Quaresma é tempo de penitência, renovação
restauração. Proponho algumas penitências próprias para quem vive e sobrevive
na cultura moderna. São penitências libertadoras, saudáveis, humanizadoras,
necessárias.
Libertação da dependência dos aparelhos eletrônicos.
A tecnologia
virou ídolo. Somos reféns e escravos do celular, da internet, da televisão,
etc. Estes meios de comunicação virtuais são magníficos e realizaram uma
revolução sem igual. Todavia o mau uso destes meios nos escravizam.
Cortesia no
trânsito
A cortesia é
sinônimo de respeito, atenção, reverência para com os outros. Penitência no
trânsito significa desfazer-se de veículos desnecessários, usar os meios
públicos de transporte, observar as leis e caminhar mais. Todavia a cortesia é
uma possibilidade de humanizar, suavizar e solucionar problemas crônicos nas
cidades e estradas.
Saber
silenciar
O barulho, a
agitação, a dissipação nos obrigam a viver uma vida fragmentada, agressiva,
doentia. Até o sono, a afetividade, a sexualidade são significativamente
prejudicadas. Saber parar, saber meditar é um remédio, uma solução prática, uma
atitude sábia em favor da saúde, da paz, da boa convivência e da alegria de
viver. A quaresma equivale a um retiro espiritual.
Equilibrar
trabalho e família
Trabalho é
bom. Trabalhar demais vira doença. É o que se chama de “síndrome da fadiga”, ou
seja, esgotamento, apatia, desânimo, frustração. Sei que esta penitência é
muito exigente. Mas, o excesso de trabalho não pode prejudicar a família. O
lazer é um dever. Demos primazia à família e não ao lucro e ao consumismo que
se transformam em doença e desequilíbrio pessoal e familiar.
Mudar o
hábito alimentar e fazer exercícios
Convivemos
com a fome, a obesidade e o desperdício. Sem mudar hábitos alimentares e sem
exercícios físicos, seremos candidatos ao hospital. A tentação do consumismo e
da gula, por outro lado, trouxe a “ditadura da magreza” que é outro problema
grave. Quão sábio é Jesus quando nos ensina a jejuar.
Cuidar da
mãe terra e da irmã água
O homem
inteligente passou a ser demente pela destruição do Meio Ambiente. A vida virou
cálculo, lucro, dinheiro. Resultado disso tudo é que somos uma geração
emocionalmente desequilibrada e culturalmente depredadora. Como escreve um
grande teólogo: “o homem virou satã de si mesmo e da vida.” Temos mil maneiras
de salvar a mãe terra e a irmã água e todas as criaturas. Façamos da terra
nossa casa comum e o jardim desejado pelo Criador.
A conversão pastoral
Eis uma
penitência urgente e necessária. Não podemos permanecer na mesmice e na
acomodação pastoral. O Papa
Francisco nos
convida à conversão pastoral através da Igreja
em saída. São muitas as saídas.
Primeira: sair de si
e ir ao povo, às periferias.
Segunda: sair de casa
e visitar as famílias.
Terceira: sair da
sacristia e abraçar a realidade sofrida do povo.
Quarta: sair da
diocese, da paróquia para outras regiões como, por exemplo, a Amazônia.
Quinta: sair para
outros continentes, é a missão além fronteiras.
Sexta: sair da
cultura pessoal para a inculturação em outras realidades.
Sétima: sair da zona
de conforto, para a doação de si, o martírio e a própria morte.
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ACI Digital
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