No calendário do Ano Litúrgico, abril de 2017 conclui o Tempo Quaresmal,
celebra a Semana Santa e dá início ao Tempo Pascal. Um mês que propõe uma
espiritualidade riquíssima, considerando que a celebração da Páscoa é o centro,
o ápice e a fonte de todo o Ano Litúrgico e toda a atividade da Igreja.
Na pedagogia litúrgica do mês de março 2017, fazíamos referência à
Quaresma do Ano A e, na oportunidade, incluímos também o 5º Domingo da
Quaresma, que é celebrado no início de abril deste ano de 2017. Uma celebração,
esta do 5º Domingo da Quaresma – A, que destaca a força e a necessidade da
esperança em nossas vidas. A morte torna-se uma ameaça real quando se começa a
perder a esperança na vida. A visão de Ezequiel, dos ossos ressequidos, retrata
um quadro do desesperado, mas é também profecia esperançosa, uma garantia
divina, pois Deus é capaz de ressuscitar a esperança na vida contaminada pelo
desespero; na vida sepultada em tantas sepulturas feitas de desânimos e
decepções. Esta realidade acontece em Jesus, no ressuscitamento de Lázaro.
Jesus refaz a esperança da vida, mesmo que esta esteja sepultada na escuridão
de alguma sepultura. Em Lázaro, Jesus deposita novamente o Espírito
vivificante, que o faz viver e viver com a veste branca da vida nova.
Concluída a 5ª semana da Quaresma, tem início a Semana Santa. Segue uma
breve reflexão da semana mais santa da Igreja, a começar pelos dias feriais e
Domingo de Ramos.
Domingo de Ramos e
dias feriais da Semana Santa
O início da Semana Santa acontece com
a Procissão de Ramos e com a celebração da Eucaristia, na qual se lê a Paixão
de Nosso Senhor Jesus Cristo. Este é o motivo, pelo qual o Domingo de Ramos é
também conhecido como Domingo da Paixão. Um Domingo com a característica de ser
uma espécie de sala de ingresso para se adentrar na Semana Santa, composta dos
seguintes elementos: o acolhimento de Jesus com ramos e palmas, celebrando-o
como Cristo Rei; depois a realização da Salvação divina no trono da Cruz e no
gesto sacerdotal de ofertar a própria vida para a remissão dos pecados; para a
Salvação da humanidade.
Desta forma, o Domingo de Ramos é
convite para contemplar a Cruz de Jesus Cristo como trono do amor divino, mas
também como local do sofrimento de milhares de pessoas, em toda a terra,
violentados nas mais diferentes formas de cruzes, presentes na sociedade atual.
Na contemplação da Cruz de Jesus, podemos considerar a figura humana de um
abandonado, que é o Filho de Deus, para compreender a grandeza do amor divino
para com a humanidade.
As celebrações feriais da Semana
Santa, aquelas celebrações que acontecem nos dias da semana, de segunda a
quarta-feira, mais especificamente, fazem memória dos últimos dias de Jesus,
com destaque especial para a traição de Judas Iscariotes. Na pessoa de Judas se
concentra uma humanidade negadora da proposta divina, que se apega ao ídolo do
dinheiro, capaz de vender e matar até mesmo o Deus salvador.
Além destas celebrações, inclua-se
também a celebração da Quinta-feira Santa, na parte da manhã, na qual se
celebra a Missa Crismal. Uma celebração solene — belíssima pela riqueza
simbólica que contém — na qual se realiza a bênção dos Santos Óleos — dos
Catecúmenos, dos Enfermos — e, preste-se atenção ao termo, a consagração (não
apenas uma bênção) do Santo Crisma, Óleo que é sacramento do Espírito Santo. A
celebração da Quinta-feira Santa, na parte da manhã, é uma celebração que reúne
festivamente toda Igreja particular (diocese), do bispo com seu presbitério,
seu diaconato, os religiosos e todos os fiéis leigos. Nesta Missa os sacerdotes
renovam suas promessas sacerdotais, uma vez que a Quinta-feira Santa é o
verdadeiro “Dia do Padre”.
TRÍDUO PASCAL
Depois, inicia-se o Tríduo Pascal com
a Missa vespertina denominada “In Coena Domini” (Missa da Ceia do Senhor). Uma
celebração que faz memória da Instituição da Eucaristia, do serviço de Jesus
Cristo, simbolizado no gesto do lava-pés, e na entrega do Mandamento Novo aos
discípulos e discípulas do Evangelho.
