sábado, 2 de abril de 2016

Homilética: 2º Domingo da Páscoa - Ano C: "Testemunhas da Ressurreição".



Nestes dias de Páscoa a Liturgia nos fez assistir ao nascimento da fé pascal. Mediante a narração das aparições do Ressuscitado, vimos renascer nos discípulos de Jesus, desanimados e dispersos, a fé e o amor para com Ele: a ressurreição gerou a fé.

Hoje, Jesus aparece no meio da comunidade reunida. Nós também, reunidos com os nossos irmãos na fé, fazemos a experiência do Ressuscitado. Cristo ressuscitado é a razão de ser de nossa existência. Celebrar essa história é motivo de grande alegria para os cristãos. A nossa experiência, sem ser do mesmo modo, não deixa de ser maravilhosa, já que nós contemplamos o corpo eucarístico do Senhor, comungamos o seu Corpo e o seu Sangue. No mistério da Eucaristia está todo o Mistério Pascal do Senhor. Eis aqui um argumento totalmente convincente para que não faltemos a Missa dominical!

O Evangelho ( Jo 20, 19-31) inicia falando do primeiro dia da semana; isto é, o Dia por excelência, pois foi o dia da Ressurreição do Senhor. Jesus veio confortar os amigos mais íntimos: A paz esteja convosco, disse-lhes. Depois mostrou-lhes as mãos e o lado. Nesta ocasião, Tomé não estava com os demais Apóstolos; não pôde, pois, ver o Senhor nem ouvir as suas palavras consoladoras.

Mal o encontraram, disseram-lhe: Vimos o Senhor! Tomé continuava profundamente abalado com a crucifixão e a morte do Mestre; quer ver para crer! Acredito que os Apóstolos devem ter-lhe repetido, de mil maneiras diferentes, a mesma verdade que era agora a sua alegria e a sua certeza: Vimos o Senhor!

As dúvidas de Tomé viriam a servir para confirmar a fé dos que mais tarde haviam de crer n’Ele. Comenta São Gregório Magno: “Porventura pensais que foi um simples acaso que aquele discípulo escolhido estivesse ausente, e que depois, ao voltar, ouvisse relatar a aparição e, ao ouvir, duvidasse, e, duvidando, apalpasse, e, apalpando acreditasse? Não foi por acaso, mas por disposição divina que isso aconteceu. A divina clemência agiu de modo admirável quando este discípulo que duvidava tocou as feridas das carnes do seu Mestre, pois assim curava em nós as chagas da incredulidade… Foi assim, duvidando e tocando, que o discípulo se tornou testemunha da verdadeira ressurreição”.

A resposta de Tomé é um ato de fé, de adoração e de entrega sem limites: Meu Senhor e meu Deus! A fé do Apóstolo brota não tanto da evidência de Jesus, mas de uma dor imensa. O que o levou a adoração e ao retorno ao apostolado não são tanto as provas como o amor. Diz a Tradição que o Apóstolo Tomé morreu mártir pela fé no seu Senhor; consumiu a vida a seu serviço.

Meu Senhor e meu Deus! Estas palavras têm servido de jaculatória a muitos cristãos, e como ato de fé na presença real de Jesus Cristo na Eucaristia, quando se passa diante de um Sacrário ou no momento da Consagração na Missa.

A Ressurreição do Senhor é um apelo para que manifestemos com a nossa vida que Ele vive. As obras do cristão devem ser fruto e manifestação de sua fé em Cristo.

É esta fé que hoje é tão escassa; para muitos que dizem ser crente, a fé não exerce influência alguma nos seus costumes nem na sua vida. Um cristianismo assim, não convence nem converte o mundo. É preciso voltar a acomodar a própria fé ao exemplo da Igreja primitiva; é preciso pedir a Deus uma fé profunda, pois que, no poder da fé, está a certeza da vitória dos cristãos. “Esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé! Quem é que vence o mundo senão Aquele que crê que Jesus é Filho de Deus?” ( 1 Jo 5,4-5).

