Iniciamos mais um Ano Litúrgico, preparando-nos
para o nascimento de Jesus Cristo no tempo do Natal. Nascimento que só tem
sentido quando as pessoas conseguem abrir seus corações e deixarem acontecer o
encontro íntimo com Aquele que vem como enviado do Pai. Assim se cumpre a
realização da promessa de libertação projetada nos anúncios do Antigo
Testamento.
Jesus foi prometido e proclamado como rei justo no
meio de um mundo marcado pelas práticas de injustiça e de degradação da
identidade da pessoa humana. O que vemos, na prática, e em todos os tempos, é o
sofrimento condicionado pelos desvios do projeto querido pelo Criador. A
injustiça, generalizada como está, diminui as condições necessárias para uma
vida feliz e humana.
A vontade de Deus é a realização do direito e da
justiça, isto é, de uma vida conforme as prescrições dos mandamentos e das
indicações das bem-aventuranças do Evangelho. Não fomos criados para a
destruição, indiscriminada, dos bens da natureza. “Dominai a terra” (Gn 9,7)
significa construir, possibilitando o necessário para as pessoas terem uma vida
saudável e digna.
A consistência do mundo depende do cuidado e de
como ele é usado. Certas práticas causam medo e angústia nas pessoas, porque
fragilizam a qualidade de vida e minam a alegria e as expectativas de um futuro
promissor. A preparação para o Natal estimula uma concreta esperança, capaz de
elevar o espírito abatido.
Estamos sensibilizados diante das ameaças causadas
pelos últimos acontecimentos, tanto em Mariana, como nos atentados suicidas lá
na França. Caminhamos por caminhos que levam ao caos, quase como o dilúvio
citado pela Sagrada Escritura. Dá a impressão de que caminhamos para a
destruição total. Isso pode acontecer se providências corajosas não forem
tomadas.
A fonte do verdadeiro amor é Deus. Podemos até
imaginar ou construir outros caminhos de amor, mas nunca estaremos totalmente
realizados se nosso olhar não for voltado para essa fonte cristalina em Deus,
através de Jesus Cristo, que causa compromisso de justiça de uns para com os
outros no relacionamento.
Dom Paulo
Mendes Peixoto
Arcebispo de
Uberaba (MG)
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