote em 1962.  Veio para o Brasil no mesmo ano de sua ordenação. .

Em 1971, o religioso foi preso pelo regime militar acusado de comunismo. “A fé, o testemunho e a mensagem de Jesus Cristo invertem os valores da sociedade. A sociedade se firma nos valores ter, poder e prazer. E Jesus disse: ‘Seja misericordioso, acolhe o teu irmão, liberta o pobre das cadeias da escravidão’. Havíamos recebido da igreja uma missão. Não havia, portanto, como parar uma missão recebida por nós sacerdotes só por medo”, disse dom Xavier. 

Homilética: Vigília Pascal - Ano B: A “mãe de todas as vigílias”.


Nesta noite santa em que o céu assume a terra e a terra assume o céu, em que o Redentor da Humanidade abandona o vale das trevas e das lágrimas para transpor os umbrais da luz e da alegria, com a bendita e gloriosa Ressurreição, somos convidados a refletir sobre a Reconstituição do Rebanho de Cristo, o Salvador.

A comemoração da Ressurreição do Cristo ocorre, desde a mais remota memória da Tradição Católica, na noite de sábado para domingo, pois na manhã do domingo – primeiro dia da semana – o Senhor já não está no sepulcro. Além disto, não obstante a Páscoa judaica ter outra data – seria a mesma data da última Ceia – a tradição cristã associou a noite da Ressurreição à noite da Páscoa descrita em Êxodo 12,42: “uma noite de vigília em honra do Senhor”. É a noite da libertação. E, mais ainda, esta noite ganha o sentido de uma recapitulação do universo, o começo da criação nova e escatológica, pois o Senhor Ressuscitado é as primícias da nova criação. A Ressurreição de Jesus é o penhor da renovação do universo.

A Igreja, rica em sua tradição, diz que esta noite é em honra do Senhor. Os fiéis trazendo na mão – segundo a exortação do Evangelho de Lucas (12,35ss) – a vela acesa, assemelham-se aos que esperam o retorno do Senhor, para, quando ele chegar, encontrá-los ainda vigilantes e os faça sentar-se à sua mesa.

A liturgia desta Vigília Pascal deve falar por si mesma. Com sensibilidade artística, deve-se representar o Mistério da nova luz que surge das trevas: Cristo que venceu a morte e o pecado. Os fiéis se unem a este Mistério, acendendo uma vela no Círio Pascal, quando de sua entrada triunfal na Igreja: é a participação da vida ressuscitada do Senhor.

Como tão bem se expressou certa ocasião o saudoso e magno arcebispo primaz de Minas Gerais, expoente da Companhia de Jesus, Dom Luciano Pedro Mendes de Almeida: “Na noite do Sábado Santo, as comunidades cristãs celebram a Solene vigília Pascal, a liturgia da ressurreição de Cristo, vencedor do pecado e da morte. É muito expressivo o simbolismo das trevas e da Luz. Após as leituras do Antigo e do Novo Testamento, que narram o desígnio divino da Salvação, a comunidade reunida aguarda na escuridão do recinto sagrado a entrada festiva do Círio da Páscoa. A luz de Cristo, com cantos de aleluia, é aclamada com alegria, sinal de vida e esperança para a humanidade”.

É a Luz que se desponta das trevas, é a salvação que se confirma, é a esperança da eternidade na graça de Deus. Cristo, a vítima perene sobre nossos altares, quebra os grilhões do pecado e introduz à Jerusalém Celeste aqueles que O aguardaram pelos séculos que O antecederam. É, pois, o momento do canto do “Glória a Deus nas alturas”. O hino de louvor que os anjos cantaram no presépio de Belém pelo nascimento do Salvador, canta, agora, a humanidade toda pela sua gloriosa ressurreição, pelo renascimento de todos na vida da graça.

E reza a Igreja na oração que se segue, pedindo a Deus que se digne iluminar “esta noite santa com a glória da ressurreição do Senhor”, despertando na Santa Igreja “o espírito filial, para que, inteiramente renovados, O sirvamos de todo o coração”. É uma alusão ao nosso batismo, que tradicionalmente ocorre nesta noite e em função da qual é concebida também a leitura de São Paulo aos Romanos (Rm 6,3-11), comparando o batismo como uma descida ao sepulcro, para daí corressuscitar com Cristo: o homem velho é crucificado; revestimo-nos do homem novo; pecado e morte já não reinam sobre a humanidade, sobre cada um de nós.

Esse belo texto do Apóstolo compara-nos a Jesus e diz que, pelo batismo, nós mergulhamos com Ele na morte e somos sepultados. Pela força do batismo, como que pela força divina, com Ele ressuscitamos. São Paulo usou uma expressão que nós entendemos muito bem, porque faz parte de nosso dia a dia: “Solidários na morte, solidários na ressurreição”. Todos, e cada um de nós em particular, fomos beneficiados com a ressurreição de Jesus nessa madrugada da Páscoa, neste momento da passagem do cativeiro do pecado para vida em união com Deus. Da escuridão nascerá a luz de Cristo. Jamais nossos caminhos serão marcados pela escuridão. Nele e por causa dele a luz brilhará eternamente em nossos corações, a fim de que possamos também iluminar a vida daqueles que nos cercam. Por isso, nossa alegria não nasce apenas da vitória de Jesus sobre a morte, mas da certeza de que não morreremos para sempre, tendo, a partir desta noite bendita, a garantia da VIDA ETERNA.