Oito dias depois da Páscoa, os discípulos estavam em casa quando Jesus veio, estando fechadas as portas, parou no meio deles e disse: “A paz esteja convosco!” Também agora, na nossa assembleia, Jesus vem em nosso meio e nos dá sua paz. Nós, como Tomé, O reconhecemos como nosso Senhor e nosso Deus. Rezemos para que Ele faça de nós uma verdadeira comunidade reunida em Seu nome. 

Comentários dos Textos Bíblicos
 
Textos: Atos 5, 12-16; Ap 1, 9-11a .12-13.17-19; Jn 20, 19-31

Meus caros irmãos e irmãs,

O Evangelho deste domingo relata as aparições de Cristo ressuscitado a seus discípulos.  Na primeira delas está ausente o Apóstolo Tomé, e presente na segunda, oito dias depois. Estas aparições confirmam o sepulcro vazio e revigoram decisivamente a fé dos Apóstolos e da comunidade eclesial, isto é, nossa própria fé na Ressurreição de Jesus. Neste relato, o evangelista João nos faz partilhar a emoção sentida pelos Apóstolos neste encontro com Cristo depois da sua ressurreição.

O texto evangélico descreve que Jesus, depois da Ressurreição, visitou os seus discípulos, entrando pelas portas fechadas do Cenáculo. Jesus mostra os sinais da paixão, chegando a conceder ao incrédulo Tomé que os tocasse. Na realidade, a condescendência divina permite-nos tirar proveito até da incredulidade de Tomé assim como dos discípulos crentes. De fato, tocando as feridas do Senhor, o discípulo hesitante cura não só a sua desconfiança, mas também a nossa.

Ao apóstolo é concedido que toque nas suas feridas para reconhecer, além da identidade humana do Jesus de Nazaré, também a sua verdadeira e mais profunda identidade, por isto diz: “Meu Senhor e meu Deus!” (Jo 20, 28).  A resposta de Tomé é um ato de fé, de adoração e de entrega sem limites. As dúvidas de Tomé viriam a servir para confirmar a fé dos que mais tarde haviam de crer em Jesus. Se a nossa fé for firme, também haverá muitos que se apoiarão nela.  É necessário que essa virtude teologal vá crescendo em nós de dia para dia.  Estas palavras pronunciadas pelo apóstolo Tomé têm servido de jaculatória para muitos cristãos, e como ato de fé na presença real de Cristo na Sagrada Eucaristia.

Podemos ainda sublinhar a saudação feita por Jesus tanto na primeira como na segunda aparição: “A paz esteja convosco!”. Não era apenas a saudação tradicional dos hebreus.  Tinha um sentido da promessa de paz para aqueles que acolhessem a verdade da Ressurreição.  E a promessa de paz se completou com o grande dom do perdão que nesse dia Jesus deixou nas mãos da Igreja, quando soprou sobre os apóstolos e disse a eles: “Recebei o Espírito Santo.  Aqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; aqueles aos quais não perdoardes, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,22-23). É esta a missão da Igreja perenemente assistida pelo Espírito Santo: levar a todos o feliz anúncio, a jubilosa realidade do amor misericordioso de Deus.  O Espírito de Jesus Cristo é poder de perdão e da Divina Misericórdia.  Concede a possibilidade de iniciar de novo, sempre de novo.  A Paz é o dom que Cristo deixou aos seus amigos (cf. Jo 14, 27), como bênção destinada a todos os povos. É a paz que Jesus Cristo adquiriu com o preço do seu Sangue e que comunica a quantos nele confiam.

Neste contexto podemos dizer que a confissão dos pecados é a festa da paz.  E a fórmula atual com que o sacerdote absolve o penitente lembra o mistério da Ressurreição e a vinda do Espírito Santo.  Declara que Deus, “pela morte e ressurreição de seu Filho reconciliou o mundo consigo, e enviou o Espírito Santo para remissão dos pecados”, e pede que “pelo ministério da Igreja”  ele conceda ao penitente “o perdão e a paz”.  É, portanto, uma festa de paz.  Dessa paz que só pode existir, quando pecado for expulso.  E o próprio Jesus vai dizer à mulher pecadora, que lava os seus pés com as próprias lágrimas: “A tua fé te salvou, vai em paz” (Lc 7,50).  Para essa mulher o contato com Jesus significou paz, pois sentiu o restabelecimento da sua dignidade enquanto pessoa.  E ainda no caso daquela mulher que sofria de um fluxo de sangue, havia doze anos, a ela também Jesus disse: “A tua fé te salvou, vai em paz” (Lc 8,48). Para ela o milagre foi a plenitude da regeneração da vida, o começo da paz. Por isso, a fé, entendida como adesão a Jesus, constitui o fundamento da paz.

