O governo da Eritreia interditou na última
semana três hospitais, dois centros de saúde e 16 clínicas administradas pela
Igreja Católica no país, deixando assim cerca de 170 mil pessoas sem
atendimento.
A informação foi confirmada à Fundação Pontifícia
Ajuda à Igreja que Sofre (ACN) por uma fonte local, segundo a qual, as pessoas
correm risco de morte caso os serviços não sejam retomados rapidamente. Além
disso, relatou que muitos pacientes expulsos tiveram de percorrer até 25
quilômetros para acessar outra clínica.
Diante dessa ação do governo da Eritreia, os
quatro bispos do país enviaram uma carta ao ministro da Saúde, Amna Nurhusein,
condenando este programa de confisco, que fechou todas as instalações do
serviço de saúde da Igreja Católica, algumas delas com mais de 70 anos de
atividade. Para os Prelados, este tal medida é “profundamente injusta”.
“Privar a Igreja de cuidar dessas instituições
é minar sua própria existência e expor seus trabalhadores à perseguição
religiosa. Declaramos que não entregaremos nossas instituições e equipamentos
de livre e espontânea vontade”, afirmam os bispos na carta.
Assim, confirmam o que outra fonte local
informou à ACN, ao assinalar que “a equipe de algumas das clínicas se recusou a
entregar as chaves para que os soldados invadissem as mesmas”.
“Nossa mensagem ao governo é simples:
deixe-nos em paz. É dever da Igreja cuidar dos doentes, dos pobres e
moribundos. Ninguém, nem mesmo o governo, pode dizer à Igreja para não fazer o
seu trabalho. Nossas instalações médicas estavam seguindo fielmente as
diretrizes do ministério da saúde e, na maioria das vezes, os supervisores do
ministério apreciavam muito o trabalho realizado”, declarou.
De acordo com esta fonte católica, o governo
queria ser o único provedor de assistência médica na Eritreia, porém a maioria
das pessoas preferia institutos administrados pela Igreja, pois os serviços
estatais geralmente têm equipamentos precários e falta de pessoal, e muitos
procuram asilo no exterior.
“Ao fornecer esses serviços, a Igreja não está
competindo com o governo, mas está simplesmente complementando e auxiliando o
que o governo faz”, indicou.
Segundo a Fundação ACN, ainda “não está claro
se o regime pretende reabrir os institutos mais tarde”.
A fonte católica local assinalou que centros
de saúde católicos confiscados pelo governo há dois anos continuam fechados até
hoje. Nesse sentido, fez um apelo à comunidade internacional, incluindo o
governo do Reino Unido, para pedir ao governo do presidente Isaías Afewerki que
procure o caminho da reconciliação.
_____________________________________
ACI Digital
Nenhum comentário:
Postar um comentário