Do ponto de vista Teológico, a Última
Ceia é antecipação do que o Senhor realizaria na Cruz. Por isso, gosto de dizer
que em vez de se chamar de “Última Ceia”, bem que poderia ser denominada como
“Primeira Ceia”, uma vez que Jesus realiza, pela primeira vez, de modo
sacramental, isto é, com os símbolos sacramentais do pão e do vinho, a mesma
entrega do seu Corpo e Sangue para nos salvar. Se a Cruz é o altar da entrega
definitiva de Jesus, o altar da Eucaristia é, sacramentalmente falando, o
próprio Jesus entregando-se na Cruz para remissão dos pecados. Assim,
entende-se que a celebração da Quinta-feira Santa é a oferta da vida de Jesus
no altar da Eucaristia.
A celebração da Quinta-feira Santa
não se conclui com a bênção final, como nas demais celebrações Eucarísticas.
Passa, assim, uma mensagem de algo inacabado, necessitado de continuidade. E,
de fato a continuidade acontece com a celebração da Sexta-feira Santa,
realizada às 15hs00 que, segundo os relatos evangélicos, é a hora da morte de
Jesus. Também este horário é simbólico; é sacramental. No meio da tarde, a vida
social e vida pessoal param e todos se dirigem à igreja da comunidade para
celebrar a Morte e a Paixão de Nosso Senhor.
A celebração da Sexta-feira Santa
caracteriza-se como uma celebração totalmente silenciosa. Quase nenhuma canção
e total ausência de instrumentos musicais. Quando cantar, não se cantar a
plenos pulmões, mas se canta de modo aquietado, não para sofrer, mas para
respeitar o momento supremo do Filho de Deus que morre para nos salvar. Uma
celebração para silenciar respeitosamente diante do grande Mistério que é a
Morte de Jesus, na Cruz. Também esta é uma celebração que se conclui sem a
bênção final. Também este final é indicativo de inacabada, porque deverá
continuar no dia seguinte, na noite da grande e solene Vigília Pascal.
Vigília Pascal
O Tríduo Pascal é concluído com a
Vigília Pascal, a mais importante, a mais solene, a mais rica de todas as
Vigílias da Igreja. Riqueza de conteúdo espiritual e riqueza de ritos
litúrgicos. É a celebração de chegada, digamos assim, da Igreja, que celebra
sua Páscoa em três momentos — na Quinta-feira Santa, na Sexta-feira Santa e no
Sábado Santo —. Três celebrações distintas, mas que formam uma única
celebração, celebrando um único e grande Mistério: a Páscoa de Jesus Cristo.
Em continuidade à celebração de
Sexta-feira Santa, que se conclui no mais profundo silêncio, a Vigília Pascal
inicia-se silenciosamente, ao redor do Fogo Novo, fora da igreja. É símbolo de
uma comunidade que se reúne à luz da Páscoa de Jesus Cristo que, na escuridão
da noite, para iluminar o mundo com uma nova luz. É a Igreja que caminha guiada
pela nova luz — a Luz de Cristo — como assembleia para o interior da igreja,
onde ouvirá solenemente o grande “Exultet”, a grande proclamação da Páscoa. Na
Vigília Pascal, temos uma Igreja que se coloca em escuta da História da
Salvação, numa longa e bem organizada Liturgia da Palavra, até explodir de
alegria, cantando o solene e tradicional “Allelluia Paschalis”, acompanhado por
todos os instrumentos e pelo repicar de sinos e sinetas. Depois, a renovação
das promessas batismais e a Eucaristia, onde nos alimentamos com a Vida Nova da
Páscoa de Jesus Cristo.
INÍCIO DO TEMPO
PASCAL
Oitava da Páscoa
Abril contempla também a celebração
do Domingo da Páscoa, com uma Missa festiva e solene, na qual se anuncia a
grande e alegre notícia da Ressurreição do Senhor. Inicia-se assim uma
celebração com a duração de oito dias, denominada como “Oitava de Páscoa”, no
calendário do Ano Litúrgico.
Tempo Pascal
Nos dois últimos Domingos de Abril
2017, inicia-se o Tempo Pascal. Na celebração do 2º Domingo da Páscoa, a
Liturgia apresenta a Igreja como incluída na bem-aventurança de crer sem ver,
no conhecido “Domingo de Tomé”. No Domingo seguinte, 3º Domingo da Páscoa, a
Igreja é apresentada como caminhante, caminhando ao lado do ressuscitado,
representada nos Discípulos de Emaús. Dois Domingos para renovar a fé e para se
comprometer com o testemunho da Ressurreição de Jesus. Aleluia!
CONCLUINDO
Tudo tão solene e tão rico que não
pode ser feito de qualquer jeito. Ao contrário, existe como que uma obrigação
de fazer do melhor modo possível, modo mais belo, mais digno e mais
celebrativo, pois celebramos nestes dias a vitória da vida sobre a morte, a
vitória da bondade divina sobre o pecado, a nossa redenção e a glorificação de
Jesus Cristo, nosso Salvador, aquele foi constituído por Deus como o Senhor.
Serginho Valle
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Serviço de Animação Litúrgica
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