Há um anexo inseparável entre a paz, dom do alto, e o Espírito Santo; não sem razão são representados com o mesmo símbolo da pomba. O perdão dos pecados passa a ser o grande presente pascal que recebemos. O perdão que traz a paz de Deus é causa de alegria em nós.  A paz indica ainda o estado do homem que vive em harmonia com Deus, com o ambiente em que vive e consigo mesmo, como afirma o Sl 4,9: “Eu tranquilo vou deitar-me e na paz logo adormeço, pois só vós, ó Senhor Deus, dais segurança à minha vida”.

Esta saudação “A paz esteja convosco” soa ainda como um eco das palavras dos anjos no dia do nascimento de Jesus em Belém: “Glória a Deus nas alturas e Paz na terra aos homens por Ele amados” (Lc 2,14), onde Jesus é apresentado como o portador da paz ao mundo por excelência. Com Jesus nasce uma nova humanidade que responde à sede de vida e de harmonia da humanidade de todos os tempos.  Ele é a plenitude da paz, porque oferece a possibilidade de uma felicidade e de paz que ultrapassam as barreiras dos povos e da própria morte. Os anjos e os pastores exprimem a nova proximidade entre o mundo de Deus: “Glória a Deus” e o mundo dos homens: “Paz aos homens” que, por sua vez, alude à possibilidade de uma nova fraternidade entre os seres humanos.

Talvez o conceito que na nossa língua mais se aproxima da expressão hebraica “shalom” é o de felicidade.  Mas também indica o sentido de bem-estar de uma pessoa.  Pode ainda indicar a ideia de se ter completado uma vida longa e feliz, daí a expressão “sheol”, que tem a mesma raiz.  Simeão, já ancião, um homem justo, que esperava a consolação de Israel,  certa vez tomando o menino Jesus nos braços e louvou a Deus, por ter podido ver realizada a sua esperança: “Agora, Senhor, podeis deixar o vosso servo partir em paz, segundo a tua palavra, porque os meus olhos viram a tua salvação, que preparastes diante de todos os povos: luz para iluminar as nações todas e glória de Israel, o vosso povo” (Lc 2,29-30). O louvor de Simeão começa por uma exclamação de felicidade realizada.  Chegado ao fim de seus dias, amadurecido na esperança considera-se saciado e exprime essa felicidade pela palavra paz. Com a chegada do dom de Deus em Jesus, Simeão vê completar-se o sentido da sua vida; pode deixar este mundo como um homem feliz.

A paz é comunicada aos homens desde o momento em que Cristo veio ao mundo.  E paz também é o anúncio de Jesus no momento em que ele está para deixar este mundo e voltar para o Pai.  Assim diz Jesus no seu discurso de despedida: “Deixo-vos a paz, eu vos dou a minha paz” (Jo 14,27).  E após a ressurreição continua oferecendo a sua paz dizendo aos discípulos: “Recebei o Espírito Santo” (cf. Jo 20,22).

Ao longo da sua vida pública por diversas vezes Jesus ressaltou o valor da paz: E disse: “Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus” (Mt 5,9). Aqui Jesus frisa bem o que se deve “fazer”. É o agir. É o trabalhar em prol da paz. São os que realizam a paz. Não tanto no sentido de que se reconciliam com os próprios inimigos, mas no sentido de que ajudam os inimigos a reconciliar-se. Trata-se de pessoas que amam a paz, tanto que não temem comprometer a própria paz pessoal intervindo nos conflitos a fim de promover a paz entre os que estão divididos.

Muitos santos deixaram fortes exemplos de uma demonstração do que podemos fazer em prol da paz. Certa vez São Francisco de Assis pediu em oração: “Senhor, fazei de mim um instrumento de vossa paz”.  E todos nós somos chamados a ser um instrumento da paz do Senhor. Para sermos instrumentos de paz não podemos difundir o mal, nem sermos agentes do acusador, do semeador da cizânia. Não podemos espalhar o mal. Não podemos permitir que o mal prossiga em seu desenvolvimento.