A Vigília Pascal se divide em quatro momentos: 1) Liturgia da luz: o fogo é abençoado e torna-se novo para nós. Acende-se o círio pascal, o mesmo fogo que guiou o povo do Antigo Testamento na caminhada rumo à Terra Prometida; 2) Liturgia da Palavra: todas as leituras e salmos recordam a ação de Deus no meio do seu povo. Pela proclamação da Palavra, a morte foi vencida, tudo se fez novo, agora só há luz e vida; 3) Liturgia batismal: os novos cristãos são acolhidos pela comunidade. Todos os santos são invocados para interceder por aqueles que serão batizados e estes professarão sua fé; há uma renovação das promessas batismais daqueles que já receberam o sacramento e, sendo assim, todos são batizados pela ressurreição de Jesus; 4) Liturgia eucarística: o Cristo proclamado na Palavra como Ressuscitado é o mesmo da eucaristia. A Palavra e a eucaristia são alimentos essenciais para a vida dos batizados.

sexta-feira, 27 de março de 2015

Quinta pregação da Quaresma 2015: Oriente e Ocidente perante o Mistério da Salvação


ORIENTE E OCIDENTE PERANTE 
O MISTÉRIO DA SALVAÇÃO


Com esta meditação, encerramos o nosso percurso pela fé comum do Oriente e do Ocidente, e o encerramos com o que nos diz respeito mais diretamente: o problema da salvação, ou seja, como ortodoxos e mundo latino compreenderam o conteúdo da salvação cristã.

É, provavelmente, o campo em que é mais necessário para nós, latinos, voltar o olhar para o Oriente, a fim de enriquecer e, em parte, corrigir o nosso modo difuso de conceber a redenção operada por Cristo. Temos o privilégio de fazê-lo nesta capela, onde a obra de Cristo e do mistério da salvação foi representada pela arte do padre Rupnik, de acordo com a concepção da Igreja do Oriente e da iconografia bizantina.

Vamos começar com uma autorizada apresentação do modo diferente de entender a salvação entre Oriente e Ocidente, exposta no Dictionnaire de Spiritualité e que sintetiza a opinião dominante nos círculos teológicos:

"O propósito da vida para os cristãos gregos é a divinização; o dos cristãos do Ocidente é a conquista da santidade [...]. O Verbo se fez carne, de acordo com os gregos, para restituir ao homem a semelhança divina perdida em Adão e para divinizá-lo. De acordo com os latinos, Ele se fez homem para redimir a humanidade [...] e para pagar a dívida devida à justiça de Deus"[1].

Procuraremos ver em que se baseia essa diferença de visão e o que há de verdadeiro na maneira de apresentá-la. 

Sobre os ritos da Semana Santa


A Semana Santa é a memória dos mais importantes Mistérios de nossa fé e o Tríduo Pascal é o coração do ano litúrgico. Portanto, sabemos dos antiquíssimos e detalhados ritos que nos acompanham nesses dias, tentando ao máximo exprimir ao nosso espírito os sentimentos pelos textos, pelos cantos, pelos gestos. Luz, escuridão, fogo, água, óleo, silêncio e sinos nos acompanham durante estes 7 intensos dias.

Devido à multiplicidade de detalhes e a uma certa contradição nos textos dos livros litúrgicos, um maior estudo, o auxílio do rito antigo no que é possível e a prática das rubricas também no Vaticano nos ajudam a ter os detalhes melhor esclarecidos. Portanto, o Direto da Sacristia apresenta a seguir um guia feito com base nessas referências, desejando que ele ajude a todos nas comunidades que celebram com fervor espiritual, decoro e solenidade estes dias do triunfo, morte, paixão e ressurreição de Nosso Senhor.

Às vezes, o incenso é confundido apenas com dias festivos, excluindo-o do Advento, da Quarta-feira de Cinzas, da Quaresma inteira e da Semana Santa. Além de o incenso ser permitido, na forma nova, em qualquer Missa, também os dias da Semana Santa são solenes e neles o incenso pode ser usado, exceto na Celebração da Paixão do Senhor.

De acordo com a tradição litúrgica, o canto das orações e dos demais textos não deve ser acompanhado por instrumentos musicais, mas sim a resposta do povo pode ser somada a eles.

Àqueles obrigados à recitação do Ofício Divino, em virtude do seu estado religioso ou clerical, a Igreja dispensa a recitação daquelas Horas canônicas que coincidem com as celebrações litúrgicas. Assim sendo, quem participa da Missa da Ceia do Senhor é dispensado da obrigatoriedade de recitar as II Vésperas da Quinta-feira Santa e quem participa da Celebração da Paixão do Senhor é dispensado de rezar as Vésperas da Sexta-feira Santa. Nos outros dias, as Horas devem ser recitadas normalmente.

Uma regra de ouro: Diáconos e leigos não podem fazer os ritos da Semana Santa apenas excluindo deles a consagração. Onde não há Presbítero para celebrar a Semana Santa, outros não podem abençoar os ramos, fazer o rito do lava-pés, transladar o Santíssimo Sacramento, fazer a prostração e a adoração da cruz na Sexta-feira Santa e abençoar o fogo, preparar o Círio no Sábado Santo, entre outros ritos. Somente com um Presbítero ou um Bispo os ritos podem ser feitos integralmente.