A Comissão Brasileira Justiça e Paz (CBJP),
organismo subsidiário da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB),
emitiu uma nota na qual manifesta sua “imensa apreensão ante a atitude do
Presidente da Câmara dos Deputados”, pela autorização de abertura do processo
de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT). A posição expressa pelo
órgão, ao contrário do que foi divulgado pela mídia, não representa um
posicionamento da Conferência Episcopal do país.
“Não há
previsão de que a CNBB vá se pronunciar” sobre o processo de impeachment da
presidente, conforme explicou a assessoria de imprensa da entidade.
A CBJP, mesmo sendo um organismo vinculado à CNBB,
possui sua autonomia de decisão e funcionamento e é composta, em sua maioria
por leigos. Ela se difere da Comissão Episcopal Pastoral para o Serviço da
Caridade, da Justiça e da Paz, a qual é uma comissão da Conferência Episcopal,
presidida e formada por Bispos.
Na nota divulgada na quinta-feira, 3, a CBJP é
assinada pelo secretário executivo da entidade, Carlos Alves Moura. O texto
afirma que a abertura do processo de impeachment é uma ação que “carece de subsídios que regulem a matéria,
conduzindo a sociedade ao entendimento de que há no contexto motivação de ordem
estritamente embasada no exercício da política voltada para interesses
contrários ao bem comum”.
A nota ressalta que na atual situação vivida pelo
país, com dificuldades econômicas, políticas e éticas, cada poder da República
deve cumprir “preceitos republicanos”.
Segundo esta comissão “a ordem constitucional democrática brasileira construiu solidez
suficiente para não se deixar abalar por aventuras políticas que dividem ainda
mais o País”.
Para a CBPJ, a decisão do presidente da Câmara, Eduardo
Cunha (PMDB-RJ) indica que ele se apropriou “da
prerrogativa legal de modo inadequado”.
“Indaga-se:
que autoridade moral fundamenta uma decisão capaz de agravar a situação
nacional com consequências imprevisíveis para a vida do povo? Além do mais, o
impedimento de um Presidente da República ameaça ditames democráticos,
conquistados a duras penas”, afirma o comunicado.
A nota é concluída expressando o desejo de que o
futuro do país não seja prejudicado e diz que “é preciso caminhar no sentido da união nacional, sem quaisquer
partidarismos, a fim de que possamos construir um desenvolvimento justo e
sustentável”.
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ACI Digital
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