A paz continua sendo fruto do Espírito Santo, isto é, graça e colaboração humana. A paz continua sendo um fenômeno da graça de Deus e do empenho daqueles que a compõem. Ela é fruto da união de cada um de nós, com todas suas notas de singularidade, em união dos corações na comunhão. Em outras palavras, é a concórdia que deve fazer parte do nosso cotidiano.

Na terra podemos descobrir os caminhos que levam à paz (cf. Lc 19,42), podemos “dirigir os nossos passos no caminho da paz” (Lc 1,79). Podemos, num momento de graça, ter como que uma amostra e um primeiro sinal da paz que nos espera no céu.  Lembrando a expressiva bênção de Aarão, peçamos: “Que o Senhor nos abençoe e nos guarde. Que o Senhor faça brilhar sobre nós a sua face e nos dê a sua graça! Que o Senhor volte para nós o seu olhar e nos dê a paz”.  Assim seja.

PISTAS PARA REFLEXÃO



Há oito dias atrás, no primeiro dia após o Sábado dos judeus, ao anoitecer, Jesus ressuscitado entrou onde estavam os discípulos e lhes disse: “A paz esteja convosco!” Há oito dias, no Dia da Ressurreição, o nosso Jesus, vencedor da morte, enviado pelo Pai no Espírito Santo, soprou esse mesmo Espírito sobre seus discípulos, sua Igreja, e disse: “Como o Pai me enviou, também eu vos envio. Recebei o Espírito Santo!” Há oito dias atrás, Tomé, teimoso e incrédulo, afirmou peremptoriamente: “Se eu não vir as marcas dos pregos e não puser a mão no seu lado, não acreditarei!” Todas essas coisas que ouvimos no Evangelho deste hoje, ocorreram no Domingo de Páscoa, no Dia da Ressurreição, há precisamente uma semana.

Hoje é a Oitava da Festa pascal, o Domingo seguinte. E como no Domingo passado, também hoje, neste Domingo, o Senhor vem ao encontro dos seus discípulos e coloca-se no meio deles. Será sempre assim: a cada oito dias os cristãos reunidos experimentarão na Palavra proclamada e no Sacrifício eucarístico celebrado, a presença real, viva e atuante Daquele que ressuscitou e caminha conosco, ou melhor, caminha à nossa frente. E como Tomé, nós, a cada Domingo, admirados, exclamamos: “Meu Senhor e meu Deus!” E queremos, emocionados, ouvi-lo novamente dizer a nossa respeito: “Acreditaste porque me viste, Tomé. Bem-aventurados os que creram sem terem visto!” Bem-aventurados nós, caríssimos meus em Cristo aqui presentes! Bem-aventurados nós que firmemente cremos no Senhor e participamos do seu Sacrifício eucarístico, ainda que não tenhamos visto o Senhor com os olhos da carne!

