Cartão-postal da cidade de São Paulo, a Catedral da
Sé, na região central, amanheceu tomada por pichações favoráveis ao aborto,
após ato realizado contra o Projeto de Lei 5.069/2013.
Após manifestação, realizada nesta sexta-feira
(30), no centro da capital de São Paulo, contra projeto de lei
que, entre outras medidas, dificulta o chamado “aborto legal” e restringe
a venda de medicamentos abortivos no país, a Catedral Metropolitana Nossa
Senhora da Assunção e São Paulo amanheceu neste sábado (31), com portas e
paredes pichadas. Em nota, os padres que administram a Catedral lamentam e
repudiam os atos de vandalismo contra a igreja, que é um “monumento
arquitetônico-artístico de referência para a cidade de São Paulo”.
Frases como “se o papa fosse mulher, o aborto seria
legal” e “tire seus rosários dos meus ovários” estavam entre as pichações. No
início da noite de anteontem, a manifestação contra o projeto começou na
Avenida Paulista e terminou por volta das 21h30 na Praça da Sé. A Polícia
Militar informou que 3.000 pessoas participaram do ato, enquanto a organização
do evento estimou 15.000.
Segundo nota divulgada pela Arquidiocese de São
Paulo, as pichações foram feitas após o término do ato. Portas e paredes foram
pichadas. “Diariamente entram na Catedral centenas de pessoas de culturas e
credos variados que são acolhidas fraternalmente. Por isso, lamentamos e
repudiamos a pichação ocorrida na noite de 30 de outubro último”, informou a
Igreja, em nota assinada pelo padre Luiz Eduardo Baronto, cura da Catedral
Metropolitana, e pelo padre Helmo César Faccioli, auxiliar do cura. A nota
destaca ainda o valor arquitetônico e artístico da Catedral da Sé e denominou a
ação dos manifestantes como uma “provocação destrutiva”. “A liberdade de
expressão, reivindicada historicamente pela Igreja Católica em nosso país, não
justifica ato de vandalismo.”
Uma das organizadoras do protesto, a programadora
cultural Jaqueline Vasconcellos, disse que o ato “não representa o pensamento
da manifestação”. “Mas entendemos e nos solidarizamos com as mulheres que se
manifestaram contra a instituição. Entendemos que a Igreja Católica é um
instrumento do patriarcado”, afirmou. Jaqueline disse ainda não ser “contra
nenhuma religião”.
Um boletim de ocorrência foi registrado no 8.º
Distrito Policial (Brás) no fim da tarde de ontem. Até as 20h50, ainda não
havia informações sobre a identificação de autores das pichações nem prisões. A
limpeza das paredes e portas da Catedral da Sé está prevista para ser realizada
hoje.
Veja a íntegra da nota:
Padres
repudiam vandalismo contra Catedral
Ato
de Indignação
A Catedral Metropolitana de São Paulo constitui
monumento arquitetônico-artístico de referência para a cidade de São Paulo.
Está localizada diante do marco zero da cidade. É edifício religioso que
simboliza a fé cristã professada pela Igreja Católica Apostólica Romana. É
também casa para todos. Diariamente entram na catedral centenas de pessoas de
culturas e credos variados que são acolhidas fraternalmente. Por isso,
lamentamos e repudiamos a pichação ocorrida na noite de 30 de outubro
último, ao término de manifestação em repúdio ao PL 5069/2013.
A liberdade de expressão, reivindicada
historicamente pela Igreja católica em nosso país, não justifica ato de
vandalismo. A liberdade não é sinônimo de provocação destrutiva de nenhum
patrimônio arquitetônico-artístico de qualquer instituição.
Desejamos que atos como esse não venham a se
repetir para que sejam preservados não só o direito de expressão mas também o
respeito ao patrimônio da população.
Padre Luiz Eduardo Baronto
Cura
da Catedral Metropolitana
Padre Helmo César Faccioli
Auxiliar
do Cura
Jovens
de diferentes paróquias e movimentos
se apresentaram voluntariamente
para
limpar as pichações feitas nas paredes externas do templo.
No final da celebração da Solenidade de Todos os Santos,
neste domingo (1/11), Dom Odilo comentou os atos de vandalismo praticados
contra a Catedral da Sé. O Cardeal afirmou que a
Igreja é contra tudo que agride a dignidade da mulher, mas ressaltou que quem
luta pelo respeito à mulher deve lutar também pela dignidade da vida não
nascida.
O arcebispo lamentou as pichações e ressaltou que a
Igreja seguirá proclamando com firmeza e serenidade a Palavra de Deus. Fazendo
menção à leitura proclamada durante a missa, o Cardeal encorajou os fiéis a
seguirem firmes na fé mesmo diante das tribulações, depois, Dom Odilo foi
conversar com os jovens que se ofereceram voluntariamente para limpar as
pichações nas paredes da catedral. O arcebispo agradeceu a disponibilidade
deles.
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Arquidiocese de São Paulo
Com informações: Estadão
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