Eis precisamente aqui a mensagem deste Domingo da Oitava: fazer-nos conscientes do nosso encontro, da nossa comunhão real, íntima, transformante, com o Senhor ressuscitado. Este encontro que ocorre de modo mais intenso a cada Domingo na Eucaristia – e, por isso mesmo, faltar à Missa dominical é excluir-se da Comunidade dos discípulos, é “ex-comungar-se”, é colocar-se fora da Comunhão com o Ressuscitado e aqueles aos quais ele chama de “meus irmãos”… Este encontro que ocorre de modo mais intenso a cada Domingo nesta Eucaristia, não começou aqui; iniciou-se no nosso Batismo, quando recebemos, no símbolo da água, o Espírito Santo do Ressuscitado, passando a viver nele que, no seu Espírito, veio realmente viver em nós! Três misteriosas palavras da Missa de hoje exprimem este mistério. Ei-los: (1) A palavra da segunda leitura: o Autor sagrado afirma que quem crê em Jesus nasceu de Deus e vive uma vida de amor aos irmãos. Quem crê em Jesus, diz ele, vence o mundo, vence o pecado, vence a tragédia de uma vida sem sentido, distraída apenas com eventos, futilidades e copas do mundo. Eis as suas palavras: “Quem é o vencedor do mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus?” E, então, acrescenta de modo belo, forte, surpreendente e misterioso: “Este é o que veio pela água e pelo sangue: Jesus Cristo. Não veio somente com a água, mas com a água e o sangue. E o Espírito é que dá testemunho, porque o Espírito é a Verdade”. Caríssimos, que palavras impressionantes! Se nossos irmãos protestantes as compreendessem pediam imediatamente a comunhão com a Igreja de Cristo! Aqui o Autor sagrado está falando do Batismo e da Eucaristia. Vence o mundo quem crê em Jesus; não num Jesus do passado, mas num Jesus que está vivo e na força do Espírito Santo, o Espírito da Verdade, que ele derramou sobre nós, vem ao nosso encontro, habita em nosso íntimo. Como? Pelos sacramentos! É nos sacramentos que recebemos o Espírito Santo, é nos sacramentos que o Senhor entra em comunhão conosco e nós com ele. Ele vem continuamente, vivo e vivificador pela água do Batismo e o Sangue da Eucaristia! Nos santos sacramentos, nós experimentamos Jesus, recebemos a vida de Jesus e podemos testemunhar ao mundo que Jesus está vivo e atuante! Que realidade tão misteriosa; que graça tão grande: Jesus é o que vem sempre à sua Igreja na água e no sangue; e ambos nos dão o Espírito Santo de Jesus! (2) A segunda palavra desta liturgia é da oração inicial. Ali a Igreja nos ensinou a pedir ao Pai que compreendêssemos melhor “o Batismo que nos lavou, o Espírito que nos deu nova vida e o sangue que nos redimiu”. Mais uma vez o Batismo e a Eucaristia que, dando-nos o Espírito de Jesus, nos colocam em comunhão íntima com ele. (3) Finalmente, as palavras da Entrada da Missa de hoje, como aparecem no Missal, tiradas da Primeira Epístola de são Pedro: “Como crianças recém-nascidas, desejai o puro leite espiritual para crescerdes na salvação! (2,2). A Igreja pensa nos que foram batizados na Vigília Pascal, nossos irmãozinhos em Cristo, criancinhas no Senhor. Que recebendo a cada Domingo a Eucaristia, puro alimento espiritual, possam – eles e nós – crescer na salvação.

Ora, caríssimos, se vivemos mergulhados nesse mistério tão grande, que é a real e íntima comunhão com o Senhor ressuscitado, se experimentamos sua força e sua graça nos sacramentos, se nele, Vencedor da morte, somos criaturas nova, então vivamos de modo novo. E não somente de modo individual, mas como Comunidade dos salvos e redimidos por Cristo. Vede, irmãos meus, o exemplo descrito na Primeira leitura, a Igreja católica de Jerusalém, logo após a Ressurreição e o Dom do Espírito: nós éramos “um só coração e uma só alma”, sabíamos repartir amor e bens, colocando a vida em comum, e toda a nossa vida comunitária era uma clara proclamação da novidade, da alegria e da esperança de quem sabia e vivia a Ressurreição do Senhor. Dois mil anos após, não damos mais a impressão de um bando de discípulos sonolentos e cansados? Não parecemos mais uns conformados e desanimados, mornos pelo peso do tempo? Nossa vida, será que não exprime mais comodismo e falta de fé, que aquela feliz exultação de quem tem sempre Jesus diante dos olhos? Sabem o motivo disso, meus caros? Falta de comunhão viva com o Senhor na sua Palavra, na oração e, sobretudo, nos sacramentos! Muitos de nós temos uma fé fria, formal, burocrática, teórica. Não é a idéia, mas o amor que dá sentido e gosto à vida!

Caros meus, aprendamos a nos reaproximar de Jesus! Ele está vivo aqui, na Palavra, na Eucaristia, nos irmãos, na vida. Se aprendermos a vê-lo, mais uma vez, cheios de pasmos, exclamaremos como o duro Tomé:“Meu Senhor e meu Deus!” Que ele no-lo conceda por sua graça. Amém.

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